Para quem não sabe, Fernando Meligeni, o Fininho, é um argentino que vive no Brasil desde os quatro anos de idade, tendo sido o primeiro estrangeiro naturalizado a disputar uma Olimpíada com a nossa bandeira.
Tenista de nível intermediário, cuja melhor colocação no ranking da ATP foi o 25º lugar, destacava-se por lutar como um leão na quadra, amiúde atirando-se no chão para salvar pontos que os adversários davam como ganhos.
Isto foi decisivo para que fechasse sua carreira com chave de ouro: na última competição que disputou, com a aposentadoria já anunciada, foi medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos de 2003, evitando cinco match-points do franco favorito Marcelo Rios.
Sua performance foi tão impressionante que lhe valeu a medalha Tiradentes, pelo "espírito olímpico, união e garra que desempenhou nos jogos de São Domingo, representando o país com brilho".
Hoje comentando tênis na ESPN, Meligeni lança um alerta que devemos encarar com máxima seriedade: "O fundo do poço está logo aí". Segundo ele, o Brasil pode tomar novas goleadas de 7x1 ao sediar as Olimpíadas de 2016 (os trechos principais estão abaixo, a íntegra pode ser acessada aqui):
"Ao ler a nossa presidenta e o ministro dos Esportes declarando que querem moralizar o futebol, poderia ficar feliz e até orgulhoso. Realmente, a vergonha política e de organização é tremenda, e nem um otimista acha que algo não precisa ser feito. Mas, ao declararem isso, infelizmente mostram que, ao invés de ajudar, estão prejudicando o esporte brasileiro. Explico.
Vivemos uma vergonha e os mesmos, ou até piores, problemas nos outros esportes.
Presidentes de entidade despreparados, alguns com problemas na Justiça, esportes abandonados, atletas sem apoio, entidades que nem torneios conseguem fazer e muito menos organizar um esporte. Para minha surpresa, tristeza e indignação e dos outros esportistas, mais uma vez nossos políticos mostram que o nosso país se preocupa apenas com o futebol e que apenas ele tem que ser tratado com carinho. Mais uma vez, o país mostra aos seus esportistas que daqui a dois anos estarão representando o país nas Olimpíadas em casa que NÃO ESTAMOS NEM AÍ PRA VOCÊS.
Carlos Nuzman preside o COB desde 1995 |
Sinceramente, não acredito que um dia vamos ter o mesmo tratamento que o futebol, mas nem por isso precisam desprezar os outros esportes.
A história dos 'outros' esportes é muito rica. Vale lembrar que o esporte brasileiro já teve e tem Torben e Robert na vela, Oscar, Paula e Hortência no basquete, Geovani, Mauricio, Negrão, Tande, Emanuel e seleções femininas de vôlei, Guga, Nat Falavigna no abandonado taekwondo, Flávio Canto e tantos outros judocas, Gustavo Borges, Xuxa, Cielo e outros na natação e tantos outros de tantos esportes que deram e dão alegria ao seu povo.
Acredito que o esporte precisa de uma reviravolta. Precisa de uma voz de comando. Precisa de coragem. Queria muito que a presidenta, o ministro dos Esportes ou alguém do alto escalão do nosso país tivesse a coragem, loucura, visão ou sei lá o que para mudar tudo. Profissionalizar o esporte, obrigar que os dirigentes sejam empresários, que eles possam ser demitidos e que não sejam donos do esporte, que tenham de prestar contas de verdade, que os esportistas tenham voto nas eleições, que o perpetuísmo seja proibido, etc, etc, etc..."
O BLOGUE NÁUFRAGO DA UTOPIA ATINGE A MARCA DE 1 MILHÃO DE VISUALIZAÇÕES
Inaugurado em 08/08/2008, o blogue Náufrago da Utopia acaba de atingir a marca de 1 milhão de visualizações de página -o que significa, em seus quase seis anos de existência, uma média de 460 hits diários (atualmente, está na casa de 750).
Segundo outra estatística, o número de computadores que o acessaram, uma ou mais vezes cada, é de 350 mil. E os seguidores ultrapassam 700.
Acredito que sejam números expressivos no caso de um blogue individual, que não está hospedado em portais da grande imprensa nem é de filmes (só apresentando/disponibilizando, vez por outra, algum que encontra no Youtube e considera recomendável para seu público), não procura o sucesso fácil nem se limita a repisar visões dominantes -pelo contrário, muitas vezes marcha na contramão delas, por entender que assim estará servindo melhor aos leitores e cumprindo seu compromisso de estimular a reflexão crítica. Tenta ser um respiradouro, tanto em relação ao reacionarismo da grande imprensa, quanto ao sectarismo maniqueísta que cada vez mais se aprofunda nas redes sociais.
Tais visitas foram originárias, principalmente, do Brasil (736 mil), EUA (128 mil), Rússia (25 mil), Alemanha (17 mil) e Portugal (15 mil). Fiquei surpreso ao constatar que 5.326 clicadas provêm da Malásia; serão de brasileiros ou portugueses?
Os textos postados estão na casa de 2,4 mil, sendo mais de 300 com o marcador Cesare Battisti; quando da libertação do escritor que a Itália queria silenciar, o total já era de aproximadamente 250.
Foi a mais prolongada e --considerando-se a extrema desigualdade de forças--, surpreendentemente vitoriosa campanha assumida pelo blogue, que também se coloca/colocou ao lado:
- do cineasta Roman Polanski;
- do ex-etarra Joseba Gotzon;
- de Julian Assange, Bradley Manning e Edward Snowden, que escancararam para o mundo a nudez do rei;
- de Mauricio Hernandez Norambuena (há dúvidas sobre se agia como revolucionário ao ser detido, sendo, contudo, indubitável que sofre perseguição rancorosa e privação de direitos na prisão);
- da iraniana Sakineh Ashtiani, quase-vítima da intolerância medieval;
- do povo palestino, por entender que as ocorrências na Faixa de Gaza são quase uma repetição do que se passou no Gueto de Varsóvia, com as vítimas de ontem no papel de algozes de hoje;
- do movimento estudantil e da nova geração de jovens que combatem o capitalismo nas ruas, paradoxalmente enfrentando a hostilidade dos que fizeram o mesmo em 1968, mas foram sendo mudados pelo mundo à medida que não conseguiam mudar o mundo;
- e do de um sem-número de humilhados e ofendidos no cotidiano brasileiro.
Afora as lutas travadas contra as múltiplas facetas e manifestações do autoritarismo, inclusive no seio da web; e a defesa permanente dos direitos humanos, dos ideais revolucionários e da memória da resistência à ditadura de 1964/85 (da qual tenho orgulho de haver participado, ao lado de alguns dos melhores cidadãos que este país já produziu).
Por último: não dedico a 1.000.000ª clicada às criancinhas do Brasil. Não as encaro como pretexto para tiradas demagógicas, mas sim como permanente estímulo para darmos o melhor de nós na luta por uma sociedade igualitária e livre.
Por Celso Lungaretti, no seu blogue