Mulher de Peladeiro Sofre à toa

Uma vez um amigo me disse que acha fantástico quando eu dou algum testemunho. Desde então isso ficou martelando na minha cabeça. De vez em quando me pego dando outros testemunhos. Para mim é incontrolável. É quase um vício. E para não perder a mão, aqui vai mais um.

Até o ano de 2005 eu era aquela esposa que se incomodava imensamente com o tal do futebol. Era daquelas que sempre têm uma pulga atrás da orelha quando o marido diz que vai assistir a uma pelada, ou que vai jogar bola com os amigos, ou vai assistir a um jogo de futebol fora de casa.
Eu me encaixava totalmente no estereótipo da mulher que diz: "tudo bem, meu amor, vai curtir o seu momento", mas ficava em casa pensando no que realmente acontecia naquelas reuniões masculinas. Pensava: "Será que esse negócio de futebol é tipo uma seita, uma ordem, um clube do Bolinha onde esposa não entra?".
Esse assunto mexia muito com minha imaginação! Tinha vontade de ser uma mosca para ouvir todos os papos, saber quem estava por perto, fazer o reconhecimento de toda a área, ser tipo uma mosquinha do FBI com credencial e tudo. Mas não me oferecia para ir. Isso não!
Era quase certo, nos meus devaneios, que aquelas sessões de futebol eram um pretexto para alguma outra coisa.
Então, no minuto em que meu marido fechava a porta de casa e ia para o futebol eu começava a imaginar o que rolava durante imensos 90 minutos. Achava que deveriam circular mulheres lindas, de corpos esculturais, louras (porque eu sou morena), com roupas lindas (Para mim, é claro, porque gosto de mulher é diferente de gosto de homem). Essas mulheres que freqüentavam o futebol deveriam ser tudo de bom e sempre nas áreas em que eu tivesse alguma falha (Que insegurança!). Elas talvez se materializassem nos churrascos, seriam umas odaliscas, teria dança do ventre e tudo.
Mas em 2005 tudo isso mudou. Comecei a trabalhar em um centro esportivo onde o carro-chefe era o futebol. Meu dia-a-dia passou a ser recheado de futebol.
No local circulavam peladeiros de manhã, à tarde, à noite, sábado, domingo, feriado, dia santo. E é claro que eu pude ficar atenta a toda e qualquer coisa que acontecia. Só faltava a minha credencial. Aquela...
Na verdade foi a maior comédia. Não vi nenhuma odalisca, nenhuma dança do ventre. Mulher maravilhosa invadindo os churrascos da galera então? Nem pensar! Nem me recordo de conversas relacionadas a mulheres!
As piadas não eram sobre mulher. Os programas não eram sobre mulher. Nada, nada era sobre mulher! Não se falava nem bem, nem se falava mal. O assunto simplesmente não era esse!
Eles eram seu próprio assunto. Quem jogou bem, quem jogou mal, quem não joga nada, o perna-de-pau, o mala, o brigão, o fora de forma. Era uma brincadeira engraçada, quase pueril e até gostosa de ouvir.
Como num passe de mágica, aquela bigorna que ficava flutuando sobre a minha cabeça como nos desenhos animados se desintegrou e passei a curtir a diversão do povo. Os peladeiros passaram a ser figuras engraçadas, caras que querem esvaziar a cabeça suando na quadra e tomando uma cervejinha descomprometida. Só isso. Um alívio para minha mente fértil.
É claro que se pedirem para eu jurar que é isso, nada mais do que isso e me calar para sempre, isso não faço. Não queimo minha mão por nada porque sempre vai restar uma pulguinha atrás da minha orelha. Melhor não correr riscos.

Ivana Orichio
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