Sei que algumas das canções que tocam incessantemente em meu" jukebox" mental, foram registradas em álbuns de músicos que as compuseram naquela fase clássica da vida em que o amor carcome a sua sanidade enquanto estilhaça seus sonhos.
Sim, é incontestável que pés na bunda e ressacas amorosas calejam o espírito e causam feridas que um dia cicatrizam. Ou não!
Porém, discos como - Blood on the Tracks, Sea Change e 21- (pra mim o melhor álbum) permanecem como catarses musicais e testemunhos irretocáveis de que há mais gente feito a gente, que amou, sofreu e comeu o pão chocho que o diabo amassou: seco, esturricado, repleto de carboidratos e sem direito a manteiga.........engolindo quadrado!
Aliás, ao falar sobre o processo de composição do CD 21, seu segundo álbum, a iluminada Adele afirmou com peculiar humor: “Sou o oposto daqueles comediantes que são divertidos no palco e depressivos sob portas fechadas. Numa gravação posso até parecer triste, mas na vida real estou bem satisfeita. Só que, quando eu estou feliz, eu não escrevo músicas. Fico lá fora, rindo, vivendo um amor. Eu não teria tempo pra compor. Se eu estivesse casada, chegaria uma hora em que diria: - Querido, eu preciso me divorciar, já se passaram três anos, eu tenho um disco pra compor!’”.Pois bem, esse CD 21 é exatamente o relato da via-crúcis de expiação de mais um grande amor que se foi e o resultado são canções que deleitaram meus ouvidos o fim de semana todo. Mas a música que devastou minhas defesas é - Someone Like you - consumi esta música uma dezena de vezes com uma caixa de lenços ao lado. A música é dirigida ao seu ex, pois ela ouviu dizer que ele encontrou uma mulher e agora é um homem casado. Na letra ela o chama de " velho amigo" , ela luta contra seus próprios sentimentos [.....imaginava que você veria meu rosto e se lembrasse de que para mim, não está acabado....] e enquanto canta sua voz expressa essa luta. Há momentos em que Adele parece se debater contra lágrimas que desejam sair. Mas sua voz doce, dolorida e quase embargada, não esmorece.
No refrão ela arremata: [........Não se preocupe/ Eu vou encontrar alguém como você/ Não desejo nada além do melhor para você também/ Não se esqueça de mim, eu imploro......]
Curiosamente é sempre nesse momento que eu, que já ouvi essa música dezenas de vezes e outras tantas no vídeo, sou vitimada por lágrimas que insistem em rolar de meus olhos toda vez que ouço ou revejo essa interpretação dela.
Definitivamente não há nada como a sensação da gente ouvir uma música, escrita por alguém que não conhecemos e que provavelmente nunca iremos conhecer, mas que de alguma maneira foi capaz de descrever exatamente como você se sentiu em um particular momento de sua vida.
No inicio desta semana fiquei sabendo por minha filha que Adele está amando novamente e feliz, parece que finalmente encontrou a tampinha de sua panela. Confesso que fiquei preocupada, afinal, depois de sua declaração de que só consegue compor infeliz, acho que vai dar uma sumidinha. Ok, talvez eu esteja pensando como uma fã imperdoavelmente egoísta. Mas ainda bem que a fila andou pra ela, e é exatamente assim que deve ser