Ainda segundo presidente do Olodum, a passeata significa o encontro do passado, com o presente e o futuro uma vez que a Rebelião das almas ou Revolta dos Búzios foi um movimento de inconformismo ante a desigualdade no Estado da Bahia, no Brasil e no mundo, que, de acordo com João Jorge ainda persiste. Falando em cores do panafricanismo, ele afirmou que a Escola Olodum fez soar os tambores da igualdade e as canções dos Direitos de quem ele chama de nossa gente, com os propósitos de honrar a luta e a saga da igualdade no Brasil. Para ele a Revolta dos Búzios teve a participação fundamental de escravos e seus descendentes (pretos, pardos, soldados, pequenos comerciantes, artesãos e grande nº de alfaiates).
O presidente da Escola Olodum afirmou que o movimento discutia os caminhos para o Brasil livrar-se da tutela portuguesa, se tornando uma república democrática na qual a cor da pele não fosse razão para discriminação. João Jorge disse que dentre as lideranças os destaques do movimento foram: Os alfaiates João de Deus do Nascimento e o jovem de 18 anos Manuel Faustino dos Santos Lira mais os soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, sendo que todos os quatro eram negros do tipo erroneamente chamados de mulatos - além de mulheres negras como as forras Ana Romana e Domingas Maria do Nascimento, Luíza Francisca de Araújo, Lucrécia Maria Gercent e Vivência.
Concluindo, João Jorge mencionou a participação na passeata do Bloco Afro do Maicel Pelourinho. Então, o presidente da Escola Olodum bradou a trilogia da Revolução Francesa de 1789 "Liberdade, Igualdade, Fraternidade". Isso exige esclarecimentos: O ideal republicano da Revolução Francesa assim como da Revolta dos Búzios foi deturpado por João Jorge. Sobre a Igualdade, ele e os adeptos do racialismo (ideologia e ou crença fundamentalistas da existência de ‘raças' entre os seres da espécie humana) na quase totalidade dos movimentos negros no Brasil e no mundo ‘esquece' o ensinamento do maior herói negro mundial o Mártir Internacional da Consciência Negra, Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977).
Refresco a memória do presidente da Escola Olodum, lembrando-lhe a célebre, lapidar frase do sindicalista e líder socialista sul-africano Steve Biko, conforme ele é mais conhecido "Racismo e capitalismo são os dois lados de uma mesma moeda". Para não alongar, propugno as necessidades, anseios e reivindicações da massa de negros e de negras do povo trabalhador no Brasil e no mundo, que ele não fez. São as mesmas do Movimento Negro Socialista (MNS): Na Saúde inclusos os casos de epidemia social de anemia falciforme assim como na Educação (escolas inclusive as técnicas profissionalizantes), universidades, bibliotecas, creches enfim, tudo isso público, gratuito e com excelência na qualidade para todos e todas.
Ainda sobre a Educação, as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 respectivamente (a História da luta de classes e também anti-racistas) e Culturas africana, afro-brasileira e indígena tem que ser aplicadas no Ensino Fundamental e Médio por professores com curso de capacitação ministrado por graduados de todas as correntes do pensamento didático-pedagógico. Por conseguinte, nós do MNS repudiamos os gêneros de políticas públicas e ou privadas que são apelidadas de ações afirmativas (AAs) assim como as espécies de leis racialistas como as de cotas para negros e indígenas. Afinal são políticas paliativas uma vez que se trata de ações paternalistas e restritas à divisão da sociedade em classes sociais e, por conseqüência, racista.
Nós do MNS também reafirmamos que somos contrários à Lei 12.288/2010 a apelidada de estatuto da igualdade ‘racial'. Ao invés dela,
propugnamos: Reforma urbana e reforma agrária massiva, imediata e de fato como, por exemplo, assentamento já de 350 mil famílias de Sem-terras acrescido as titulações às remanescentes em quilombos. No combate cotidiano ao racismo, a Lei 7.716/1989 (Caó) nós do MNS propugnamos que as delegacias de Polícia Civil e também da Polícia Federal sejam obrigadas a se infra-estruturarem de um setor especializado (com no mínimo advogado, antropólogo e sociólogo) para o registro do boletim de ocorrência (BO). A seguir as reivindicações internacionais.
O fim da farsante MINUSTAH da ONU no Haiti por se tratar de indevida ocupação militar daquele país pobre (de maioria negra), oprimido e irmão, acarretando no imediato retorno das tropas a seus países de origem a começar pela brasileira que as comandam - liberdade para o jornalista e militante anti-racista o negro estadunidense Múmia Abu Jamal, há vários anos encarcerado na fila de execução da pena de morte sob a injusta (racista) acusação de ter cometido assassinato - um Tribunal Mundial Autônomo em relação aos instituídos pela ONU para julgamento e punição exemplar dos crimes de lesa humanidade como os de genocídios que ocorrem no Haiti e principalmente em diferentes países e regiões do continente africano.
*jornalista - é militante do MNS e da seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI) a Esquerda Marxista (EM) corrente interna petista.