UM CASO DE XENOGLOSSIA - MEDIUNIDADE POLIGLOTA

“Ainda que certos fenômenos possam ser provocados, eles, pelo fato de provirem de inteligências livres, não se acham absolutamente à disposição de quem quer que seja; e quem se disser   capaz   de   obtê-los,   sempre   que   queira,   só   provará ignorância ou má fé. É preciso esperá-los, apanhá-los em sua passagem, e, muitas vezes, é quando são menos esperados que se apresentam os fatos mais interessantes e concludentes.”

Allan Kardec – O Que é o Espiritismo?

O termo “xenoglossia” foi  proposto pelo professor e escritor Charles Richet, médico e fisiologista francês, pesquisador de fenômenos psíquicos, criador da Metapsíquica e Prêmio Nobel de medicina de 1913, com o intuito de distinguir, de modo preciso, a mediunidade poliglota propriamente dita, pela qual os médiuns falam ou escrevem em línguas que eles ignoram totalmente  e,  às vezes,  também, ignoradas  de  todos  os  presentes,  dos casos afins, contudo,  radicalmente diversos, da “glossolalia”, nos quais  os pacientes sonambúlicos, falam ou escrevem em pseu- dolínguas inexistentes, elaboradas nos recessos de suas subcons- ciências, pseudolínguas que não raro se revelam orgânicas, por serem conformes às regras gramaticais.

Xenoglossia –  do Grego, Xenon = estranho, estrangeiro + Glossa = Língua.

Do ponto de vista da classificação dos casos, os fenômenos de xenoglossia se produzem nas seguintes modalidades, com várias características extrínsecas:  com  a  Psicofonia (médium  falante); com a mediunidade audiente (clariaudiência), caso em que o médium repete foneticamente as palavras que subjetivamente percebe;  com  a  psicografia  (médium  escrevente);  com  a  voz direta (efeitos  físicos  ou  ectoplasmia)  e  com  a  escrita  direta. Neste último caso, trata-se, quase sempre, de mãos materi- alizadas,  visíveis  ou  invisíveis,  que  escrevem  diretamente as suas mensagens. Acrescenta-se ainda, finalmente, os poucos casos de  fantasmas  materializados,  que  escreveram  ou  falaram em línguas completamente ignoradas do médium.

Além de Charles Richet, que abordou pioneiramente o assunto em seu livro Tratado de Metapsiquica, também, o renomado escritor e pesquisador espírita de Genôva, na Itália, Ernesto Bozzano, com mais de cem abras publicadas, explorou bastante esse tema  para- normal, em duas de suas notáveis  obras: “Literatura de Além Túmulo” e “Xenoglossia.” Nesses livros, o autor relata numerosos casos da mediunidade poliglota, ocorridos  em  vários  países  da Europa e na América do Norte. Entre eles destaca-se o caso dos médiuns musicistas Florizel Von Reuter e sua mãe, sendo ambos médiuns escreventes, comparáveis aos melhores que existiam em sua época. Os dois médiuns inicialmente, praticavam exclusi- vamente para se instruírem e não tardaram a obter ótimas provas de identificação espirítica; Von Reuter, porém, não deixava de sentir-se atenazado por toda sorte de perplexidades e dúvidas que, no seu espírito, fomentavam as objeções capciosas.

Assim foi que ele recebeu mensagens em quinze línguas diferentes, de cujo número, entretanto, deveriam excluir-se às que lhes eram mais  ou  menos  conhecidas  e  de  sua  mãe,  ambos  notáveis poliglotas, pois, com efeito, conheciam, além do inglês, que era a língua  materna  dos  dois,  o  alemão,  o  francês,  o  espanhol,  o italiano e um pouco do sueco e do latim. No entanto, receberam por   psicografias   mensagens   em   russo,   húngaro,   norueguês, polonês, holandês, lituano, irlandês, persa, árabe e turco.

UM CASO DE XENOGLOSSIA, MEDIUNIDADE POLIGLOTA EM BLUMENAU SANTA CATARINA – BRASIL.

Durante  a  nossa  participação  no  primeiro  FOREBLU, nos dias
13,14  e 15 de setembro de 2013, que teve lugar na cidade de Blumenau – Santa Catarina, durante as palestras que se sucediam por diferentes expositores, o médium de psicografia, José Araújo exercia a atividade psicográfica. Fui convidado pelo mesmo para sentar-me ao seu lado, na mesa disposta na lateral do palco, onde ocorriam  as  palestras. Assim, pude  assistir bem  de  perto  ao fenômeno de psicografia mecânica, quando o médium escrevia em velocidade célere. Primeiro varias laudas, em idioma francês que fora assinada, ao final da escrita paranormal, pelo espírito de Remy Chuvin endereçada ao Pe. François Brune que reside em Paris.  O  suposto  espírito  comunicante  me  solicitava  enviar  a missiva  a este,  nosso amigo comum, François Brune

Em seguida, assisti a mais um transe psicográfico. Desta vez a mensagem era escrita em idioma português e atribuída ao espírito de Hemendra Nat Benerjee, renomado pesquisador, indiano que viveu na cidade de Jaipur, no estado de Rajasthan, que se notabilizou com as pesquisas empreendidas em torno do fenômeno da reencarnação. Autor da hipótese  da memória extra cerebral, o espírito do eminente pesquisador,   já  havia  se  comunicado antes,  outras  vezes,  pelo  médium José Araújo. Embora tivesse tido conhecimento a respeito desse fato, era a primeira vez que eu assistia, à manifestação do referido espírito comunicante, através da psicografia do médium.

Diante do que pude observar, o transe foi intenso, com expressiva velocidade, em fluxo continuo, sem nenhuma interrupção em qualquer momento da escrita.

Ao final, observei que o comunicante assinalava ao papel uma outra construção na escrita, apresentando diante aos meus olhos, um outro idioma diferente do nosso. Fez a primeira inserção, para mim  desconhecida  e,  acrescentou  após esta, as  palavras  em português:  “para todos”. Em seguida, sem nenhuma parada no punho, assinalou uma frase inteira, no mesmo idioma desconhecido. Importante assinalar que, não era em alfabeto de dígitos como o que conhecemos, nas línguas latinas. Contudo, ao final,  declinou  o  nome  em  língua  portuguesa,  Hamendra  Nat Banerjee, encerrando assim a psicografia.

Após a minha participação no FOREBLU, de posse da psicografia do médium José Araújo, procuramos um meio de comprovação da autenticidade daquela mensagem ou pelo menos como averiguar a veracidade daquela interseção em outro idioma desconhecido do nosso. Em Fortaleza, procuramos um casal amigo, indianos de nascimento e brasileiros naturalizados, o Dr. Harbans Lal Arora e a sua esposa Wed Kumari Arora,  junto aos quais nutrimos afetuosa amizade há cerca de 9 anos.

Acreditávamos que eles, pertencentes ao mesmo país de origem do comunicante Hamendra Nat Banerjee, poderiam dar-me alguma informação mais segura a respeito daquela psicografia.

Para que não houvesse dúvidas sobre a assinatura grafada naquele idioma, para nós desconhecido, procedemos previamente à exibição apenas da assina- tura, sem o conteúdo psi- cografado, bem como ocul- tamos,  também,  o  nome que foi escrito abaixo em idioma português. Prepara- mos, assim, antecipadame- nte, duas cópias,  colocan- do  na  parte superior do
papel-A4, apenas a assinatura, que desconfiávamos estar escrito em idioma indiano, (conforme disposto abaixo). Contudo, precisá- vamos de uma certificação. O restante do papel ficou em branco. Apresentamos duas folhas idênticas ao casal, sem mencionar nenhuma palavra sobre o que se tratava. Inopinadamente eu lhes perguntei se eles reconheciam o que estava escrito no frontispício daquelas duas folhas de papel?

A resposta veio instantânea:  “aqui está escrito em idioma hindi, a palavra “Shanthi,” que quer dizer “Paz” que se completa em idioma português com a frase   “para todos”, abaixo está escrito Hamendra Nat Banerjee, - é  uma assinatura, trata-se de o nome de uma pessoa” - a resposta se fez ouvir sem nenhuma hesitação.

A Sra. Wed Arora, em ato contínuo, quis apanhar uma caneta para demonstrar-me o nome que se encontrava ali assinalado. Então, redargui, dizendo-lhe não ser necessário, pois eu já tinha conhecimento do nome em português. Então, perguntou-me ela, demonstrando-se  com  surpresa na  voz,  “se  já sabias,  por que então estás nos perguntando”?

Respondi que não tinha certeza se o nome grafado em hindi, era autêntico e se estava escrito corretamente. Ao ocultar o nome em português nem eles nem eu, teríamos qualquer dedução previa e, assim, se eles confirmassem nasceria simultaneamente uma dupla certeza  entre  nós. Foi  somente  depois  dessa  resposta,  então, que lhes revelei tratar-se de um fenômeno mediúnico de psico- grafia mecânica e que a assinatura fora produzida por um médium de Blumenau,  que não  conhecia o  idioma  e  que  eu  estava  ao seu lado, presenciando acontecer o fenômeno.

Após relatado o ocorrido, solicitei ao casal uma declaração, autenticando o fato do reconhecimento da assinatura em idioma hindi. Imediatamente a Sra. Wed Arora o fez do próprio punho, produzindo assim o documento, em anexo.

Surpreendente, também foi o fato de saber que a Sra.Wed Arora, havia juntamente com o seu esposo Harbans, morado e lecionado na cidade de Jaipur, em Rajasthan, na mesma cidade e estado onde viveu o Dr. Hamendra Nat Banerjee. A constituição da India reconhece 22 línguas oficiais, além de mais de uma centena de dialetos. O hindi, na escrita devanagari, é reconhecido como o idioma oficial do governo, é também uma língua falada em seis estados, entre eles o de Rajasthan. Eles também me revelaram que conheciam o Dr. Banergee de nome e sabiam sobre as suas pesquisas, contudo, não o conheceram pessoalmente, portanto, não privaram da sua amizade.

Após terminado a declaração, escrita no mesmo papel, o casal assinou os seus respectivos nomes em português e em seguida abaixo em idioma hindi, conforme fez  Hamendra Nat Benerjee.

Outro fato digno de registro foi que, ao nos despedirmos daquele encontro inesquecível, de reconhecimento de um caso de xenoglossia e  da mediunidade  poliglota,  quando  nos dirigíamos ate o portão, uma atmosfera de perfume de jasmim de aroma bastante intenso fora sentido por nós quatro, demorando por mais de cinco minutos. O casal lembrou-se com muita emoção que, em sua casa em Jaipur, eles possuíam um pé de jasmim que exalava constante  perfume  em época de floração. Entretanto,  na casa onde estávamos, não havia jasmim nem no jardim, nem na vizinhança.

De posse do documento, eu e meu filho Tiago Nunes, dias depois, nos dirigimos ao cartório de Fortaleza –  Ceará e procedemos ao reconhecimento das firmas das duas assinaturas, conforme apre- sentadas no documento.

QUEM É O MÉDIUM JOSÉ ARAÚJO.

Nascido em Recife - PE, em 17 de novembro de 1964, José Fernando de Mendonça Araújo sentiu suas primeiras manifestações mediúnicas aos nove anos de idade, quando escrevia textos cuja  “autoria” o mesmo desco- nhecia.  Possui diversas faculda- des mediúnicas, como psicografia mecânica, psicofonia, vidência, clauriaudiência e a xenoglassia, além da paranormalidade anìmimica de psicometria. Há mais de 30 anos vem estudando  e  se dedicando  ao  espiritismo.  Fundou,  juntamente com sua esposa Eunice Cipriani, o Centro Espírita CEIL Recanto do Saber na cida- de  de  Blumenau  –Santa  Catarina  -  Brasil.  Possui vários  títulos publicados,  alguns psicografados outros  de  sua autoria própria.

QUEM È O CASAL HARBANS LAL ARORA E WED KUMARI ARORA. AUTENTICADORES DA ASSINATURA PSICOGRAFADA EM HINDI.

Indiano de nascimento e brasileiro por opção, Harbans Lal Arora é professor, físico e cientista, filósofo humanista. Possui  um  talento  excepcional  para unir Ocidente e Oriente, através da integração entre Ciência e Espiritu- alidade, entre Conhecimento e Sabe- doria, fazendo uso de uma abordagem holística do desenvolvimento humano. Como escritor, mostra a convergência entre a Ciência Moderna e o Yoga Mile- nar, além de oferecer aspetos práticos de aplicação desta combinação na vida cotidiana, na terapia integrada e  na operação e funcionalidade harmoniosa das mais diversas organizações.

O professor Harbans Arora é, também, o fundador do Instituto de Terapia Meditacional Integrada–ITEMI - cuja equipe vem aplicando as técnicas orientais de meditação, em complemento às terapias médicas convencionais, visando à otimização do tratamento  de diversas  enfermidades físicas e psicológicas.  Harbans Lal Arora  é PhD em Física Quântica pela Universidade de Waterloo, Canadá, e nas Universidades da Alemanha e da Índia.

É professor titular (aposentado) do Departamento de Química Analítica e Físico-Química, e do Núcleo de Processos Energéticos e Industriais da Universidade Federal do Ceará - UFC.

É, também, conferencista internacional, escritor e consultor de diversas  organizações  nacionais  e  internacionais  nas  áreas  da Saúde, Educação e Ecologia. Consultor da FAO, OLADE e BID para a América Latina e Caribe nas áreas de Energia Renovável e Desenvolvimento Sustentável.

Wed Kumari Arora, é Diretora e  Profes- sora de Yoga no Instituto Indiano de Yoga Vivekananda, em Fortaleza - CE, desde
1976. Ministra Cursos, Palestras, Confe- rências, Workshops em Yoga, Yogate- rapia, Recursos Humanos, Manuseio do Stress, Saúde Integral. Especialista em Yoga na Educação Física, e Yoga  Para   a Terceira  Idade  em  vários  países,  no Brasil, Uruguai, El Salvador, Guatemala, Argentina e França.

Co-autora do livro: Terapias Quânticas: Cuidando do Ser por Inteiro, Editora Qualitymark (2007), Rio de Janeiro. Atividades Voluntárias: aulas de yoga para terceira idade no Lar Fabiano de Cristo, desde 1997 e no Instituto dos Cegos

CONCLUSÃO

A percepção contida no texto de Allan Kardec, descrita após o título deste artigo, de que os fenômenos espíritas embora sejam produzidos por uma mente livre não estão no nosso controle, neste caso  se confirma com muita precisão.  A sua afirmação de que diante dos fenômenos: “...é preciso esperá-los, apanhá-los em sua passagem, e, muitas vezes, é quando são menos esperados que se apresentam os fatos mais interessantes e concludentes”, isto é o que se fez evidente neste caso de xenoglossia, ocorrido em Blumenau-SC, com o médium José Araújo,  pois foi exatamente desta forma que aconteceu.

Foto do Espírito comunicante, autor da assinatura em hindi, Prof. Dr. Hemendra Nath Banerjee (1929-1985), Quando viveu na Terra, foi Diretor do Departamento de Parapsicologia da Universidade de Rajasthan, em Jaipur, na Índia, iniciou uma série de investigações acerca de diversos casos de crianças que se lembravam  de  suas vidas anteriores,  cerca de três mil casos catalogados. Tais casos são  numerosos  na  Índia,  bem  como  em  diversos  países  do Oriente: Burma, Líbano, Sri Lanka, Turquia, e outros.

Trabalho apresentado no 2° FOREBLU – Fórum Espírita de Blumenau
– Santa Catarina – Brasil em 13 de setembro de 2014 às 12:30h. Em anexo a mensagem completa digitada e psicografada (digitalizada).

Clóvis Souza Nunes
Escritor e conferencista internacional, Pesquisador de fenômenos paranormais.

ANEXO I – MENSAGEM PSICOGRÁFICA DIGITADA

Caros irmãos Ney Prieto Peres, Dra. Júlia e todos presentes.

Ney aqui esta o nobre Homero Pinto Valada, que testemunhou, no ano
1981,  onde  proferia  sua  palestra  e  foi  interrompido  com  nossa chegada, e  por  ocasião  do  aniversário  da  Margit,  onde  calorosos aplausos tomaram conta de todos nós; e a menina Juliane ofertou flores. Aqui nosso mentor e coordenador de nossa equipe científica é o Dr. Hernani, que está impossível pedindo para que muitos de nós falem (quer  dizer,  se  pronunciem),  informa  que  aqui  está  o  cientista  e general: Alfredo Moacir de Mendonça Uchôa.
E muitos outros que se unem nesse intercâmbio de estudo.

Aqui agora se pronuncia o eminente Dr. Willian Meek para todos “I’m here    beside  the  master  Andrade  and  manys  cientists,  here’s  na authentic “spiricom”.

George William Meek.

E também aqui  presente Dr.  Mario  Amaral  Machado –  fala  para  os eminentes cientistas da TCI,  Clovis Nunes e Sonia Rinaldi. “Meus caros, Clovis e Sonia, isto aqui é o epicentro do Poltergeist, e da comuni- cação, vamos avançar, e continuar firmes, frutos serão colhidos”. “Aproveito para abraçar a Glória Gelváh, Sonia, Sandra e a todos.”
Dr. Hernani fala para Suzuko tomar os remédios na hora certa e também
avisa  que o Dr. Stevenson vai voltar com o seu material para o Dr. Jim. Bem,  creio  que  o  treinamento  já  foi  longe.  Para  todos  deixamos um provérbio indiano:

“Quem é cego?
- Aquele que é incapaz de enxergar o mundo. Quem é mudo?
- Aquele que é incapaz de dizer palavras amáveis no momento
certo.
Quem é pobre?
- Aquele que é atormentado pela ambição desmedida. Quem é rico?
- Aquele cujo coração está em paz.”

Paz para todos

Hemendra Nath Banerjee

Psicografia recebida pelo médium Zé Araújo em Blumenau – SC – Brasil.

ANEXO II – PSICOGRAFIA


Psicografia recebida pelo médium Zé Araújo em Blumenau – SC – Brasil.

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