No vale das chuvas, onde reinavam corcéis alados e faziam brilhar suas crinas douradas, ela se perdia andando pelo teto com a pele sentindo as gotas de mel vindo das avessas núvens do arquipélago.
O silêncio, estrondosamente surdo, penetrava-lhe nas entranhas pelos órgãos perdidos e desviados de suas funções.
A brisa úmida, cheirando terra molhada, atingia-lhe as vistas pelo odor transmutado na movimentação pela percepção ininteligível.
As vozes pelo nariz se debatiam arrulhando o clima desse espírito inapreensível.
Ao tempo se servia, enquanto à morte não jazia, explodindo pelas veias o mel amargo a que sua sede não satisfazia, contudo o dourado expandia seu brilho pelos poros que tanto ardiam naquela transcedente vivência que a surpreendia.
No desvalor daquela existência malquista e desprezível subiam e desciam os ares compostos e decompostos em involuntárias recepções e doações à sua revelia.
No entremeio, após receber o sopro da vida um pouco antes de doá-lo, então sentia o nada, o tudo, a inutilidade de toda a algaravia imaginada de fractrais mentais dissolvidos no deslizamento sem fundamento deste decorrer do tempo paralizado nesse andamento.
Tania Montandon
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