No dia 1 de outubro último, o Padre Marcelo Rossi, abrindo a semana de São Francisco de Assis, confessou que gosta de todos os animais, menos dos gatos porque eles são traiçoeiros. Imediatamente, a declaração ganhou os meios de comunicação, provocando um acalorado debate entre os defensores dos animais e os politicamente incorretos. Os primeiros alegaram que o padre tem direito de não gostar de gatos porque é alérgico a eles ou simplesmente não gostar de gatos ou, mais simples ainda, não falar nada. A assessoria do padre se apressou em dizer que tudo não passava de brincadeira. De fato, não cabe atribuir paixões humanas a animais geneticamente distantes de nós. Além do mais, a relação do cristianismo com os gatos é bastante obscurantista e trágica para o felino.
O cão foi domesticado por grupos humanos entre o paleolítico superior e o neolítico para ajudar na caça e na guarda de rebanhos. Há cerca de 11 mil anos, alguns grupos humanos deixaram de viver da caça e da coleta e passaram a domesticar plantas e animais. O gado oferecia comida fácil e farta para os predadores. Com a domesticação do lobo, um predador foi transformado em cão de vigia.
Já o gato não foi domesticado. Ele se domesticou no alvorecer das primeiras aldeias e cidades atraído pelos ratos que buscavam cereais para comer. As pessoas se acostumaram à sua companhia pelos serviços que ele prestava gratuitamente. Mas, dentro de cada gato, habita o instinto selvagem e predador que pode emergir a qualquer momento.
Na civilização egípcia, o gato era venerado como sagrado. Associavam-no a Bastet, deusa da fertilidade e da felicidade. Ela tinha a forma de mulher com a cabeça de gato. Quem matasse um gato, na civilização egípcia, era condenado à morte. Na batalha de Pelusa, travada em 525 a.C. Cambises, à frente de um grande exército persa, venceu a resistência egípcia colocando gatos na frente das tropas, cujos soldados usavam nos escudos a imagem da Bastet. Temendo ferir os animais na defesa do país, os egípcios foram vencidos. No entanto, o gato passou a ser venerado também na Pérsia.
Nos seus primórdios, o cristianismo acolheu o gato como animal útil. A relação amigável terminou na Idade Média. O contato dos cristãos com cultos considerados pagãos, levou os gatos à condição de demoníacos. Entre os escandinavos, a carruagem de Freyja, deusa do amor e da cura, era puxada por gatos. A Igreja Católica Romana relacionou os gatos à luxúria feminina, à noite, ao paganismo, à feitiçaria, ao sabá e ao Demônio. Massacrar gatos passou a ser uma prática comum no seio da cristandade, da mesma forma que a Igreja cortava árvores para evitar que elas fossem objeto de adoração pelos não cristãos.
Acontece que, desde sua estreia nas primeiras civilizações, os gatos criaram um equilíbrio ambiental com os ratos. As populações de ratos eram controladas pelos gatos. A grande matança dos felinos na Idade Média contribuiu para a disseminação da peste negra no século XIV. O historiador Perry Anderson explica a crise geral do feudalismo, em grande parte, como resultado de práticas econômicas ecologicamente insustentáveis. A população cresceu e o capitalismo se desenvolveu, pressionando a agricultura para produzir mais alimentos. Os solos se empobreceram e a produtividade decresceu. Ocorreram surtos de fome que debilitaram a saúde das pessoas. Nesse contexto, a peste negra se propagou. Seu portador era o rato. A pulga era vetor. Picava o rato e picava a pessoa, contaminando-a. Como a população de gatos diminuiu pelas matanças, a cadeia alimentar desequilibrou-se e os ratos tomaram conta. No século XV, o Papa Inocêncio VIII chegou a colocar o gato preto na lista dos hereges e condená-lo pelo Tribunal da Inquisição. Ainda hoje, o gato é acusado de dar azar, sobretudo o preto; de ter parte com o diabo por ter ganhado sete vidas; e de ter oferecido urina a Jesus crucificado, em vez de água.
Estou com o Padre Marcelo Rossi num ponto: gosto de todos os seres vivos e não vivos por serem criaturas de Deus, embora não seja cristão nem ateu. Distancio-me dele porque também gosto dos gatos e de todos os felinos (Lúcifer criou algum animal?). Os gatos não têm culpa de serem o que são. Por que a maioria das pessoas acha que os gatos deveriam ser como os cães? Creio que os gatos incomodam por seu caráter semidoméstico, com uma etologia marcada por traços de independência.
ltimo, o Padre Marcelo Rossi, abrindo a semana de São Francisco de Assis, confessou que gosta de todos os animais, menos dos gatos porque eles são traiçoeiros. Imediatamente, a declaração ganhou os meios de comunicação, provocando um acalorado debate entre os defensores dos animais e os politicamente incorretos. Os primeiros alegaram que o padre tem direito de não gostar de gatos porque é alérgico a eles ou simplesmente não gostar de gatos ou, mais simples ainda, não falar nada. A assessoria do padre se apressou em dizer que tudo não passava de brincadeira. De fato, não cabe atribuir paixões humanas a animais geneticamente distantes de nós. Além do mais, a relação do cristianismo com os gatos é bastante obscurantista e trágica para o felino.
O cão foi domesticado por grupos humanos entre o paleolítico superior e o neolítico para ajudar na caça e na guarda de rebanhos. Há cerca de 11 mil anos, alguns grupos humanos deixaram de viver da caça e da coleta e passaram a domesticar plantas e animais. O gado oferecia comida fácil e farta para os predadores. Com a domesticação do lobo, um predador foi transformado em cão de vigia.
Já o gato não foi domesticado. Ele se domesticou no alvorecer das primeiras aldeias e cidades atraído pelos ratos que buscavam cereais para comer. As pessoas se acostumaram à sua companhia pelos serviços que ele prestava gratuitamente. Mas, dentro de cada gato, habita o instinto selvagem e predador que pode emergir a qualquer momento.
Na civilização egípcia, o gato era venerado como sagrado. Associavam-no a Bastet, deusa da fertilidade e da felicidade. Ela tinha a forma de mulher com a cabeça de gato. Quem matasse um gato, na civilização egípcia, era condenado à morte. Na batalha de Pelusa, travada em 525 a.C. Cambises, à frente de um grande exército persa, venceu a resistência egípcia colocando gatos na frente das tropas, cujos soldados usavam nos escudos a imagem da Bastet. Temendo ferir os animais na defesa do país, os egípcios foram vencidos. No entanto, o gato passou a ser venerado também na Pérsia.
Nos seus primórdios, o cristianismo acolheu o gato como animal útil. A relação amigável terminou na Idade Média. O contato dos cristãos com cultos considerados pagãos, levou os gatos à condição de demoníacos. Entre os escandinavos, a carruagem de Freyja, deusa do amor e da cura, era puxada por gatos. A Igreja Católica Romana relacionou os gatos à luxúria feminina, à noite, ao paganismo, à feitiçaria, ao sabá e ao Demônio. Massacrar gatos passou a ser uma prática comum no seio da cristandade, da mesma forma que a Igreja cortava árvores para evitar que elas fossem objeto de adoração pelos não cristãos.
Acontece que, desde sua estreia nas primeiras civilizações, os gatos criaram um equilíbrio ambiental com os ratos. As populações de ratos eram controladas pelos gatos. A grande matança dos felinos na Idade Média contribuiu para a disseminação da peste negra no século XIV. O historiador Perry Anderson explica a crise geral do feudalismo, em grande parte, como resultado de práticas econômicas ecologicamente insustentáveis. A população cresceu e o capitalismo se desenvolveu, pressionando a agricultura para produzir mais alimentos. Os solos se empobreceram e a produtividade decresceu. Ocorreram surtos de fome que debilitaram a saúde das pessoas. Nesse contexto, a peste negra se propagou. Seu portador era o rato. A pulga era vetor. Picava o rato e picava a pessoa, contaminando-a. Como a população de gatos diminuiu pelas matanças, a cadeia alimentar desequilibrou-se e os ratos tomaram conta. No século XV, o Papa Inocêncio VIII chegou a colocar o gato preto na lista dos hereges e condená-lo pelo Tribunal da Inquisição. Ainda hoje, o gato é acusado de dar azar, sobretudo o preto; de ter parte com o diabo por ter ganhado sete vidas; e de ter oferecido urina a Jesus crucificado, em vez de água.
Estou com o Padre Marcelo Rossi num ponto: gosto de todos os seres vivos e não vivos por serem criaturas de Deus, embora não seja cristão nem ateu. Distancio-me dele porque também gosto dos gatos e de todos os felinos (Lúcifer criou algum animal?). Os gatos não têm culpa de serem o que são. Por que a maioria das pessoas acha que os gatos deveriam ser como os cães? Creio que os gatos incomodam por seu caráter semidoméstico, com uma etologia marcada por traços de independência.
Buscando na internet a real declaração do Padre Marcelo Rossi sobre sua aversão a gatos por serem eles traiçoeiros, encontrei um texto de dúbia interpretação. Seja qual for seu entendimento, ele foi construído de forma fictícia para ilustrar o que pensam as Testemunhas de Jeová - para católicos e evangélicos -, formadoras de uma seita cristã com interpretação desvirtuada da Bíblia. Ou então pode ser um exercício para demonstrar como tudo pode ser explicado pelo livro sagrado.
Pergunta-se se os cristãos podem ter gatos. A resposta diz que não, pelo menos por enquanto. Por que não? Porque o gato é um animal imundo para Deus em vista do seu nefasto e bestial passado. A Bíblia mostra, de maneira irrefutável, que "a natureza básica dos gatos é iníqua ou semelhante à fera". Ele é como a serpente que tentou Eva e Adão ou como o Grande Dragão, uma das formas assumidas por Satanás.
Gatos não são para os cristãos porque os egípcios da antiguidade os idolatravam e os adoravam. A presença de um gato no lar de um cristão pode levá-lo a cair na idolatria e se afastar de Deus, conforme advertência do Deuteronômio 6: 14: "Não seguireis outros deuses entre os das nações que vos cercam."
Embora a Bíblia não mencione a presença de gatos na festa de aniversário de Herodes, que, atendendo ao pedido da filha de Herodíades, mandou decapitar João Batista, a história mostra que provavelmente os gatos assistiram a esse espetáculo bárbaro e o apoiaram. O cristão deve evitar a companhia dos gatos por funesta.
Na Idade Média e nos julgamentos das Bruxas de Salem, os gatos foram acusados de transportar ou de possuir demônios. Assim, a presença deste felino no lar de fieis e servos de Deus representa grande perigo. O gato é um símbolo vivo de Satã.
Não há menção positiva aos gatos na Bíblia. Se aumentarmos suas dimensões físicas, podemos pensar nos leões que o Diabo usou para devorar os cristãos no primeiro século da nossa era. Foi Jeová quem fechou a boca dos leões para não devorarem Daniel. Claro está que gatos não são leões, mas pertencem à mesma família amaldiçoada. Por mais de uma razão, o verdadeiro cristão não deve possuir este animal. Possuí-lo pode ser entendido como concordância com todos os atos iníquos cometidos por este animal registrados pela história da Bíblia e pela história secular.
A leitura da Bíblia deixa claro que Abraão, Isaque, Jacó, Jó, os apóstolos e Jesus não possuíram gato. Não por mera coincidência, mas porque eles não queriam ser vistos como pagãos, adoradores de animais. Esta conduta continua valendo para os cristãos da atualidade.
Pelo prisma sanitário, gatos são transmissores de doenças, diarréia e congestões abdominais que podem exigir a hospitalização do doente. Ter um gato em casa, portanto, é correr o risco de nos expor a doenças e transmiti-las a outros, desrespeitando a vida sagrada que nos concedeu o Criador. Além disso, os gatos têm hábitos impuros: largam chumaços de pelos e lambem partes impróprias do corpo, urinam no chão, comem animais mortos, exibem má conduta sexual sem se casarem e furtam alimentos da mesa.
Só com a vitória de Jeová sobre o Demônio, segunda Isaias (11:6-7), "o lobo será hospede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos e um menino pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas e o leão comerá palha com o boi". Então, o gato estará liberto de Satanás.
Retomo a palavra para dizer que, se verdadeiro, o texto é um amontoado de superstições. Mas creio que ele é uma tentativa de mostrar como se pode provar tudo por livros sagrados. Um traço das Testemunhas de Jeová que me chamou atenção é a ligação que elas têm com o mundo material, o nosso mundo. Também li declarações de fieis desmentindo sua repulsa a gatos. Mas...
