Os próximos meses vão ser marcados por eleições para diretoria no Sindipetro-NF e no Sindipetro-RJ. Por este inicio a análise. Considero não ter sido correta a decisão da maioria de sua diretoria ao aprovar em 2006 a desfiliação à FUP através de um plebiscito ao qual compareceram apenas 22% dos associados. A despeito de que para a categoria petroleira, a repactuação não seja a conquista de uma reivindicação, mas sim, imposição da Petrobrás enquanto corporação, a desfiliação não se justifica. Tal independentismo tem servido de abrigo ao misto de sectarismo e oportunismo que é a característica dos anti-cutistas, isto é, dos divisionistas da Conlutas, no caso disfarçados na apelidada Frente Nacional dos Petroleiros (FNP).
Não por outra razão, mesmo sendo minoritários entre a diretoria do Sindipetro-RJ tais divisionistas estão se impondo sobre os demais, levando-os ao sectarismo de vetar participação em uma chapa concorrente situacionista de quem se identifique com a FUP, sobretudo, integre sua diretoria. Que a maioria da direção da FUP pratica uma política sindical corporativista e sem independência de classe ante a Petrobrás consequentemente ao governo federal caracterizado por servir muito mais a burguesia que ao povo trabalhador, isto é verdade. Entretanto, reafirmarei o que sempre disse sobre o divisionismo dos sindicalistas da FNP-Conlutas que é praticado no meio sindical da essencial categoria petroleira.
Para isso recorro aos ensinamentos de Leon Trotsky (1879-1940) no Programa de Transição "O bolchevique-leninista coloca-se nas primeiras fileiras de todas as formas de luta, mesmo naquelas onde se trata apenas dos mais modestos interesses materiais ou direitos democráticos da classe operária. Toma parte ativa na vida dos sindicatos de massa, com o propósito de reforçá-los e aumentar seu espírito de luta. Somente tendo como base este trabalho dentro dos sindicatos, é possível lutar com sucesso contra a burocracia reformista, inclusa a stalinista. As tentativas sectárias de criar ou manter pequenos sindicatos "revolucionários" como uma 2ª edição do partido, significa de fato, a renúncia à luta pela direção da classe operária".
Assim, o sectarismo e o divisionismo dos sindicalistas da Conlutas em relação à FUP e a CUT, especificamente da FNP na categoria petroleira joga na lata do lixo os ensinamentos de Trotsky, Lênin e mesmo do militante argentino Nahuel Moreno (falecido em 1987) de quem tais morenistas se dizem seguidores. Haja vista, a correta crítica feita por Moreno no início dos anos 80 no texto ‘A traição da OCI' do dirigente francês Lambert "Por que não propor a unidade sindical, a filiação de todos os trabalhadores a sindicatos por ramo industrial e a organização de uma central única? Ao não buscar a unidade sindical, a OCI faz o jogo da burguesia e dos aparatos, causada pelo afã manter a divisão do movimento operário".
Em outras palavras, apesar de ter sido sectário e ultra-esquerdista, nesse caso Moreno pregou a tese correta de unificar em uma mesma central sindical a CGT e a Força Operária, ambas francesas cujas direções são burocratizadas antes da CUT, que foi fundada em agosto de 1983. O que ante a tais incoerências parodio um falecido humorista: Falem sérios, morenistas! Então, conforme o título deste texto proponho que se constitua nos mencionados moldes uma chapa concorrente às eleições para a diretoria do Sindipetro-RJ. No caso, qualquer sindicalista e ou associado ao Sindipetro-RJ que se identifique com tais princípios deve envidar esforços. Haja vista, a proposta de um diretor (não repactuado) da FUP nesse sentido.
Já sobre a eleição no Sindipetro-NF, o que ao final proporei se trata daquilo que tenho feito ao longo dos anos nos quais se tem apoderado da máquina de tal sindicato desde a fundação nos anos 90 uma casta de sindicalistas. Quer dizer, embora corretamente filiado à FUP e à CUT as diretorias colegiadas do Sindipetro-NF, com as exceções próprias da regra, tem-se revelado constituída por pelegos de novo tipo. Para se ter idéia disto, entre os anos 2003 e 2005 três sindicalistas incluso o coordenador acumularam as funções de dirigentes liberados com os cargos de gerentes na Petrobrás. Aliás, nesse período, muitos sindicalistas petroleiros revelaram-se carreiristas, usando o cutista sindicato como trampolim.
A ponto de, em 2007, uma fisiológica diretora liberada abandonar o cargo atrás de outro melhor remunerado na presidência de uma fundação da prefeitura de Macaé onde uma burguesa oligarquia se perpetua há 34 anos. Este fato acabou como causa frustrada de tentativa de calar o jornalista que ousou noticiá-lo. Apesar de se tratar de pelegos de novo tipo, a diretoria colegiada enquanto núcleo sindical dirigente tem sabido se utilizar da poderosa máquina do Sindipetro-NF, vencendo sucessivamente as eleições. Um exemplo disto está na última em 2008 quando equivocadamente a incipiente oposição cutista Organização de Lutas e Energia Operária (OLEO) se juntou à sectária FNP que é controlada pela divisionista Conlutas.
O resultado foi que a diferença nas urnas aumentou em relação às eleições anteriores quando a oposição sindical dividia-se. Diferentemente da eleição nos próximos meses no Sindipetro-RJ, o fato é que talvez a oposição sindical petroleira cutista OLEO venha a pagar o preço por conta da equivocada, divisionista e já mencionada aliança realizada anteriormente. Um membro da OLEO informou-me que haveria número suficiente de associados ao Sindipetro-NF para inscrição de uma chapa concorrente. Resta saber se isto ocorrerá, ou se a pelegada cutista de novo tipo terá o caminho facilitado pela disputa contra apenas a chapa concorrente e potencialmente derrotada por ser anti-FUP e anti-CUT. Isto é, dos divisionistas da FNP-Conlutas.
*jornalista - é adepto da corrente sindical marxista da CUT.