Chegou a primavera, ainda que com cara de verão, e veio outubro e está chegando o dia da criança. Primavera, tempo de renovação, de vida que desabrocha, de esperança de tempos melhores. Isso tudo não é sinônimo de criança? A criança é a única esperança de que o ser humano tem de ser melhor, ter um mundo sem violência, com mais saúde, educação e meio ambiente preservado, de aprendermos a cuidar melhor da natureza, para que haja uma perspectiva de futuro. E o mundo precisa de muitos e muitos meninos para ensinarem aos homens que podemos e devemos salvar a natureza... Se os adultos de hoje souberem cuidar de nossos meninos e meninas, proporcionando uma educação decente e uma vida digna, com bons exemplos – nada a ver com o que vemos, hoje, em nossa sociedade, em nossa “política” – as nossas crianças terão perspectiva de poder lutar por um mundo melhor amanhã. Mas temos que começar agora.
Não queria dar brinquedos de presente, apenas, para as crianças, no seu dia. Queria poder dar, para as crianças de hoje e de amanhã, rios vivos, limpos e claros, ar puro, alimento sem contaminação de agrotóxicos e produtos químicos, estações definidas, climas amenos, natureza preservada.
No entanto, não posso evitar que nossas crianças vejam desastres ecológicos por desrespeito à natureza, violência e falta de moral, falta de humanidade e de consciência, decorrentes da ganância, da falta de responsabilidade e de respeito ao ser humano e ao planeta em que vivemos e da miséria.
Os adultos, todos, até os donos do poder – principalmente eles, talvez – deviam ser mais crianças, para serem mais honestos, mais responsáveis, mais humanos. E quanto às crianças, se eu pudesse dar-lhes um conselho, pediria que crescessem, sim, mas que não se transformassem em “gente grande”: que fossem apenas GENTE. E que nunca, jamais, deixassem morrer a criança dentro de seus corações, seja qual for a idade que tenham.
Pois é da criança que emana a vida, alento, felicidade, poesia. É isto que brota de mãos pequeninas e faísca de olhos de luz de pequeninos seres que chegam a este mundo que temos o dever de tornar melhor para que eles tenham um futuro melhor que o nosso.
Pequeno grande mundo que pode ser mais feliz, pois enquanto houver criança, teremos a certeza de que Deus ainda tem alguma confiança no ser humano...
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Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 38 anos em 2018. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://lcamorim.blogspot.com.br