1- Um sistema filosófico sempre em construção que se empenha em repensar e redimensionar o relacionamento das antropossociedades com a natureza não-humana. Suas fontes são os humanismos ocidental e oriental, a ciência pós-cartesiana e o socialismo democrático. Embora pretenda se constituir num sistema filosófico totalizante, ele não pretende se fechar e se engessar, mantendo ativas a crítica e a autocrítica. Seu caráter utópico é claro, conquanto tenha sempre em vista os obstáculos à sua viabilização e a necessidade de se ajustar a contextos distintos.
2- Um sistema que crítica a Modernidade por um lado e formula um projeto alternativo e global de civilização por outro, incorporando o socialismo e superando-o ao mesmo tempo numa ecocivilização.
3- Um sistema que se considera historicamente situado por ter nascido das contradições entre os estilos civilizacionais criados pela revolução industrial e a capacidade de suporte do planeta. Assim, almeja evitar o idealismo.
4- Um sistema que considera o valor intrínseco da natureza não-humana, passando então da condição de entidade amorfa para ser sujeito de existência e de direito, o que implica na concepção de uma nova ética, uma eco-ética.
5- Um sistema que não é apenas um corpus filosófico a preconizar a junção epistemológica entre natureza e cultura pela placa giratória do cérebro humano, mas também uma práxis aqui e agora.
6- Um sistema que estende o humanismo à natureza não-humana de modo a substituir progressivamente o antropocentrismo por uma postura ecocêntrica.
7- Uma nova civilização que respeita os limites de renovação da natureza nos planos econômico, social, político e cultural. Para tanto, trata-se de perenizar ao máximo os recursos, utilizando-se, de preferência, recursos renováveis; ampliando ao máximo a vida útil dos bens; reduzindo a obsolescência planejada de uso e de troca; concentrando-se na produção e na oferta de bens e serviços essenciais à vida humana; reduzindo ao máximo a produção de bens e serviços supérfluos e eliminando a produção de bens e serviços nocivos; gerando empregos socioambientalmente úteis e, ao mesmo tempo, liberando o ser humano para atividades que lhe proporcionem prazer; produzindo bens que permitam uma reciclagem máxima e que, ao fim de sua vida útil, possam ser reincorporados ao ambiente sem causar altos índices de poluição; desenvolvendo projetos de pequeno porte, descentralizados e autônomos, que produzam bens essenciais em escala compatível com os limites do ambiente.
8- Para tanto, impõe-se a construção de uma sociedade justa nas dimensões sincrônica e diacrônica, descentralizada e constituída de pequenas e médias comunidades rurais e urbanas que busquem a autonomia e a autossuficiência.
9- No plano político, o Ecologismo não abomina o Estado, senão que luta pela sua democratização, pelo pluralismo, pela descentralização e pela imprescindível margem. Tal mudança implica no enfraquecimento dos Estados Nacionais em prol de uma organização mundial.
10- No plano cultural, nada mais salutar, porque ecologista, a liberdade de expressão e de manifestação.