Jornalistas não devem fazer passeata contra o presidente da CBF; diz jornalista futebolístico

Ao postar em seu blog no UOL texto sob o título “Jornalistas não devem fazer passeata” o repórter e apresentador futebolístico de rádio e tevê, jornalista Leandro Quesada propicia o debate de idéias. Afinal, o fato sobre o qual ele se posicionou que é o movimento contra o longevo mandato de 21 anos na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) do presidente Ricardo Teixeira, vem se tornando nacional. Assim, o posicionamento dele embora democrático, é incoerente sendo causado pelo mito de que a imprensa seja o quarto poder. Haja vista, o jornalista se diz favorável às manifestações reivindicatórias de trabalhadores, porém, excetua as dos jornalistas, aos quais considera ‘acima do bem e do mal’.
O jornalista Leandro Quesada se revelou meio analfabeto político ao considerar jornalistas, não como trabalhadores que vendem força de trabalho feito os demais, reduzindo-os a abstratos ‘cidadãos’ que, segundo ele, não devem se envolver com movimentos reivindicatórios. Elitista, para ele a contribuição (função, ofício) de jornalistas é investigar com responsabilidade (sic) e informar, para posteriormente cobrar às esferas competentes. Egocêntrico, o jornalista citou o próprio exemplo quando, no ano de 2000, prestou informações à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a relação entre a CBF e a multinacional Nike, então existente na Câmara dos Deputados.                       
Indo direto às causas, atribuo esse reacionarismo à hipertrofia sociológica existente nos meios da Comunicação Social, que agrava corporativismo à falta de consciência de classe social dos trabalhadores e trabalhadoras (com as exceções próprias da regra) do setor, notadamente jornalistas e radialistas com diploma universitário. É evidente que ter tal tipo de diploma é importante, mas, isto por si só não garante sequer vocação profissional, imagina competência. Por isso, se constata a realidade da unificação nacional dos patrões em duas poderosas instituições da classe social deles, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e Associação Nacional de revistas e Jornais (ANJ).     
Do outro lado, não se constata essa unificação nacional enquanto classe trabalhadora em termos sindicais entre aqueles e aquelas que vendem força de trabalho nos meios de Comunicação Social. Isto é, entre jornalistas, radialistas, gráficos assim como os empregados e as empregadas, por exemplo, das partes administrativas das empresas de Comunicação Social e Indústrias Gráficas. Está na hora do despertar dessa consciência de classe social por parte dos trabalhadores e trabalhadoras de tais empresas. O que estaria faltando para isso? A prática de dividir (seja em associações, sindicatos e ou federações) jornalistas, radialistas, gráficos e os demais trabalhadores e as trabalhadoras, têm sido infrutífera. Por fim, apoio o Fora Ricardo Teixeira. 

*jornalista – é um dos fundadores da Associação dos Trabalhadores em meios de Comunicação de Macaé (ATRACOM).

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