Originalmente, segundo as especulações religiosas, a frase ‘na paz do senhor’, significa um desejo de que a pessoa esteja na ‘companhia de Jesus.’ Tudo bem, mas estar na ‘companhia de Jesus’, também contém a mensagem subliminar de não estar na companhia do outro, daquele que a maioria das religiões alimenta para submeter os fiéis ao medo, a impotência intelectual e a inanição política.
As igrejas ensinam e pregam que existe alguma coisa nas trevas pronta para entrar e invadir a nossa casa. As portas devem estar fechadas e protegidas para que a ‘coisa’ fique do lado de fora e não perturbe a paz e a harmonia. No caso em questão a casa é a consciência crítica, esta não pode ficar livre e desimpedida para analisar fatos, deve sempre estar subordinada aos interesses dominantes. As portas dessas ‘casas’ possuem a proteção da subserviência de seus moradores obedientes e doutrinados pela cartilha maniqueísta, opressora e homofóbica.
Os ministérios eclesiais não diferem muito dos ministérios políticos no que diz respeito aos impedimentos do crescimento da massa do bolo. O ministro da educação do governo Temer estuda excluir filosofia, sociologia e artes do ensino médio, depois das eleições, claro. Qual a finalidade disso? Seria a criação ‘anticonspiratória’ da ‘escola sem partido’?
Os falsos profetas desse governo golpista querem mandar para o fuzilamento qualquer possibilidade de surgimento de uma geração de jovens conscientes e politizados. Querem que a juventude fique perdida em mundos alternativos longe das citações de filósofos como Karl Marx e Antonio Gramsci; educadores como Anísio Teixeira e Paulo Freire; longe de revolucionários poetas como José Martí e Vladimir Maiakovski; de líderes de esquerda como Fidel Castro e Luís Inácio Lula da Silva e de artistas engajados como Taiguara e Bob Marley.
Ateísmo à parte, mesmo porque Deus existe por convicção e não por provas, desejo que todos estejam na sublime paz do senhor, não aquele senhor que escraviza, manipula, exclui, pune e cega, mas o senhor da liberdade de pensamento, comportamento e da diversidade.
Ricardo Mezavila
Autor do livro “As conversas que tivemos ontem”