A agonia do Capitalismo

O Capitalismo surgiu com o fim do Regime Feudal na França e, mais tarde, irradiou-se para outros países europeus.

Aparentemente, o Capitalismo seria a “luz no fim do túnel” que apontava a solução para os imensos problemas sociais de então.

O impulso do Iluminismo [movimento intelectual surgido no século XVIII na Europa, que defendia o emprego da razão (ou luz) contra o Antigo Regime (ou trevas) e pregava maior liberdade econômica e política] na direção de reformas que se centravam no indivíduo, intensificou os conflitos, reforçou a adesão da aristocracia aos ditames da lei, inspirados no “Espírito das Leis”, de Montesquieu, assim como o nascimento do conceito de boa governança, bem descrito no “Contrato Social”, de Jean-Jacques Rousseau, de 1762.

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Jean-Jacques Rousseau -1712-1778

É claro que outros pensadores e filósofos inspiraram os iluministas. De início vale citar os líderes do pensamento científico, como o francês René Descartes (1596-1650) e o britânico Isaac Newton (1643-1727). Não se pode esquecer de alguns dos filósofos da Antiga Grécia, tais como Platão e Aristóteles que ainda hoje influenciam diferentes correntes do pensamento humano. Vale citar os nomes dos principais pensadores do Iluminismo que, com suas obras e ensinos influenciaram os fatos. Embora, grande parte desses nomes tenha origem francesa, há também pensadores de outras origens. São eles:

§  John Locke, britânico (1632-1704);

§  François-Marie Arouet, o Voltaire, francês (1694-1778);

§  Jean-Jacques Rousseau, suíço (1712-1778);

§  Charles-Louis de Secondat, o Montesquieu, francês (1689-1755);

§  Denis Diderot, francês (1713-1784);

§  Adam Smith, britânico (1723-1790).

Era patente que o Feudalismo estava agonizante. O evento-símbolo dessa agonia foi a “Queda da Bastilha”, ocorrida em 14 de julho de 1789, em Paris, em meio a uma atmosfera de revolta popular. A Bastilha tinha sido uma antiga fortaleza medieval transformada em prisão política pela Monarquia. Apesar do evento-símbolo da Revolução ter acontecido em julho de 1789, dando início ao processo de mudanças, os fatos que concretizaram de fato a Revolução se passaram ao longo de mais de 10 anos: entre maio de 1789 e novembro de 1799.

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Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789 

O ocaso do Feudalismo 

A Revolução Francesa teve diferentes causas lastreadas em diversos fatores. A principal delas estava relacionada com uma questão cultural, a questão da autoridade. A filosofia do Iluminismo esvaziava de autoridade a Monarquia e a Igreja Católica e promovia o surgimento de uma nova sociedade baseada na razão em lugar de outra baseada nas tradições. 

O último monarca absoluto francês do período feudal, Luís XVI, foi executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793. Sua esposa, Maria Antonieta, teve o mesmo destino 9 meses depois.

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Luís XVI, último rei absolutista de França 

Estava claro que o regime tinha mudado. Estava implantada uma monarquia constitucional, algo novo na Europa até então. Havia também um Parlamento, a Convenção Nacional que foi aprimorada, com base na nova Constituição, em 1795, com a criação de um Parlamento bicameral. 

Quem dirigiu, de fato, a nação entre 1793 e 1794 foi Robespierre, influente advogado e político de então. Depois de sua derrubada e execução por traição, um conselho, o Diretório, dirigiu o país até 1799, quando Napoleão assumiu o controle que, com um golpe de estado, passou a ter total controle sobre o Diretório. Governou até 1814. O início do governo de Napoleão marcou o fim da Revolução Francesa. 

Mesmo durante e após a Revolução que, teoricamente, mudou os rumos da vida dos povos, é fácil observar que nada tinha sido alterado e quem continuava a manobrar os cordéis de controle das instituições era ainda uma elite. O povo, pobre povo, continuava longe de poder ver seus interesses defendidos e alcançados. As três palavras-símbolo da Revolução Francesa, “Liberté, Egalité, Fraternité” (Liberdade, Igualdade, Fraternidade) que hoje estão representadas nas 3 cores da bandeira da França, jamais foram postas em prática na vida real dos franceses e de muitos outros povos. 

Fato marcante do século XIX foi a expansão colonial de países europeus sobre terras da América, da África e do sul da Ásia. A rigor, as colônias africanas eram, desde o século XVI, as principais fontes de mão-de-obra escrava para trabalho nos países-sede e nas fazendas de outras colônias, especialmente nas Américas. O tempo mostrou que o resultado da Revolução Francesa bem que poderia ter sido “Lucro, Lucro, Lucro”, sem qualquer preocupação social. 

Com o fim da escravidão por pressão, sobretudo, da Grã-Bretanha que defendia o direito dos ex-escravos consumirem seus produtos exportados mundialmente, surgiram as classes pobres nas antigas colônias. A remuneração paga aos ex-escravos, agora trabalhadores não especializados era, de fato, muito baixa. Desta forma, pobreza espalhou-se pelas antigas colônias do mundo Ocidental.  

Passou-se pouco mais de um século e hoje é evidente a miséria de enormes contingentes populacionais, especialmente na América Latina, África e Sul da Ásia, onde vivem cerca de 3 bilhões e meio de almas. Fato curioso é que em todas essas áreas foi implantado o regime capitalista. O fracasso social nessas áreas do mundo nada mais é que o fracasso do capitalismo. 

Há exceções, obviamente. Países europeus de menor disparidade social são aqueles em que se implantou a social-democracia. A social-democracia é uma ideologia política, social e econômica que apoia as intervenções sociais e econômicas do Estado para promover a justiça social em uma estrutura de governo em uma economia capitalista.  

Infelizmente, a economia capitalista comum está longe de se preocupar com a questão social. Pode-se contar nos dedos das mãos o número de países que pratica a social-democracia: Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Canadá, Áustria e talvez a Alemanha.      

Resumindo os fatos: o capitalismo não funciona em 96 % dos países do mundo e para 99,2% da população mundial. Pouco adiantou a substituição do Feudalismo pelo Capitalismo. Há que se encontrar um outro sistema realmente mais justo que os dois. 

A economia capitalista chegou até nós inteiramente viciada. Há no centro dela, um sistema financeiro recheado de bancos cada vez mais ricos sem que tenham produzido um prego sequer. Os bancos se limitam a captar dinheiro de outros e canalizá-lo a tomadores de recursos. Nessas operações, os bancos cobram juros inflados e, com essa operação estéril, os bancos constroem seu lucro.  Evidentemente, o dinheiro próprio dos controladores dos bancos fica fora dessa ciranda de má índole.

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Wall Street, o distrito financeiro de Nova York

O sistema financeiro tem ainda o braço ocupado pelas seguradoras. As seguradoras são tidas como protetoras das empresas, seus negócios, seu patrimônio, dos acidentados, dos mortos e de seus descendentes.  Baseados em índices de probabilidades manipulados, os prêmios de seguros incluem o custo operacional dessas empresas e sua absurda taxa de lucro. Ao fim e ao cabo, os clientes das seguradoras pagam valores inteiramente descolados do razoável, tornando as seguradoras um negócio altamente rentável, totalmente incompatível com o serviço prestado. 

O braço industrial no capitalismo 

Indústria bélica 

Um dos principais ramos do braço industrial do capitalismo é o da produção de armamentos cada vez mais recheados de tecnologia. Este setor depende do clima de tensão predominante e mesmo da existência de guerras abertas. Assim, alguns estados, dentre eles o maior país capitalista da atualidade, têm agido como indutores da violência entre estados, entre grupos divergentes dentro de um mesmo estado e da violência urbana ou rural causada pela injustiça social em diferentes áreas do globo. A simples observação do mundo em que vivemos demonstra a veracidade dos mecanismos que demandam a fabricação de cada vez mais armas. Assim, a produção de armamento, é um setor do capitalismo com atividade crescente e, por certo, cada vez mais rentável. 

Indústria farmacêutica

Outro ramo do capitalismo cada vez mais lucrativo é a indústria farmacêutica. Esse ramo depende da existência de doenças. A cura dessas doenças implica em menor demanda de medicamentos e perdas para a indústria farmacêutica. Assim, para o capitalismo dos dias de hoje, é necessário que o ambiente em que vivemos e as necessidades da população sejam grandes causadores de doenças disfarçados e desmentidos pela mídia submissa ao capital. Os fatores-chave responsáveis por altos níveis de insalubridade são:

  • O ar que todos respiramos cada vez mais sujo, irrespirável e agressivo ao organismo de seres vivos. Aparentemente, existe um pacto entre a indústria farmacêutica e a indústria automobilística para provocar cada vez mais doenças respiratórias nos moradores das grandes cidades;
  • A água que todos usamos em diferentes aplicações cada vez mais poluída e causadora de doenças;
  • A própria composição dos medicamentos inclui elementos nocivos à saúde humana;
  • O emprego de tóxicos na agricultura e sua quantidade é cada vez mais promotor de doenças;
  • O aumento das doenças crônicas garante o faturamento da indústria farmacêutica;
  • A tensão emocional causada pelas condições de segurança em grandes extensões mundo afora tem levado à doença.

 Indústria automobilística

Apesar da falta de espaço cada vez mais aguda nas grandes cidades do mundo, a propaganda institucional tem tornado a posse e o uso de automóveis um objetivo dos cidadãos do mundo. Mesmo sabendo que cada vez mais a mobilidade urbana é dificultada pelo excesso de veículos e pela manutenção dos mesmos espaços de circulação, as pessoas insistem, talvez por uma questão de status ou outra causa ainda não dimensionada, em ter um veículo.

Os mesmos percursos feitos de automóvel feitos nas horas do movimento, se feitos de bicicleta ou usando os meios de transporte coletivos resultam em tempos mais prolongados e custos bem mais altos. Ainda assim, bom número de cidadãos, mormente em cidades de países periféricos.

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Trânsito engarrafado em São Paulo – perda de tempo

Indústria Alimentícia

Há ainda mais um ramo do braço industrial do capitalismo. Trata-se da indústria de alimentos. Esta indústria processa alimentos agregando a eles compostos químicos agressivos à saúde dos seres vivos.  Para citar apenas alguns poucos exemplos temos as carnes e frios processados que recebem conservantes e corantes, dentre outros aditivos. Os principais exemplos de alimentos industrializados de maior consumo são:

  • Laticínios;
  • Manteigas;
  • Bebidas prontas (sucos, refrigerantes e outras);
  • Sopas em pó;
  • Molhos prontos;
  • Salsichas, presuntos e outros frios;
  • Salgadinhos;
  • Biscoitos e outros.

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Biscoitos industrializados
 

Este é o quadro do capitalismo neste início do século XXI. Este quadro mostra que o sistema imaginado como “a luz no fim do túnel”, no fim do século XVIII e que levou à Revolução Francesa não se realizou. O capitalismo é um imenso fracasso. A pobreza, a miséria, a injustiça, a doença e a violência proliferam de norte a sul em nosso mundo. Os membros da pequena burguesia, que julgam ter sua situação pessoal resolvida, de forma egoísta, pouco se importam com a situação de bilhões de outros seres humanos. Para essa pequena burguesia, o capitalismo funciona e é a melhor solução. Esses pequenos burgueses não são capazes de perceber que o lema da Revolução Francesa – Liberté, Egalité, Fraternité – não se concretizou.

Há, portanto, que se encontrar um outro sistema realmente mais livre, igual e fraterno que o que aí está.

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