Eu não iria tão longe, apesar das restrições que lhe faço por, no momento da verdade, ter-se comportado mais como Pôncio Pilatos do que como os primeiros cristãos --aqueles que preferiam ser martirizados no Coliseu do que renegar seus valores.
Aliás, nem creio que a revista Time tivesse a intenção de sugerir isto, ao fazer as pontas do "M" coincidirem com a cabeça papal, de forma a assemelharem-se a dois chifres.
Os editores, certamente, apenas aproveitaram a oportunidade para uma hilária peraltice, com direito a bônus: a ampla divulgação da marca que os sucessos de escândalo propiciam.
Na condição de pecador, contudo, o papa mais indigno desde Pio XII (aquele que foi conivente com o Holocausto) teria, sim, um lugar assegurado no inferno de Dante: por haver abandonado os fiéis argentinos e até seus irmãos franciscanos à sanha da ditadura militar, ele purgaria suas culpas no Nono Círculo, o lago Cocite.
Mais precisamente, na Esfera da Caína, onde são punidos os traidores de seus parentes. Nela, as almas permanecem submersas com apenas o tórax e a cabeça fora do gelo: "Mil outros via roxos tiritando/ Desde então de arrepios sou tomado/ Ante gélidos vaus...". seu nome deriva de Caim, personagem bíblico que matou o irmão Abel por inveja.
Justiça seja feita, Bergoglio não matou Orlando Yorio. Apenas lavou as mãos enquanto o coitado permanecia encapuzado, ameaçado de fuzilamento, amarrado a uma cama, privado de alimentação e do uso do banheiro, no principal centro de torturas de Buenos Aires.
Do blogue Náufrago da Utopia