História da História da Arte

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A História da Arte nasceu do orgulho dos florentinos para com a idéia de "progresso" que futuramente seria chamada de Renascimento. Religião e condições como a desvalorização do trabalho artístico foram seus primeiros desafios.

Para considerar um artista uma pessoa ilustre, os florentinos primeiro tiveram de vencer a idéia de que o indivíduo fazia o paciente e não o agente da história, idéia cristã. E segundo, eles tiveram de vencer a baixa consideração da massa pela condição do artista.

A autoria do nascimento da história por Châttelet é dada à Heródoto, historiador de Halicarnasso, já que ele foi um dos primeiros a transcrever e registrar fatos que iam além de questões mitológicas e econômicas da época.

Na idade Média as mentalidades, sensibilidades e atitudes do homem tinham como sentimento motor a insegurança. Essa insegurança se refletia tanto sobre o campo moral, quanto no material. Com a queda do Império Romano do Ocidente e as invasões bárbaras a Igreja  ganhou destaque e surgiu como a instituição principal. Nesse contexto o homem vive fora da história, retrocedendo a um estado anterior da humanidade, não se considera como agente da história, que está nas mãos de Deus. A única história que conta é da Bíblia que vira referência e dispensa as forças da imaginação. A vida terrena só tem valor em relação à vida eterna.

A Idade Média herdou a mentalidade de que ficava reservada aos escravos a execução das obras de arte e o trabalho com as mãos. O descrédito a prática das belas artes pesou muito tempo sobre a condição social dos artistas. Foi Filippo Villani, um historiador fiorentino, que denfedeu a pintura em detrimento da escrita e elevou a condição das artes consideradas até então "servis". Segundo ele a operação mental precede a operação manual.
A beleza medieval estava diretamente ligada ao Cristianismo, a Igreja e devia reverenciar a Deus, tido como único criador. Por isso era uma beleza invisível e seguia a metafísica da luz, onde o belo está na luz e era representado pelo ouro, gemas, esmaltes e objetos litúrgicos. O Papa Gregório Magno atribuiu a operação artística uma função educativa, e uma forma de ler nas paredes o que se escreve nos livros.

As Artes Plásticas passaram por inúmeras transformações com influência da cultura de cada época, seus padrões de valores, resistências às inovações até chegar ao que temos acesso hoje. Até o século XI, XII, XIII, houve um forte conflito pra se libertar das imposições dogmáticas da Igreja e seu poder e conseguir ultrapassar a idéia do "pecado original" que reprimia as formas de expressão humana. Até que alguns gramáticos começaram a questionar a divisão das artes em liberais e servis, não vendo mais sentido em considerar a pintura, escultura, arquitetura, desenho como inferiores e não intelectuais. A literatura, por ser arte e não compatível com arte manual apenas, foi fundamental para abrir caminho às outras artes seguirem um movimento vanguardista revolucionário na história sobre a revisão do valor das obras dos artistas plásticos. Dante,Bocaccio e Petrarca são destaques nesse movimento por usarem das letras, comum às artes liberais e intelectuais, pra mostrarem que as artes plásticas eram tão intelectuais como qualquer outra ciência. Dante entendia de desenho e, assim, podia expressar bem sobre o assunto e criou uma reflexão sobre a obra do passado, escrevendo com maestria em sua obra-prima "A Divina Comédia" a famosa frase:" Cimabue acreditou deter o cetro da pintura, e eis que sua fama empalide o grito do favor é por Giotto." Chama a atenção pra nobreza da arte de pintar e dispersa o convite convincente à nova forma de pensar. Bocaccio também participou de convite citando pintores e destacando a aptidão de Giotto para a imitação da natureza, comparando-a à de Apeles em um romance seu. Expõe a conquista do pintor ter recolocado a arte em evidência, deixando entrelinhas o progresso da evolução artística. Petrarca projetou um tratado sobre todas as artes que, embora este não tenha sido concretizado, de todo jeito expressou sua admiração pelos artistas , foi a Roma e conversou sobre o assunto com um monge. Sua preferência também dirigiu-se a Giotto e pra Simone Martini, que considerou como "príncipe do nosso tempo".

O Quatroccento marcou decisivamente a grande virada no "olhar" sobre as artes, juntando nesse período diversos fatores favoráveis ao sucesso do movimento revolucionário deixando seu brilho faiscar até os dias atuais.Um momento em que tudo conspirava a favor da estética e da técnica, deixando um campo aberto e fecundo aos teóricos, filósofos, artistas e demais aculturados para desenvolver suas idéias e difundi-las sem os enormes empecilhos do tempo anterior a esse século. O século XIII possibilitou o rompimento definitivo da equivocada idéia da divisão entre artes liberais e artes servis, esclarecendo ao mundo a não inferioridade das artes plásticas e seu valor mental e intelectual até então não compreendido e reprimido pela resistência em mudar a visão e concepção relativa às artes plásticas. Foi um movimento de extraordinária transformação social, cujos frutos usufruímos na atualidade. Os participantes desse movimento tinham clara consciência dessa importância e sentiam-se inspirados como nunca a teorizar, criar, expressar livremente tudo que antes estava barrado e preso pelo poder conservador da época. O governo de Frederico II, com sua personalidade sensível à exaltação da arte e peculiar temperamento de pensar por si foi crucial para possibilitar todo o clima favorável ao restabelecimento da vontade determinada e determinante de restaurar a cultura antiga para unir a uma continuidade com o que se tinha adquirido até então e preparar o terreno para o futuro na teorização, pesquisas e valorização de toda aquela arte quase aniquilada poder ser registrada na história da humanidade. Criaram intensos focos de cultura por toda parte na época.

Leon Battista Alberti ficou famoso nessa época como maior teórico e   humanista, fama que ficou meio ofuscada com o surgimento de Leonardo da Vinci, pois este grande polímato foi genial pra época e como antecessor do que ainda nem existia. Os dois eram bastardos, mas Alberti viveu numa família nobre de Florença que se exilou em Gênova, teve o privilégio de receber a melhor educação e incentivos em matemática, direito e letras latinas. Escreveu muito sobre temas sociológicos, questões artísticas, e matemáticas, era perito em latim conseguindo até compor poemas na língua. Depois viveu anos em Roma como arquiteto célebre, trabalhando por mais de trinta anos em Cúria e protegido pelos papas humanistas Nicolau V e Pio II. Também foi arquiteto em Florença, Mântua, como idealizador muito mais que como executante. A cada vez que ia a Roma, criava uma planta completa fazendo todas as medições da cidade. Escreveu o Tratado da Família para expressar seu ideal, a ordem humana correspondendo á universal, no qual dizia que é dever de todo homem tornar-se universal, buscar o conhecimento em todas as áreas e realizar todo seu potencial para que consiga conquistar equilíbrio e felicidade na vida. Considerava a arquitetura essencialmente a arte da vida social, a que deixa que cada um desabroche do quarto doméstico para um lugar harmônico no meio dos costumes sociais como digno cidadão. Segue um ideal platônico de beleza, o artista devendo imitar a natureza fazendo escolhas de base estética. Representa um olhar para o futuro com suas noções de perspectiva, profundidade, vendo o mundo como algo misterioso e intrigante. Mas o valor da perspectiva ainda iria demorar pra adquirir um reflexo histórico, ainda não havia ampla compreensão para esses visionários.

Giorgio Vassari foi um arquiteto e pintor florentino mais conhecido por seu livro Le vite de' più eccellenti pittori, scultori e architettori (As Vidas dos mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquitetos), composto por 6 partes, a primeira tratando das técnicas e materiais usados em cada arte abordada e as outras de vários artistas renascentistas.

As academias foram importantes para elevar o artista do posto de artesão para algo mais próximo dos eruditos e intelectuais.
Porque tratavam do ensino da produção artística como algo transmissível puramente por teorias e técnicas, considerando o estudo e emulação de grandes mestres da atualidade e a adoção de valores estéticos e éticos coletivos mais importante do que a criatividade e expressão individual.

Em 1567, quando ia sair a segunda edição das Vite, Vincenzo em seu primeiro livro do tratado das proporções perfeitas, operava definitivamente a discriminação: "A Arte do desenho merece pois ser considerada como de essência nobre, não só por ser de todas a que requer mais criatividade artística como também porque seus efeitos são, mais que os de todas as outras artes, estáveis e permanentes; além do fato de as obras que ele produz serem feitas para ornar e perpetuar a memória dos feitos ilustres dos grandes homens, e não para a utilidade. “A utilidade, por si só, diminui em muito a nobreza”. Vê-se desapontar aqui, além da distinção entre artes maiores e menores, o privilégio que na pintura será mais tarde reivindicado pelos pintores de história sobre todos os demais. Ele quer dizer que a arte do desenho é muito subestimada e que dentre as artes ela é a mais criativa e vai se tornar grandes feitos, não servindo para ser útil, como as outras artes, e que essa "utilidade" que diminuiu a grandeza da arte, por que deixa de ser criativa para ser comercial.

Estudar a história da história da arte é importante, pois apesar de seus erros, é uma das poucas fontes contemporâneas para a história da arte da época.
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Tania Montandon
•Fragmentário de Inspirações
arte, cultura, literatura, entretenimento
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