Sempre detestei a infantilidade com que os brasileiros reagem aos acontecimentos desagradáveis, elegendo um ou outro culpado para arcar com todo o opróbrio ao invés de irem fundo na apuração de responsabilidades, análise criteriosa dos erros e correção de rumos.
Assim, no próprio dia do vexame histórico da seleção brasileira, sugeri que se poupasse o técnico Luiz Felipe Scolari de baixarias, pois não era culpa dele ter sido escolhido para uma missão que já não tinha quaisquer condições de desempenhar a contento. O erro maior foi dos que o colocaram lá.
Acreditei que a ficha já tivesse caído para ele: depois de uma jornada tão vergonhosa como aquela, só lhe restava o caminho da aposentadoria. Então, que se respeitassem suas glórias passadas, deixando-o desfrutar em paz os anos que lhe restam.
Mas, eu deveria ter adivinhado que o Felipão jamais mostraria a dignidade de um Cesare Prandelli, o técnico da seleção italiana que pediu imediatamente demissão por ter feito campanha decepcionante.
Não, o treinador responsável pela pior goleada que o Brasil levou em toda a sua história futebolística -com a agravante de ter ocorrido na semifinal de uma Copa do Mundo por nós sediada!- está defendendo sua campanha com unhas e dentes, lançando insinuações a torto e a direito, convidando a imprensa a identificar alguém para ser estigmatizado (ao declarar que se arrepende da convocação de um dos jogadores) e jogando pesado para manter-se no cargo.
Ou seja, nem os 7x1 no lombo o curaram da prepotência que o cegou e fez tomar um sem-número de decisões desastrosas. Atingiu os pontos mais baixos de sua carreira nos dois últimos empregos -colocando o Palmeiras no rumo da 2ª divisão e tornando o escrete pentacampeão um motivo de comiseração ou chacota no mundo inteiro- e insiste em continuar causando estragos.
Nem sequer se dá conta de não estar mais à altura do script machista que teima em representar. Guerreiros de verdade não ficam prostrados nos momentos difíceis, deixando os comandados à deriva e não intervindo para evitar que o mal cresça.
Sustentar que a seleção estava bem e sofreu um apagão de seis minutos é risível, quando parte de quem ficou vendo os alemães marcarem um, dois, três, quatro gols em seguida, sem mexer uma palha. Estava lá para trabalhar ou para assistir?
Errei ao compará-lo certa vez com o comandante do Titanic. O capitão Edward J. Smith não entrou em parafuso nem tentou salvar-se enquanto os outros morriam. Teve a hombridade de afundar junto com seu navio.
Por Celso Lungaretti, no seu blogue