Miss Macaé 1969, Rosânia Abreu: Um reinado que acontecia há 42 anos

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Rosania Abreu no dia de seu casamento em 1972


O ano de 1969 foi um ano crucial no Brasil, iniciando a era chamada dos "Anos Chumbos", da Ditadura. E sobre mais um dos lemas desse ex-regime político - o famoso "Golpe Militar" de 1964 -, o Brasil estava sobrevivendo sob o Ato Institucional no. 5, que entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968, restringindo ainda mais as liberdades democráticas, estas que já estavam mais do que comprometidas por causa dos Ditadores. Se o país ia mal, as misses brasileiras iam muito bem, pois estavam em pleno glamour internacional, com as duas premiações de 1968, que foram: a vitória da Miss Brasil 1968, a baiana Marta Vasconcelos no Miss Universo 1968 (sendo a última brasileira a conquistar esse título, até o ano de 2010), e a carioca Maria da Glória Carvalho, 3ª colocada no Miss Brasil 1968, que ganhou a representação ao exterior no espetáculo do "Miss Beleza Internacional 1968", e faturando a coroa (a única brasileira até 2010, que trouxe esse título para o país), trazendo um bi-campeonato de beleza brasileira no exterior, num mesmo ano.
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Rosania Abreu durante seu reinado em 1969, apresentando um desfile de camisolas, o qual ela participou. Na foto, junto das amigas Rosane Maia (esquerda) e Tania Schueler (direita)
Para melhorar ainda mais, a Miss Estado do Rio 1968, Josemary Vasconcelos Corrêa (de Três Rios), tinha galgado o 4º lugar no Miss Brasil. E a Miss Macaé 1968, Ângela Joceli Mattos, foi semifinalista no desfile estadual fluminense. Com todas essas conquistas de 1968, havia muita expectativa em 1969 no Brasil, em tornos das eleições ou aclamações das misses dos municípios brasileiros, fazendo daquele ano, um ano de muitos suspiros de emoções. E nas cidades do (antigo) Estado do Rio, as coisas não poderiam ser diferentes, muito menos na cidade de Macaé, conhecida como a "Princesinha do Atlântico".
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Rosania Abreu em um trabalho como modelo fotografico no ano de 1968, quando ainda nao tinha sido coroada como Miss Macae de 1969

Em Macaé, a iniciativa para a consagração da sua miss de 1969 coube na época, à Secretaria Municipal de Turismo (órgão da prefeitura de Macaé), esta que não realizou desfile, portanto nenhuma eleição. O expediente usado foi o de aclamação. E a moça coroada como Miss Macaé 1969 foi a macaense Rosânia Abreu da Silva. A indicação de Rosânia aconteceu no Fluminense Futebol Clube - tradicional clube popular de Macaé que funciona até os dias atuais - o qual ela recebeu o título da sua antecessora. O momento de transição da premiação da beleza macaense, foi um momento mágico na vida dessa jovem, que teve naquele momento - além do cargo de beleza - uma festa no clube para marcar o início de seu reinado como a mais bela da cidade, além de ter sido a despedida oficial da Miss Macaé 1968.
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Rosania Abreu no dia 4 de agosto de 2010
Rosânia - que nasceu dia 10/06/1951 - ao ser anunciada como Miss Macaé, teve pela frente a missão de defender a cidade, no certame estadual de beleza do estado, o Concurso Miss Estado do Rio 1969, que iría ser realizado em Niterói (antiga capital do extinto Estado do Rio), no Ginásio Caio Martins. Ela, que era uma garota do interior e simples, não tinha muitas expectativas de ter grande destaque no desfile estadual, nem se importava de como seria sua pontuação nessa disputa. "Na minha época de miss, em maioria dos exemplos, eram as mães das misses que mais curtiam essa etapa da vida de suas filhas, e no meu caso não foi diferente, pois a minha querida mãe Zilá Abreu da Silva, hoje falecida, era quem tinha toda a euforia por eu ser miss, e gostava de guardar as recordações daquele momento, até mais do que eu mesma", declarou Rosânia, acrescentando que foi uma moça de família humilde, e que por mais que não teve uma infância e juventude com sofisticação, pelo menos pôde curtir cada momento de suas fases criança/adolescente/jovem, com felicidades. "Era uma jovem simples e comunicativa, e isso deve ter colaborado para minha indicação como miss, pois gostava de participar das coisas. Acho que isso fez com que a organização local na época se interessasse em me aclamar como miss", frisou Rosânia, que disse ainda que chegou a fazer um trabalho na cidade como modelo fotográfico um ano antes (1968), ao ser fotografada com uma toalha branca na parte superior da cabeça. "Não me lembro se isso foi para a divulgação de um jornal, ou direcionada à um anúncio de clube", enfatizou ela, que diz ter se desligado dos detalhes da época. "Mas com certeza que se mamãe fosse viva, ela ia saber para que foi a foto, e iría saber mais informações do que eu."(risos), disse Rosânia, que realizou essa fotografia profissional - já que foi convidada para esse trabalho - por ser das mais belas moças da cidade da época, tendo tido então essa chance de brilhar como modelo fotográfico um ano antes de ser miss.
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Rosania Abreu na companhia do filho Rodrigo Abreu Lima de Figueiredo, em dezembro do ano de 2005

Para participar da disputa estadual, Rosânia nem teve lá tanto apoio por parte da cidade, pois para ir à concentração do evento em Niterói para concorrer, teve de pagar a condução para se deslocar do município, que era um ônibus comum de viagem. Para viajar rumo à antiga capital, ela foi acompanhada de sua irmã Norma - hoje falecida - no ônibus. Nem ao menos carro especial (e de graça) ela teve. O que importa é que apesar da (ruim) forma de condução, ela representou a sua cidade natal no evento estadual, além do fato de que antes de ir à Niterói, tinha recebido aulas de etiqueta com dona Madá (hoje falecida, que era a mãe de Marilena Garcia, atual vice-prefeita de Macaé), que foi a pessoa responsável na cidade durante muitos anos, em realizações de desfiles e eventos, além de treinar meninas para desfilar, como foi o caso de Rosânia, que aprendeu com ela, sobre os truques e regras da passarela.
Na final do Miss Estado do Rio 1969, eram 27 candidatas contando com Rosânia. A transmissão do evento passou regionalmente na TV Excelsior, no estado fluminense. As misses entraram na passarela e desfilaram com trajes de banho e gala. Rosânia desfilou de maiô - exibindo seu belo porte físico -, e com um vestido social - este que era de cor prata. As meninas ficaram juntas na passarela, e posteriormente, cada uma fazia o seu desfile individual. Depois, elas enfrentaram um questionário de conhecimentos gerais, que eram perguntas feitas pelo júri, a fim de avaliá-las para ver se eram atualizadas. A pergunta feita para Rosânia era sobre o que ela achava do livro "O Pequeno Príncipe". Hoje, ela nem se lembra mais de qual e como foi a sua resposta, embora se recorda de que estava nervosa, pois o Ginásio estava lotado. Anunciadas as 10 semifinalistas, Rosânia entrou nessa semifinal. Depois, foram anunciadas as 5 finalistas, e Rosânia não conseguiu figurar no TOP 5, mas não se frustrou por isso, e achou legal a experiência daquele dia. E venceu a Miss Paraíba do Sul, Maria Aparecida Leite, que foi a representante fluminense no Miss Brasil 1969, este que foi vencido pela hoje atriz Vera Fischer, de Santa Catarina, que foi semifinalista do Miss Universo 1969, concurso este que elegeu a filipina Glória Maria Aspillera Diaz, tendo sido uma eleição polêmica. Pudera, pois aquele Miss Universo não poderia ser óbvio, sendo precisamente no ano de 1969 - o fim dos anos rebeldes - ocorrendo em julho (dia 19), no mesmo mês em que o homem pisou na lua - feito este que foi às 23h56min do dia 29/07 quando Neil Armstrong colocou o pé esquerdo na Lua -, e ainda assim, uma outra polêmica estava em evidência no período, já no mês seguinte, agosto, que foi o evento do Woodstock 69, um festival de música realizado entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, nos EUA, e que abalou o mundo, por ser o auge da era hippie, era esta que vibrava pela contracultura dos valores sociais, a libertinagem, o amor livre, e o uso de drogas.
Mas sendo 1969, um ano de tantas discussões e inovações - devido à polêmica eleição de Miss Universo, além da ida do homem à Lua, e à ocasião do Woodstock 69 -, pelo menos a nossa Miss Macaé 1969 Rosânia Abreu era só encantos durante seu reinado como a mais bela da cidade, com seu belo semblante facial.
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Rosania Abreu em 1972, quando morava na cidade do Rio de Janeiro-RJ, em foto que esta participando de um desfile no Laboratorio Moura Brasil-RJ

Durante seu reinado, Rosânia participou de eventos na cidade - que se realizavam em clubes e entidades -, freqüentando inclusive festas e marcando presença em festivais na cidade. E no mesmo ano de 1969, formou-se professora. Nessa época, Rosânia que teve a experiência na passarela do Caio Martins, participou de um outro desfile, que foi em uma festa em Macaé, ocasião esta que era para ajudar a arrecadar dinheiro para a festa de formatura de sua turma. Rosânia e mais algumas de suas colegas da escola, realizaram um desfile de camisolas - considerado um desfile sensacional e avançado para a época -, que seria justamente para conseguir apoio para a realização do evento da formatura.
Rosânia foi das mais belas misses de Macaé de todos os tempos, com sua enorme beleza morena genuinamente macaense, sendo inclusive, dona de um belo e expressivo rosto. Ela poderia muito bem ter sido uma das 5 finalistas da disputa fluminense estadual de beleza do ano de 1969, mas o júri não a colocou na final, mas pelo menos a incluiu entre as dez semifinalistas.
Em 1972, Rosânia casou-se e seu nome passa a ser: Rosânia Abreu Lima de Figueiredo. Na mesma época do matrimônio, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, passando a ser dona de casa. E ainda em 1972 - já morando na cidade maravilhosa - a ex-miss retornou às passarelas em um dia, pois desfilou num evento social, que na ocasião foi no Laboratório Moura Brasil-RJ. Nesse instante, Rosânia se recordava das passarelas e principalmente de sua experiência no Caio Martins.
Depois de casada, a Miss Macaé 1969 teve três filhos: Renata, Ruy e Rodrigo. Anos depois, separou-se do marido.
Em 1993, ela se muda para Porto Alegre (RS). Lá, se formou em Massoterapia, através do curso técnico que concluiu.
No ano 2000, de uma hora para outra, a ex-miss resolve voltar para sua cidade natal (Macaé). Tudo foi assim meio que de repente. Em Macaé, ela continuou trabalhando como massoterapeuta. Anos depois, conquista boa pontuação no concurso municipal da Prefeitura de Macaé, e torna-se servidora pública. Assim sendo, as suas novas atividades profissionais passam a ser exclusivamente como funcionária pública macaense, e assim o é até hoje.
Neste momento, Rosânia enfeita o espaço aqui presente. Por onde passa, ela deixa a sua marca registrada, que é a sua graciosidade. E algumas partes de sua história de vida foram aqui contadas, e principalmente sobre a sua fase como miss macaense, há 42 anos atrás.

 

Raphael Guedes Marinho.

 

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