Embora seja democrática a reivindicação do coletivo de jornalistas de Macaé e região por um Conselho Municipal de Comunicação Social na autodenominada capital brasileira do petróleo, a luta prioritária de tal categoria profissional tem que ser em prol de um sindicatão nacional unificando os trabalhadores das empresas de Comunicação Social e das Indústrias Gráficas.
Isso ocorre com os patrões que estão unificados em duas poderosíssimas entidades sindicais nacionais, a Associação Nacional de Jornais e revistas (ANJ) e a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT). Aliás, uma vez que a História é a história da luta de classes, os patrões têm se revelado politicamente muito mais conscientes.
Haja vista, na área da Comunicação Social ou da mídia, em meio a estória corporativista que acabou apelidando tal estratégico & imprescindível setor de produção como ‘4º poder’, os patrões sempre demonstraram ter consciência de que política é economia concentrada na força do capital, que é o que a classe social dos empresários ou patrões têm.
Daí, porque apesar de fundada em 1908 com o propósito de organizar os trabalhadores, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) quem tem força política são os patrões que sempre bloquearam as reivindicações dos empregados, mesmo durante a ditadura militar (1964-1985). Nessa época chamada de os anos de chumbo, o já falecido & arrependido apoiador da ditadura, o jornalista-empresário Roberto Marinho (1904-2003) se impunha ante os ‘gorilas’: “Deixem em paz os meus comunistas” se referindo aos jornalistas da Globo perseguidos pelo ditatorial regime.
Por outro lado, em Macaé que anteriormente à ditadura militar era conhecido como a Pequena Cuba, Moscouzinho ou Princesinha do Atlântico Eterna, um jornalista-empresário que é não concursado servidor aposentado do Legislativo Macaense chegou a mentir ter sido ‘perseguido’ pela ditadura. Tal patrão sempre se utilizou da Associação Brasileira de Jornais do Interior (ABRAJORI) pra obter delações junto a sempre patronal diretoria do Sindicato dos Jornalistas sediado em Niterói acerca do perfil ideológico dos jornalistas de fora de Macaé contratados por tal jornal impresso e ultimamente portal da capital brasileira do petróleo e região.
Quanto à reivindicação de um Conselho Municipal de Comunicação Social feita pelo Coletivo de Jornalistas de Macaé e região, trata-se de um mecanismo advindo da constituição Federal de 1988 a ‘constituição cidadã’. A qual erigiu durante o regime presidencialista brasileiro a Nova República(NR) que conta com mecanismos de leis impostas pela dominação mais avançada do sistema capitalista mundial, o imperialismo, como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Ou seja, erigida com apoio inclusive de instituições multilaterais dominadas pelo imperialismo como a ONU, a LRF tem como finalidade a apelidada austeridade. Isto é, tirar os recursos financeiros-econômicos- orçamentários das prioridades sociais dos trabalhadores para colocá-los a serviço dos pagamentos das dívidas externa e interna. Compensatoriamente, o regime da NR trouxe supostas modernidades como o orçamento participativo (OP) e os governos de conciliação & colaboração de classes com a burguesia comandados pelo PT. Ou seja, o modo petista de governar que deu no que deu.
Assim, o regime NR significou a ‘modernidade’ de combinar LRF, modo petista de governar e OP cujo ciclo histórico se encerrou com a vitória do presidente eleito que é nazifascistoide, mas disfarça ao imiscuir tais princípios da direita com demagogia populista, Bolsonaro (PSL). Como em Macaé o bolsonarismo foi vitorioso nos dois turnos, acabaram sobrevivendo 11 Conselhos Municipais enquanto ilusórios mecanismos de participação popular.
E uma vez que, a despeito de estarem unificados com os igualmente explorados colegas radialistas na Associação dos Trabalhadores nas empresas da área de Comunicação social de Macaé (ATRACOM), o autodenominado Coletivo de Jornalistas de Macaé e Região está reivindicando a implantação do Conselho Municipal de Comunicação Social na atualmente intitulada em termos de marketing, capital brasileira do petróleo. Entretanto, a urgente & prioritária luta tem que ser por um sindicato nacional que unifique os trabalhadores das empresas de Comunicação Social e os das Indústrias Gráficas.
*jornalista – foi presidente da comissão eleitoral de fundação da ATRACOM.