O ditado popular “falar é fácil, difícil é fazer” certamente guarda relação com a passagem bíblica que ensina: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus.” (Mateus, VII: 21-23).
Essa máxima, que deveria nortear a vida dos seres humanos, define com clareza que são os atos e atitudes que formarão nossa bagagem espiritual.
Isso quer dizer que de nada vale recitar e até mesmo divulgar os ensinamentos trazidos por Jesus, que são eternos, porque são a verdade, se os mesmos não forem colocados em prática.
Não basta, pois, estarmos simplesmente comprometidos com tais ensinamentos; é preciso que os coloquemos em prática, procurando seguir seus preceitos.
Ora, “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras, e as observa, será comparado ao homem sábio, que edificou a sua casa sobre a rocha. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e assopraram os ventos, e combateram aquela casa, e ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. E todo o que ouve estas minhas palavras, e não as observa, será comparado ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e assopraram os ventos, e combateram aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína.” (Mateus, VII: 24-27 e semelhante em Lucas, VI: 46-49).
Isso quer dizer que são as ações, os atos e atitudes - e não o verbo -, que evidenciam que a prática da lei do amor ao próximo engrandece o homem.
Será pelas ações, atos e atitudes que cada ser humano demonstrará que é um homem de bem, enquanto aquele que respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem respeitados.
O verbo, as palavras, se perdem com o vento, porque, como disse o apóstolo Tiago (cap. 2, v.17) “a fé sem obras é morta em si mesma”. Em contrapartida, os exemplos, as ações, marcam-nos de forma indelével.
Nosso maior exemplo é Jesus que nos trouxe não só os ensinamentos que indicam a maneira de como o homem deve viver, buscando seu crescimento espiritual por meio da reforma íntima, mas, sobretudo, viveu da maneira como pregou, dando-nos o exemplo da prática sincera da lei do amor e da caridade.
Cabe dizer, pelo exemplo pessoal - e não só pelas palavras - Jesus nos inspira a entrar em um caminho espiritual. É assim que, para que não sejam considerados como lobos em pele de cordeiro, os homens devem ser aquilo que parecem ser ou, pelo menos, não parecer o que não são.
Nessas condições, inevitavelmente, feliz será o homem que ensinar o que sabe e colocar em prática aquilo que ensina.
Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.