É preciso pensarmos no porquê da criação e da
real necessidade, ou não, do muro. Não descartando a complexidade dos fatores
sociais envolvidos em comunidades carentes, precisamos nos ater à realidade de
que a legislação ambiental que impede o avanço de moradias sobre as áreas
protegidas é continuamente desrespeitada em muitas destas localidades em nossa
cidade. Não são pontuais os casos de moradias insalubres e sem condições de
segurança construídas nestas áreas. O resultado, já conhecemos, são as tragédias
anunciadas que ano após ano consomem a vida de famílias inteiras em mortes por
soterramento com o desabamento de suas casas.
Nossa cidade possui uma
legislação ambiental que precisa ser cumprida. É necessária uma demarcação de
limite para o avanço residencial, tanto para proteger o meio ambiente como para
proteger os cidadãos de condições de vida degradantes e de risco. No entanto,
mais produtivo seria, isso sim, se a forma de fixação desses limites fosse
escolhida em comum acordo com a comunidade local. Alternativas ao antipático
muro existem: ciclovias, equipamentos sociais, áreas de lazer como parques
infantis e, eventualmente, uma cerca viva.
O recente lançamento do
programa habitacional Minha Casa, Minha Vida mostra a boa intenção das três
esferas de governo em investir para solucionar o problema da moradia no país.
Assim sendo, também em nossa cidade é preciso que estado e prefeitura invistam
não apenas na fixação de limites, mas intervenham nas habitações existentes,
proporcionando maior número nas próprias comunidades e com instalações seguras a
seus habitantes.Com isso, e com limites mais humanos para o crescimento
residencial, teremos uma solução certamente mais lenta que a simples construção
de muros, mas também mais segura e definitiva.
Fonte: Blog do Autor .
Agostinho Guerreiro é engenheiro agrônomo formado pela UFRRJ e mestre em engenharia de produção pela Coppe/UFRJ. Foi presidente do Clube de Engenharia e vice-presidente do Senge-RJ entre 1983-1986, tendo participado da histórica gestão que iniciou a democratização do Senge-RJ, em 1980. |