O alumínio tem defensores

aluminio O alumínio tem defensoresRio de Janeiro, Brasil, 13/11/2012 – Rechaçado por ambientalistas devido à quantidade de energia necessária para produzi-lo, o alumínio é um dos alvos da intensa campanha contra as centrais hidrelétricas da Amazônia brasileira. Contudo, sua defesa conta com argumentos de pesos. Os benefícios pelo uso deste metal não são poucos para o meio ambiente, além de, pontualmente, sua produção promover o desenvolvimento industrial de uma área empobrecida do norte do Brasil, assegurou à IPS o presidente a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Adjarma Azevedo.
Precisamente, por ser a energia o principal insumo, o crescimento do setor viabiliza a construção de grandes complexos hidrelétricos, aproveitados por sua condição de fonte renovável. Também se trata do produto que apresenta o maior índice de reciclagem no Brasil, destacou Azevedo. O crescente uso do alumínio agiliza a construção e a economia de combustíveis no transporte por pesar menos do que outros produtos.

Assim, o consumo desse metal no Brasil tende a crescer mais rápido do que a própria economia em geral. Isto exige mais energia a preços reduzidos se a ideia é atender a demanda apenas com a produção nacional. Cálculos da Abal estimam que o mercado interno crescerá, em média, 7,2% ao ano até 2025, embora se trate de um produto sensível às oscilações comerciais.
Em 2009, seu uso caiu 10% devido à crise global com epicentro na Europa, mas a demanda se recuperou com juros no ano seguinte, quando aumentou 31%, e em 2011 sua expansão foi de 8,2%, enquanto este ano novamente apresenta indicadores paralisados. A grande explosão de atividades e bens que empregam muito alumínio, como construção, embalagens e veículos automotores, justificam as previsões otimistas, afirmou Azevedo.
O aumento dos salários e de outras rendas nos últimos anos entre a população média e trabalhadora do país fez com que aumentassem as ampliações e melhorias nas moradias, o que demanda materiais de construção. Também ajudam as obras necessárias para a realização da Copa Mundial de Futebol de 2014, que envolve 12 cidades, e os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
Por outro lado, o governo determinou que os novos veículos a serem fabricados contenham componentes que reduzam a emissão de gases contaminantes. Esta meta ambiental exigirá novas tecnologias, mas também elementos mais leves, feitos de alumínio, comemorou o presidente da Abal. Porém, a produção nacional deste metal dificilmente poderá acompanhar o aumento da demanda se a energia elétrica no país continuar sendo uma das mais caras do mundo, a ponto de atualmente representar mais de um terço do custo de produção de alumínio primário.
Diante disso, o governo da presidente Dilma Rousseff adotou em setembro medidas para baratear o custo da eletricidade, que incluem redução de impostos e prorrogação de concessões de geração, transmissão e distribuição, que caducarão entre 2015 e 2017. O principal objetivo é recuperar a competitividade das indústrias em geral, para, assim, evitar uma precoce e irreversível diminuição desse setor diante do forte aumento dos custos de produção nos últimos anos.
No entanto, para a Abal, as medidas são insuficientes e até incertas, pois dependem da aprovação do parlamento, onde a iniciativa governamental que contém estes benefícios já sofreu o bombardeio de 431 propostas de emenda. “Com o megawatt/hora a US$ 35 só é possível manter a indústria de alumínio no ritmo atual”, sendo que um preço menor do que este estimularia novos investimentos para ampliar a produção, observou Azevedo.
A média mundial do valor da energia elétrica gira em torno dos US$ 40, mas essa média cai para US$ 27 se for excluída a China, onde esta atividade é subsidiada. Empresários no Brasil asseguram que inclusive chegam a pagar US$ 60 por MW/h. Por isto, a indústria do alumínio busca se converter no principal sócio, por exemplo, da central hidrelétrica de Estreito, no Rio Tocantins, centro do Brasil, com potência de 1.087 megawatts.
No mesmo Tocantins, cerca de 500 quilômetros rio abaixo, foi construída há 28 anos a gigantesca central de Tucuruí, com capacidade para gerar 8.370 MW, boa parte deles destinada a complexos de mineração e industriais do alumínio. Ativistas sociais e ambientais acusam essa indústria de ter induzido a construção de Tucuruí para desfrutar de sua energia a preços subsidiados, ignorando seus impactos negativos. A represa inundou 2.917 quilômetros quadrados de muita floresta e forçou o deslocamento de milhares de pessoas.
Azevedo, que já presidiu o ramo brasileiro da Alcoa, uma das empresas supostamente favorecidas, tem outra versão. O Brasil sofria os efeitos da brutal alta do petróleo desde 1973 e precisava de muita energia para realizar seu ambicioso plano de desenvolvimento econômico, substituindo hidrocarbonos importados a preço de ouro.
Tucuruí era uma solução, por isso foram chamados capitais japoneses e empresas transnacionais como a Alcoa para desenvolver grandes projetos de extração de bauxita e sua transformação em alumina e alumínio. Assim, serviram de “âncoras que fixaram a energia na região”, onde a pequena economia e a população não formavam uma demanda suficiente para impulsionar uma hidrelétrica tão grande, pontuou Azevedo.
Entretanto, “não era uma boa localização”, já que está muito longe dos principais mercados consumidores, sem estradas, infraestrutura, mão de obra qualificada e fornecedores de serviços, acrescentou o empresário. De qualquer modo, as empresas aceitaram o desafio, tornando factível Tucuruí e capacitando fornecedores e trabalhadores locais, destacou. Para compensar os altos custos, o governo ofereceu, por 20 anos, desconto de 10% nos contratos de fornecimento de eletricidade em tensão extra-alta, a partir de 230 quilowatts. Não se tratava de subsídios, esclareceu Azevedo.
A Alcoa associou-se às também transnacionais BHP Billiton e Rio Tinto Alcan para formar o complexo industrial Alumar e produzir alumina e alumínio primário em São Luís, capital do Maranhão, 980 quilômetros a leste de Tucuruí. Teria sido melhor instalar-se mais perto, evitando a transmissão de eletricidade por longa distância e também o transporte de matéria-prima por quase dois mil quilômetros, afirmou João Meirelles, diretor do não governamental Instituto Peabiru, com sede em Belém, capital do Pará.
O alumínio é uma vocação natural da Amazônia oriental, especialmente do Pará, por concentrar enormes jazidas da melhor bauxita e rios de potencial hidrelétrico a ser aproveitado, ressaltou Meirelles à IPS, discordando de seus colegas ambientalistas ao defender essa opção de desenvolvimento. O alumínio é “material do futuro” e o “mais reutilizável”, justificou. Porém, é necessário “verticalizar a produção local”, fazer produtos finais, não apenas o alumínio primário para exportar para o sul do país e para outros países, como acontece agora, e promover o “desenvolvimento integrado”, o que gera mais empregos qualificados e “capacidade humana local”, acrescentou o diretor do Peabiru.
Meirelles reconhece os danos ambientais e sociais dos projetos que exploram recursos naturais amazônicos, mas também acredita que é possível mitigá-los, como tenta fazer a Alcoa em sua nova mina de bauxita, em Juruti, oeste do Pará. E os relativiza, apontando a pecuária como principal fator de desmatamento a ser combatido. Também defende novas formas de negociar compensações pelos impactos dos grandes projetos, como as hidrelétricas, a mineração e as estradas. É preciso lutar por “compensações estratégicas”, como o fim do desmatamento amazônico, e não se limitar a problemas locais, como hospitais e saneamento de cidades afetadas, que são funções do poder público, concluiu Meirelles. Envolverde/IPS
(IPS)

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