Lições da história

Nada com um pouco de história para nos mostrar como erros se repetem ou, em alguns casos, os erros anteriores servem como lição para a adoção de novos caminhos. Vejamos o caso do petróleo.

A OPEP foi fundada em 1960, tendo como membros-fundadores cinco países – Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela. Dois dos membros fundadores tinham estudado os métodos da Comissão de Ferrovias do Texas para influenciar os preços do petróleo através da imposição de limites à produção. Ao final de 1971, outros seis países passaram a fazer parte da OPEP: Qatar, Indonésia, Líbia, Emirados Árabes Unidos, Argélia e Nigéria. Desde a fundação da OPEP até 1972, os países-membros experimentaram um declínio constante do poder de compra de um barril de óleo, ou seja: outros bens e serviços tiveram valorização superior à do petróleo.

Durante o período após a 2ª Guerra Mundial os países exportadores enfrentaram uma demanda crescente para o seu petróleo, porém notaram também um declínio de 40% no poder de compra de um barril de óleo. Em março de 1971, o equilíbrio de forças se alterou. Isto significou que o poder de controle sobre os preços do petróleo passou dos EUA - o maior consumidor mundial - para a OPEP. Uma outra forma de dizer isto é que não haveria mais capacidade ociosa e, portanto, nenhum meio para fixar um limite superior para os preços. Pouco mais de dois anos mais tarde a OPEP teria, através das consequências não-esperadas da guerra, uma visão do alcance de seu poder para influenciar os preços.

Em 1972, o preço do petróleo era de cerca de US$ 3,00/barril e, ao final de 1974, este mesmo preço havia quadruplicado para mais de US$ 12,00/barril. A Guerra do Yom Kippur teve início com um ataque de Israel contra Egito e Síria em outubro de 1973. Os EUA e muitos outros países ocidentais apoiaram Israel. Como resultado deste apoio diversos países árabes exportadores de petróleo impuseram um embargo aos países que apoiaram Israel. Enquanto os países árabes reduziram a produção em 5 milhões de barris/dia, cerca de 1 milhão de barris/dia foram acrescentados pelo aumento da produção em outros países. A redução líquida de 4 milhões de barris/dia se estendeu até março de 1974 e representou 7% da produção do mundo livre.

Se havia alguma dúvida de que a capacidade de controlar os preços do petróleo havia migrado dos EUA para a OPEP, ela deixou de existir durante o embargo petrolífero. A grande sensibilidade dos preços à redução da oferta tornou-se também aparente quando os preços aumentaram 400% em apenas seis meses. De 1974 a 1978 os preços mundiais do barril de petróleo se mantiveram relativamente estáveis, variando entre US$ 12,21 e US$ 13,55. Se for considerada a inflação do dólar no período, o preço do petróleo apresentou até mesmo um moderado declínio.

Todos estes fatos servem como aprendizado para países eventualmente grandes produtores e futuros exportadores de petróleo. Se confirmadas as expectativas levantadas com a descoberta do petróleo sob a camada de sal da plataforma continental brasileira, o Brasil poderá passar, em curto prazo, a grande produtor e eventualmente também a exportador de peso. A abertura da exploração dessas áreas a qualquer interessado, como parece ser o objetivo do atual governo – como também o foi do governo anterior - privará o país do controle sobre a quantidade e a vazão produzidas e deixará a critério de empresas privadas estrangeiras definir quando se dará o esgotamento dessas reservas. Se este controle ficasse em mãos de uma Petrobrás efetivamente brasileira, o país poderia tirar proveito de futuras elevações de preços ou mesmo de crises de oferta para obter recursos em muito maior volume para seus programas sociais. Infelizmente, porém, esta opção não está no cardápio de nossos políticos atualmente no poder. Tudo faz crer que o Brasil está adotando o caminho errado nesta questão.

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