Um anti-inflamatório para a artrite comercializado pela Pfizer podia reduzir em quase dois terços o risco de sofrer Alzheimer. A farmacêutica descobriu isso em 2015, mas decidiu não prosseguir os ensaios e esconder os resultados.
Sede da Pfizer em Nova Iorque foi um dos alvos dos protestos do Occupy Wall Street (Michael Fleshman/Flickr)
A descoberta, feita em 2015, pela farmacêutica Pfizer foi revelada nesta quarta-feira pelo Washington Post: um dos medicamentos mais vendidos pelo laboratório, o anti-inflamatório Enbrel, “poderia potencialmente prevenir, tratar e retardar a doença de Alzheimer", segundo um documento interno da Pfizer, reduzindo os riscos desta doença em 65%.
O custo para os ensaios clínicos necessários para comprovar a eficácia do medicamento no combate ao Alzheimer ascendiam a mais de 70 milhões de euros e a empresa decidiu não apenas não avançar com os estudos, mas também ocultar a descoberta dos seus laboratórios. É que ao contrário do Viagra — outro medicamento originalmente criado para tratar a hipertensão e que se tornou num dos mais usados para combater a disfunção erétil — o Enbrel já não estava protegido pela patente exclusiva, podendo vir a enfrentar a concorrência dos genéricos, tornando assim a descoberta pouco interessante do ponto de vista financeiro para a Pfizer.
A empresa garante que a decisão de não avançar com os ensaios foi apenas científica, mas enfrenta agora uma enorme vaga de críticas por ter abafado uma descoberta que podia mudar a vida de milhões de pessoas, tendo em conta a falta de progressos científicos para criar um fármaco eficaz na prevenção do avanço da doença de Alzheimer.