O técnico Luiz Felipe Scolari... |
Num interessantíssimo documentário sobre a era de ouro do boxe peso-pesado (*), Joe Frazier contou que, na primeira luta entre ambos, Muhammad Ali tentava intimidá-lo dizendo: "Eu sou Deus!", "Eu sou Deus!".
A resposta bem humorada que o saudoso Joe deu no filme (não na hora da luta...) foi: "Bem, Deus, então se prepare, porque nesta noite o Sr. vai levar uma bela sova!".
É o que me veio à memória ao ler que 68% dos consultados pelo DataFolha aprovam o trabalho do rústico e ultrapassado técnico Felipão.
O que eu teria a lhes falar é, simplesmente: "Bem, meus pobres conterrâneos, preparem-se, pois nesta Copa vocês vão ficar com a cabeça inchada!".
O amistoso contra a Sérvia deu uma boa ideia das dificuldades à espera da Seleção Brasileira quando se defrontar com defesas minimamente eficientes. E as falhas bisonhas da nossa zaga dão calafrios, pois não será fácil fazermos gols para compensarmos os sofridos.
Da Copa das Confederações, os 68% certamente se lembram apenas dos 3x0 contra uma Espanha cansada e que jogou aberta. Na semifinal, o Uruguai atuara muito melhor do que o Brasil, só não vencendo por causa de detalhes como uma péssima cobrança de pênalti de Diego Forlán.
...e o capitão Edward John Smith. Ou será o inverso? |
Quem consegue enxergar o futebol sem lentes verde-amarelas, está careca de saber que tão somente o Neymar é craque na nossa seleção e que Felipão e Parreira, juntos, não darão para a saída contra os técnicos competentes e atualizados que encararemos adiante, se superarmos os primeiros obstáculos.
No século passado, um único craque eventualmente conseguia carregar um escrete nas costas, desde que se chamasse Garrincha (1962) ou Maradona (1986).
Ahora, no más! É preciso um bom jogo de conjunto, exatamente o que não teremos por força de algumas más opções técnicas e/ou táticas, com destaque para a insistência num centroavante sem outra função que não a de passar a partida inteira esperando pela chance que os melhores zagueiros dificilmente propiciam.
Fred é um anacronismo, assim como o próprio Felipão, que parece querer não apenas ganhar o Mundial, mas também demonstrar que seus conceitos do tempo do Onça ainda vigem. Tudo leva a crer que provará exatamente o contrário.
E que dizer de sua teimosa aposta num goleiro que jamais foi sumidade e atualmente está em franca decadência?! Responsável direto pelo gol que desclassificou o Brasil em 2010, Júlio Cesar é forte candidato a repetir a dose.
Mas, caso isto ocorra, que os fanáticos torcedores não o venham crucificar, como fizeram com o coitado do Barbosa em 1950! Afinal, quem não serviu nem para a segunda divisão inglesa, tendo sido despachado da exigente Europa para o amadoresco Canadá (110º colocado no ranking do futebol mundial!), jamais deveria estar vestindo a gloriosa camisa de Gylmar dos Santos Neves, Taffarel e são Marcos. Hoje em dia, nem mesmo a do atrapalhado Felix...
* Champions Forever (d. Dimitri Logothetis, 1989)