Talvez um do dos maiores ensinamentos do filme “Victor ‘Young ‘ Perez” seja o de nunca esquecer as origens para permanecer de pé. Esse é o principal ensinamento da obra baseada na vida do boxeador homônimo que, após ser o campeão mundial mais jovem da história, perdeu tudo pela vida desregrada e foi morto pelos nazistas.
Nascido na Tunísia, então protetorado francês, Victor enfrentou preconceito, tendo lhe sido negado o título de campeão europeu, por ser considerado africano. O discurso nesse sentido apenas se aplacou ao conquistar o cinturão mundial, que perdeu na primeira defesa do título, ao não se preparar adequadamente, embriagado pelo sucesso e pelo envolvimento com uma atriz de cinema.
O episódio mais emblemático, no entanto, estaria por vir quando, já decadente, é preso por ser judeu e levado para um campo de concentração na Polônia, onde recebe pequenas regalias em troca de realizar lutas de boxe em que deveria ser demonstrada a supremacia ariana. Tudo muda quando vence um combate e passa a ser tratado como um prisioneiro comum.
Tendo morrido baleado em uma tentativa de fuga ou devido aos maus tratos, o nome Victor Perez se imortalizou como símbolo de resistência ao autoritarismo e como exemplo de coragem. O filme, dirigido por Jacques Ouaniche, também estaca a relação do pugilista com seu irmão treinador, mostrando como o amor às raízes foi a raiz de uma comovente resistência.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.