Chavez ditador. Berlusconi não?

Estava em casa na manhã do dia 24 deste janeiro fazendo o papel de babá de meu filho Otávio, e ao procurar algo interessante para assistir na TV, encontrei o programa Manhattan Connection da Globonews. Um programa de direita que apresenta algumas opiniões bem parciais a respeito daquilo que discutem.
Diogo Mainardi, um dos maiores críticos do governo e do presidente Lula, que inclusive lançou um livro chamado "Lula é minha anta" fez um comentário que confesso, me deixou confuso. Ao ser perguntado sobre a crise política italiana, em que o primeiro ministro Sílvio Berlusconi é figura central, sendo acusado de abuso de poder e prostituição de menores, deu uma resposta tanto quanto difusa daquilo que ele costuma dizer a respeito de outro político que está no poder através dos mesmos meios: Hugo Chavez.
A pergunta fora à seguinte: "Berlusconi pode ser considerado um ditador?" prontamente Mainardi disse que não, afinal ele fora eleito pelo povo italiano nos últimos vinte anos, e não se pode tirar esta parcela de culpa dos mesmos. Hugo Chavez está no poder a menos tempo que Berlusconi, e só está lá por conta de ter obtido maioria dos votos da população de seu país. Foram eleições democráticas de fato. Entre eleições e referendos populares já foram pelo menos oito vitórias de Chavez na Venezuela. Nada de golpe ou ditadura.
Outro presidente que também foi alvo dos comentários foi o do Egito, Hosni Mubarak um aliado americano que já está no poder a quase 30 anos. O interessante é que este também não fora chamado de ditador. Obama e os presidentes americanos anteriores preferem Mubarak no Egito por que este reza em suas cartilhas. O Egito recebe um bilhão e meio em dólares anuais para ser uma base militar norte americana entre os árabes. Hosni Mubarak vence suas eleições uma após a outra com mais de 90% dos votos. Na última eleição foram exatos 99%!(fraude só na Venezuela, Cuba e Irã) Incrível! E alguns ainda acham que o Lula é um cara popular e que Fidel Castro é que é um grande ditador.
A questão é que o presidente do Egito é aliado dos norte americanos, e Saddam e Fidel, por exemplo, não. O conceito de ditador é um pouco diferente nestes casos. Se for aliado americano pode cometer crimes, burlar eleições, praticar genocídio, perpetuar-se no poder a qualquer custo. Basta interpretar o papel de lacaio americano fornecendo tudo aquilo que os mesmos estiverem precisando. Agindo desta forma será possível enriquecer ambos os lados (os lados dos líderes corruptos) sem a necessidade de invasões militares. Haverá apenas a invasão econômica depredadora da economia local e propagadora da desigualdade social.
Fato interessante noticiado recentemente foi o da descoberta de minério de ferro em grande quantidade nas montanhas do Afeganistão, que por acaso são as mesmas montanhas que os norte americanos invadiram logo após os atentados de 11 de setembro, com a justificativa de que Bin Laden estava lá, escondido em cavernas. É muita coincidência, vocês não acham?
Outro país soberano que está sob constante ameaça de sanções e invasão norte americana é o Irã. Este seria mais um país cheio de terroristas e disposto a explodir o mundo em nome de alguma guerra santa injustificável (inspetores da ONU dizem não terem encontrado vestígio de produção de armas de destruição em massa e que os iranianos estão seguindo todos os protocolos de segurança). Os iranianos seriam totalmente intolerantes e radicais. Infelizmente as informações que nos chegam na maior parte do tempo são provenientes de redes norte americanas ou inglesas (que é a mesma coisa) proporcionando uma visão parcial dos fatos. Baseado no histórico norte americano de mentiras ao longo de todo o século XX é difícil acreditar no que a maior parte da mídia nos apresenta como "verdade" a respeito do Irã.
As invasões norte americanas no oriente médio me lembram as famosas cruzadas que pretendiam libertar a terra santa dos infiéis muçulmanos. Como naquela época, as justificativas religiosas eram apenas uma desculpa que servia para encobrir os gananciosos interesses pelas riquezas locais. Naquela época o Papa era a autoridade que fornecia a mentira religiosa para os saques, estupros e assassinatos que ocorreram em larga escala. Hoje são outros fundamentalistas que fazem isto. Bob Jones, presidente da Faculdade cristã Bob Jones nos EUA, fez a seguinte declaração a respeito de outro religioso e presidente americano, George W.Bush:
Na sua reeleição deus graciosamente permitiu que os EUA -embora o país não merecesse- fossem poupados da agenda do paganismo (...) coloque a sua agenda no fogo e deixe a queimar. Você não deve nada aos liberais. Eles te desprezam por que desprezam o seu cristo. (The New York Times, Nov/2004.)
Este presidente norte americano a que se refere Bob Jones deveria ser julgado por crimes contra a humanidade, mas ele está do lado dos que atualmente podem fazer tudo sem sofrer sanção alguma. E além do mais, de acordo com o pastor Jones, cristo está do lado de Bush. Pergunto-me: quem está do lado das crianças inocentes afegãs e iraquianas a morrer por causa dos mísseis Tomahawks norte americanos? E as crianças na África a morrer de doenças e fome? Quem estará ao seu lado, se Jesus está com os americanos do norte? E nós? Quem estará ao nosso lado, os não norte americanos? Os que não possuem bombas de destruição em massa ou o apoio de Jesus cristo como os norte americanos? A quem devemos rezar?
Estamos vendo nos últimos dias vários conflitos explodindo em países do oriente médio e da África do norte. As manifestações são provocadas por certa insatisfação com os regimes instalados a décadas. Como já citado anteriormente, Mubarak já é ditador do Egito a trinta anos sempre apoiado pelos norte americanos. Vimos nos últimos dias Mubarak renunciar e entregar o poder aos militares. O que mudará com isto se estes militares são pertencentes a corja de Mubarak e grande beneficiados do bilhões de dólares americanos enviados anualmente ao Egito? Veremos apenas medidas provisórias, prisões de oposicionistas e pouca mudança de fato.
A primeira ministra norte americana Hilary Clinton, disse apoiar os oposicionistas no Irã e criticou o governo deste país por reprimir as manifestações com violência. Nos casos do Bahrein e o Egito ela não apoiou os oposicionistas, afinal estes não são favoráveis a sua política assassina imperialista.
Posso lhes garantir que no fim das contas, assumiram o poder nestes países pró americanos, novos governantes pró americanos, que deveram ceder a determinadas pressões, que ficarão restritas as zonas urbanas que são sempre as capazes de promover agitações em massa e com repercussão ampla. São nas cidades que se encontram as pessoas mais esclarecidas, e são estas que estão liderando as manifestações nestes países.
Esperemos o dia em que possamos ver realmente mudanças em países que possuem regimes autoritários, religiosos e conservadores, que por suas visões limitadas ao extremo, acabam restringindo pessoas e liberdades.

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