Entre inúmeras síndromes já descritas, há tempos descreveu-se e, a partir daí, insistiu-se em mais uma síndrome: Síndrome de Alienação Parental (SAP). Alguns mais empolgados definem como Síndrome de Órfãos de Pais Vivos. O nome parece assustador e, de fato é, por isso, cabe a nós profissionais esclarecermos o assunto com seriedade para não desencadear um alarmante sentimento de doença na família e darmos condições ao leitor de entender, de fato, o assunto. .
Antes de mais nada, vamos entender o que essa sigla (síndrome) quer dizer: Independente de definições, ela visa relatar os problemas ou traumas gerados em todos os envolvidos quando um dos pais manipula o filho contra o outro genitor. Não se sabe bem ao certo porque dá-se ênfase a esta manipulação durante o divórcio. Aliás, comentei sobre isso em minha matéria: A importância do vínculo entre pais e filhos, que atualmente encontra-se publicada em meu livro Distúrbios familiares.
Se, durante o divórcio, realmente essa manipulação pode ser desencadeada ou agravada, deve-se analisar que é bem provável que esta já tenha existido antes do processo de divórcio. Na verdade, essa manipulação é própria de pais ou mães inseguros, traumatizados, que acham-se indignos de amor, que pensam ser preciso atacar ou menosprezar o outro para conquistar qualquer coisa e, confundindo os filhos com essas coisas acabam por manipulá-los contra o outro pai. Isso independe de casamento ou divórcio.
Pode ser desencadeada quando um dos pais é mais popular seja na família, seja no trabalho ou, acima de tudo, na atenção com (e dos) filhos. Ao perceber que o(s) filho(s) demonstra(m) mais carinho ou apego a um dos genitores, o outro, que se sente rejeitado pode iniciar a manipulação (com a intenção de tornar o outro rejeitado,ou seja, inverter a atenção do(s) filho(s) fazendo-os rejeitar o pai que eles antes demonstravam amar). Esta manipulação pode ir desde simples insinuações até grandes atitudes desequilibradas, gerando, em alguns casos, cenas de humilhação e violência e, em todos os casos, grandes traumas nos filhos, principalmente quando são crianças com idade inferior a cinco anos ou adolescentes entre 12 e 16 anos, pois estas são as fases em que os filhos mais precisam dos pais. (estas fases de desenvolvimento são melhores explicadas em meu livro Distúrbios de aprendizagem e de comportamento).
Quem vivencia este problema deve ter em mente que há a necessidade de acompanhamento terapêutico para todos os envolvidos. Geralmente a parte dominante (que pratica a campanha contra o outro) é a mais desequilibrada e a que mais precisa de ajuda terapêutica, porém e infelizmente é sempre a parte que acha que tem razão e nunca procura ajuda. Isso faz com que o problema se agrave. Por isso, a primeira providencia é, ao perceber esta situação, procurar ajuda terapêutica.
A parte que está sendo rejeitada (seja pai ou mãe) deve também ter consciência de que precisa de ajuda terapêutica , ao menos, para enfrentar a fase e saber como agir pois, das atitudes do rejeitado dependerá a rendição do manipulador. Na maioria dos casos, o que ocorre é que o rejeitado parte para o confronto e isso acaba por detonar a relação e, acima de tudo, prejudicar muito os filhos, que são o alvo principal desta disputa.
Portanto, quem está sendo rejeitado deve ter calma e paciência, principalmente ao se dirigir aos filhos, evitar cenas de violência, agressões verbais e muito menos físicas entre o casal (ou ex casal), ou seja, procurar sempre manter um nível maduro e sereno ao conversar, não revidar os ataques e nunca tentar se defender sem ter argumentos e no momento certo.
Ideal é que vá se reaproximando dos filhos, aos poucos, com calma e serenidade. Desta forma, os próprios filhos acabam por perceber a diferença de atitudes entre o manipulador e o rejeitado. Pois, geralmente, o manipulador fala mal do outro, agride com palavras ou gestos, cria situações de confronto, entre outras atitudes. Se o alvo da rejeição se mantiver sereno e negociando com bons argumentos, logo os filhos perceberão isso e a rejeição inicial estará quebrada.
Lembrando que todo este processo deve ser acompanhado por um bom Terapeuta. Se for um processo em família, pode-se fazer a terapia familiar. Se for um processo durante o divorcio, cada um deverá procurar seu Terapeuta mas é essencial que haja este acompanhamento. E, obvio, os filhos necessitam de muito carinho e atenção, além do tratamento em Terapia.
Aliás, em se tratando de divorcio, é preciso entender que o processo em si é traumático para todos os envolvidos e, antes de tudo, deve haver um acompanhamento terapêutico de qualidade para que tudo corra da melhor forma possível, portanto, tão importante quanto ter um bom advogado é ter um ótimo terapeuta antes, durante e após o processo de divórcio.
Saiba mais sobre este e assuntos correlatos no livro "Distúrbios familiares" de autoria de Lou de Olivier - Editora WAK - RJ -RJ - Brasil
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Lou de Olivier - Psicopedagoga, Psicoterapeuta, Especialista em Medicina Comportamental, Precursora da Multiterapia e Criadora do Método Terapia do Equilíbrio Total/Universal. É membro da Comissão de Saúde Brasil-Canadá e associada a ABPp e ABRAP - Diretora do CREM - Centro de Referencia e Estudo em Multiterapia. É também Dramaturga e Escritora (vários gêneros) - Site terapêutico: www.multiplasterapias.com
Site pessoal: www.loudeolivier.com Blog: Noticias/newsletters de Lou de Olivier http://noticiasdalou.wordpress.com/