Em 13/05/1888 a Princesa Isabel oficializou a assinatura da abolição da escravatura no Brasil, último país da diáspora a fazê-la, não sem antes, ter ocorrido massivas batalhas abolicionistas. Para o IPCN, que foi fundado em 08/07/1975, assim como para a quase totalidade dos movimentos negros adeptos do racialismo (a ideologia e ou crença fundamentalista da existência de ‘raças' entre os seres da espécie humana) tal data oficial é considerada, de forma maniqueísta, um contraponto à do assassinato do maior herói negro brasileiro, Zumbi dos Palmares, em 20/11/1695, sendo esta data o correto Dia Nacional da Consciência Negra.
Assim, sob tal maniqueísmo a importante e recente descoberta do Caís do Valongo está servindo de biombo sobre tal data oficial. Isto é, junto com a CUT-RJ os movimentos negros racialistas estão apresentando a correta reivindicação cultural de fazer da modernização da zona portuária carioca e, por conseguinte, da Caís do Valongo a criação do fórum pelo memorial da diáspora negro-africana. Ou seja, as demais reivindicações não deixam dúvidas sobre a adaptação à sociedade capitalista e racista de tais entidades participantes da caminhada noturna, conforme se constata dentre os propósitos das mesmas.
Por exemplo, na reunião realizada dia 03 de maio passado na sede do IPCN foi consensual entre as entidades dos movimentos sindical, popular e negro, a cantilena de promoção da igualdade ‘racial'. Para tanto, tais entidades defendem, não o princípio da política universalista (direitos iguais para todos e todas), mas sim que a modernização da zona portuária se desenvolva através da igualdade ‘racial' entre trabalhadores negros e brancos. Isto é, das espécies de leis ‘raciais' travestidas dos gêneros apelidados de ações afirmativas. A caminhada noturna será feita até o Instituto Pretos Novos (IPN), na região central do Rio.
Segundo as entidades organizadoras do evento de 13 de Maio, a concentração será feita a partir das 17 horas na Praça Barão de Tefé, localizada em frente ao Hospital dos Servidores. Não se sabe o porquê disso, mas o fato é que os organizadores desistiram de três questões anunciadas. A primeira, a caminhada noturna não será mais junto com a entidade artístico-musical Afoxé Filhos de Gandhi. A segunda, o percurso não será mais sob queima de fogos de artifícios. E a terceira, o governador fluminense Sérgio Cabral Filho e o prefeito carioca Eduardo Paes, ambos burgueses e brancos peemedebistas não serão mais convidados.
Por fim, as entidades organizadoras anunciam que a caminhada noturna de 13 de Maio retornará à Praça Barão de Tefé onde será servido um lauto caldinho de feijão. Então, como isso não foi feito e porque o Movimento Negro Socialista (MNS) foi fundado em 13/05/2006 sob o slogan "Racismo e capitalismo são os dois lados de uma mesma moeda". Esta célebre frase do maior herói negro mundial, o Mártir Internacional da Consciência Negra o sindicalista e líder socialista sul-africano Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977) é propugnada junto com as reivindicações da massa negra povo trabalhador, a seguir.
Reformas Urbana e Agrária já, sendo esta através do imediato assentamento de 350 mil famílias de Sem-terras acrescido da titulação às remanescentes em quilombos - Bibliotecas, creches, escolas inclusas as escolas técnicas e universidades públicas, gratuitas e de excelência na qualidade para todos e todas - Idem a tudo relacionado à Saúde inclusa a epidemia social de anemia falciforme - Aplicação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 respectivamente História (e luta) Afro-brasileira e Indígena nas escolas públicas e particulares dos Ensinos Fundamental e do Médio através de graduados professores de todas as correntes do pensamento didático-pedagógico ministrando os cursos de capacitação dos professores.
Como forma de combate anti-racismo cotidiano através da Lei 7716/1989 (Caó) nós do MNS propugnamos que as delegacias da Polícia Civil e da Polícia Federal passem a ser obrigadas (por Lei) a se infra-estruturarem de um setor especializado para tal, no qual os plantões diários contem no mínimo com advogado, antropólogo e sociólogo. E em relação às reivindicações internacionais, outro tipo de ajuda humanitária e não a ocupação militar do Haiti com o conseqüente retorno das tropas aos países de origem a começar imediatamente pela brasileira que as comandam, liberdade para o jornalista e militante negro e anti-racista estadunidense, Mumia Abul Jamal, na prisão injustamente onde aguarda há anos execução de pena morte e um Tribunal Mundial Autônomo para julgar e punir exemplarmente os crimes de lesa humanidade como genocídios que são praticados no Haiti e também em diversos países e regiões do continente africano.
*jornalista - é militante do MNS onde integra a coordenação nacional.