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A geração de riqueza em nosso mundo está assentada sobre um padrão industrial intensivo em energia, sendo a principal fonte energética o petróleo que deve ter suas reservas esgotadas nos próximos 40 ou 50 anos. Nossas atuais fontes - petróleo, gás natural e carvão - não são inesgotáveis, como se pensava há um século e meio atrás.
Os últimos 200 anos, desde a alvorada da Revolução Industrial, foram marcados por dois grandes ciclos de fonte de energia: o carvão no século 19 e o petróleo no século 20. Projeta-se para o século 21 o advento e a consolidação do ciclo da biomassa.
Um indicativo da consciência dos países sob essa questão é percebido através das pesquisas e do desenvolvimento de fontes alternativas de energia, especialmente as que usam a biomassa como origem. Nesse sentido se ressalta o uso do biodiesel, o qual já é utilizado em larga escala, sobretudo em países como a Alemanha e a Bélgica.
O Brasil insere-se oficialmente nessa questão a partir da aprovação do marco regulatório do biodiesel. O país possui uma grande vantagem comparativa em relação aos países europeus que já têm um programa de produção de biodiesel que é a sua biodiversidade. Enquanto poderíamos produzir biodiesel a partir de uma ampla gama de oleaginosas, com altos teores de óleo – soja, mamona, babaçu e outras - a Alemanha produz quase todo seu biodiesel a partir da colza, que não é uma oleaginosa com grande rendimento em óleo.
As vantagens da inserção da cadeia produtiva do biodiesel na matriz energética brasileira são muitas. Uma das vantagens é a economia de divisas que traria o biodiesel em substituição ao óleo diesel. A Petrobrás produz cerca de 90% do diesel consumido no país, devendo em um curto prazo a alcançar auto-suficiência nesse combustível. Esse fato remete à necessidade de se avaliar a questão com seriedade.
Atualmente, nossa a produção de grãos destina-se majoritariamente à exportação. O ainda tímido compromisso de, a partir do próximo ano, adicionarmos 2% de biodiesel ao diesel de origem mineral, levará à necessidade de retenção de oleaginosas para suprimento do mercado interno para este fim. Isto vai requerer uma legislação regulatória específica e incentivos aos produtores nacionais de grãos.
Estudos preliminares indicam que, no início, o biodiesel teria um custo de produção superior ao do óleo diesel. Entretanto, esta parece ser uma questão temporária, como já ocorreu com o etanol que apresentou uma queda uma queda de R$ 1,40 para R$ 045 por litro no seu custo de produção no período entre 1980 e 1998.
Um dos elementos que podem viabilizar a produção do biodiesel são os subprodutos gerados. Exigem-se estudos para apontar e desenvolver o potencial do mercado para a glicerina. Quanto ao farelo, este encontra ampla demanda no mercado mundial de rações para animais confinados.
O mundo já entende o biodiesel como uma fonte de energia substitutiva do óleo diesel, porém, especificamente no caso brasileiro, ainda há dúvidas, em relação à organização das cadeias produtivas e a outros aspectos institucionais que serão minimizadas com estudos e projetos que contribuam assessorando os agentes, de forma a potencializar as oportunidades desse novo negócio.