Um dos maiores dilemas do ser humano está em como conviver com o tempo. Se pensarmos bem, vamos verificar que passamos boa parte da vida refletindo sobre o que fizemos ou que não realizamos no passado e sobre o que podemos vir a fazer no futuro. Isso faz com que muitas vezes deixemos de lado as ações presentes.
Um filme de 1985 revela incrível atualidade para lidar com a questão. É “De Volta para o Futuro”, que conta a trajetória de Marty McFly (o carismático Michael J. Fox), um adolescente de uma pequena cidade californiana levado para a década de 1950 graças a uma experiência toda atrapalhada do cientista Doc Brown (Christopher Lloyd).
O diretor Robert Zemeckis transforma a viagem do jovem e do cientista em um carro modificado numa lúdica jornada existencial, sendo a cena mais impressionante – e atual – a de Marty conhecendo as versões mais jovens de seus pais. Seu drama, tratado em tom cômico, é que seles se apaixonem. Caso contrário, ele deixará de existir no futuro.
Primeira de uma série de três filmes (“De Volta Para o Futuro 2” – 1989 - e “De Volta Para o Futuro 3” – 1990 – deram continuidade à ideia), a obra, com suas reviravoltas humorísticas, comporta questões essenciais para pensar como o que aconteceu antes determina o nosso presente e como as nossas decisões de hoje são determinantes para o futuro. E tudo isso pode e deve ser pensado sem se perder o prazer de lidar com o aqui e agora. Nada fácil, mas muito desafiador.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.