Ambos mineiros, (Chaves era de Três Pontas), ambos engenheiros, ambos de janeiro (Arruda, do dia 5, Aureliano, de 13)... que outras relações existiriam entre os dois?
Bem, de início, Arruda foi aluno de Aureliano Chaves na Escola de Engenharia de Itajubá. Cursou com ele a disciplina de Máquinas Elétricas e de Topografia.
O ex-aluno veio a se tornar um colaborador direto. Aureliano foi o Ministro de Minas e Energia durante todo o governo do então presidente da República José Sarney. Arruda integrava a sua equipe.
Mas foi como deputado federal que, em 17 de junho de 2003, Arruda aproveitou para relembrar o antigo mestre na sessão solene conjunta entre Câmara e Senado, realizada em homenagem ao seu mestre, último vice-presidente do regime militar.
Diante do filho, netos e demais parentes de Aureliano, Arruda citou em seu discurso frases emblemáticas do ex-professor, utilizando-as como definidoras do caráter de Aureliano e as quais, em tese, seriam-lhe inspiração, na condição de pupilo.
Disse Arruda: "Aureliano Chaves, durante toda a sua trajetória, disse coisas que relembro agora. Alguns de seus discursos me chamaram muito a atenção. Destaco algumas de suas frases:
'Neste mundo complexo, quem sabe muito ainda sabe pouco';
'Não é possível um país onde uns morrem de fome e outros de indigestão';
'O Brasil foi feito grande por obra de Deus, e não pode ser feito pequeno por obra dos homens';
'Desgraçadas as nações que confiam apenas na eficiência eventual dos que governam. Os governantes passam e a nação fica';
Sobre reeleição, ele foi taxativo: 'É melhor ter saudade dos bons governos do que enjoar dos maus'".
Mas Arruda guardou para a fase final de suas citações a Aureliano uma das mais emblemáticas frases que, ali, atribuía ao mestre, seguida pela sua imediata tradução à moda caipira, que encantava Chaves.
Disse Arruda: "E, por último, sobre esperteza: 'Não existe substituto para a eficiência e para o trabalho, e a História não registra nação alguma que se tenha firmado pela via da esperteza'. Às vezes, em rodas mais íntimas, traduzia isso num bom linguajar caipira, dizendo: 'A esperteza, quando é muita, vira bicho e come o dono'".
Por hora, não se sabe ao certo que lições de Aureliano geraram mais dúvidas em Arruda, ou que aulas ele mais matou: se foram as de Máquinas Elétricas, de Topografia... ou se ele cabulava mesmo eram as tais rodinhas mais íntimas, nas quais, decerto, Chaves ensinava certas minúcias práticas da política.
Fato é que há uma outra grande relação entre os dois políticos. Em 1985, Aureliano assinava o ato que criava o PFL, hoje Democratas. Em 2009, Arruda talvez tenha mandado a pá de cal em uma agremiação que, em 1998, no seu auge, já teve seis governadores, e que, hoje, ao menos no comando de estados, vê apenas a sua decadente figura.
Enquanto isso, alheia e isenta de qualquer mácula, tremula a bandeira de Itajubá, cujo brasão também ensina: "Revelemo-nos mais por atos que por palavras".
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