O aquecimento global e o Noroeste Fluminense (II)

Com relação ao solo, o que pode acontecer com o Noroeste Fluminense, caso o aquecimento global mostre efetivamente a sua cara? Sem a proteção florestal de outrora – e mesmo sem qualquer proteção deste tipo – o solo fica exposto às intempéries. Se, de fato, uma das manifestações do aquecimento global são os fenômenos extremos, isto é, chuvas cada vez mais abundantes no verão e estiagens mais secas e longas no inverno, a primeira conseqüência é a erosão por conta das chuvas.Este processo já ocorre no Noroeste Fluminense de forma acentuada em face de sua topografia mais acidentada que a do Norte Fluminense e ao descomunal desmatamento de 99,5%. Contudo, ele tenderá a se agravar mais ainda, roubando o pouco de solo fértil que restou, agravando ainda mais a crise econômica da região, aumentando o êxodo rural e causando inundações.No inverso, por sua vez, as estiagens mais agudas e mais longas completarão o trabalho dos meses chuvosos. O solo empobrecido vai se ressecar e se tornar impermeabilizado. O que se denomina laterização, com o solo endurecido e rachado, formando placas. Também este fenômeno já ocorre em quase toda a região, mas o aquecimento global tenderá a agravá-lo.Longe do mar, o Noroeste Fluminense estará imune à elevação do nível dos oceanos. Esta vantagem, porém, será compensada com a grande desvantagem da erosão. Par combatê-la, só vislumbramos um caminho: o reflorestamento com espécies nativas. Isto não significa sair plantando árvores indiscriminadamente. É preciso o envolvimento dos poderes públicos, dos empresários e da sociedade. É preciso um plano técnico muito bem elaborado.Não se trata de restaurar e revitalizar os 100% de mata atlântica semi-seca que caracteriza o Noroeste, mas de proteger os pontos vulneráveis e vitais, como as nascentes, as margens dos rios, as encostas e topos dos morros e os açudes. Estamos falando de florestas em áreas de preservação permanente. Os proprietários rurais devem contribuir com a proteção ou restabelecimento das reservas legais, matas com extensão de 20% das dimensões da propriedade.Por fim, a criação de unidades de conservação. No Noroeste, há dois pontos com concentração maior de mínimos fragmentos florestais. O primeiro localiza-se entre os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Como os fragmentos se espalham pelos três Estados, pode-se pensar em unidades de conservação estaduais. O outro ponto se estende de Miracema a São Fidélis, acompanhando as margens esquerdas dos rios Pomba e Paraíba do Sul.

* Arthur Soffiati é professor da Universidade Federal Fluminense, Doutor em História Ambiental pela UFRJ e colunista/colaborador do Mania de Saúde.

 

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