Todos nós – pelo menos penso que posso falar por muitos -, têm acompanhado a onda de violência desenfreada com indignação e, até incredibilidade, de que um ser humano possa cometer atos de tamanha crueldade com o outro. Que tempos bárbaros são esses? Onde foi que erramos? São muitas as respostas, porque são muitas as coisas que estão fora da ordem social. Uma moça, funcionária de um supermercado, foi assassinada covardemente, à luz do dia, por bandidos que levaram a mochila contendo dinheiro da empresa.
Um funcionário transportar pequenas somas para serem depositadas em um banco é comum, porém não é aconselhável. Agora, um funcionário transportar valor considerável dentro de um fusquinha... Por que não contrataram um carro forte? As vidas da funcionária Mariana dos Santos da Silva, 24 anos, e do segurança Antenor da Silva Rios Neto, 47, tiveram o trágico fim, cada vez mais comum nas cidades. .
Vivemos dias de turbulência política, de panelaços e manifestações; dias de Cerveró, Cunha e Renan; dias de impeachment e intervenção; de Lobão e Bolsonaro. Este é o cenário onde as aberrações acontecem. Sem entrar no mérito, mas a sociedade dominante perdeu muito tempo vivendo dias de cigarra, esqueceu que as formigas trabalham, mas têm limites. Estão ocupando as ruas reagindo em causa própria. Por que essa gente não bateu panelas enquanto tinha gente passando fome?
Refletindo sobre essa guerra inominável, posto que está em todos os níveis, lembro do quadro Guerra e Paz, de Portinari. A guerra representada por rostos tristes, que lamentam a morte. A paz exibe crianças e trabalhadores que vivem sem violência. Esse contraditório é que movimenta os interesses nos bastidores: Se a guerra interessa mais a uns, a paz interessa menos a outros. Por isso vivemos uma guerra que faz com que os olhos da garota, aquela apedrejada por intolerantes, transmitam medo; enquanto a paz espera pela restauração de um artista de outro planeta.
Ricardo Mezavila
Escritor