A declaração de Freixo é referente ao depoimento de Gama, que se recusou a indicar seu endereço atual, alegando estar ameaçado de morte pelo vereador Nadinho. ?Morei na comunidade há aproximadamente seis anos, mas hoje fui obrigado a me afastar por causa das ameaças. No passado eu apoiei a campanha dele, doei camisas e fiz carreata, mas depois de eleito, ele não fez nada pela comunidade. Foi aí que eu e também outros colegas, como Dalcemir e Dalmir (citados por outros depoentes como participantes da milícia), que o apoiavam, deixamos de apoiar?, contou Gama, que afirmou que na comunidade não existe milícia. ?Eu fui eleito presidente da cooperativa pelos cooperados. Temos 339 veículos, que transportam cerca de 250 pessoas por dia, mas o dinheiro não fica com a cooperativa. Nós só temos a taxa recolhida dos cooperados para manter os serviços?, destacou. Gama explicou ainda a ameaça que sofreu. ?Fui a única testemunha de acusação que depôs contra Nadinho no inquérito que apura a morte do inspetor Félix dos Santos Tostes?, contou.
Segundo o presidente da cooperativa, seu depoimento contra Nadinho se deu por uma sucessão de acontecimentos. ?Antes da morte de Félix, Nadinho trouxe pessoas de Campo Grande para conhecer a cooperativa. Ele me pediu que mostrasse o serviço para que eles aprendessem o funcionamento administrativo e funcional, mas, depois, entendi que eles foram, na verdade, conhecer uma cooperativa que seria deles, como parte do pagamento pela morte de Félix, encomendada por Nadinho, a essas pessoas de Campo Grande?, explicou. Gama relatou ainda que as pessoas da comunidade teriam visto membros da milícia de Campo Grande conversando com Nadinho sobre uma possível divisão de Rio das Pedras a ser cedida, em parte, à milícia de Campo Grande. Também conhecedor da comunidade de Rio das Pedras, o vereador de São Gonçalo presente à reunião afirmou que não é mais o responsável pelo clube Castelo das Pedras, sendo apenas promoter da casa de show que, segundo ele, é um centro social. Embora o Castelo tenha isenção de imposto por ser considerado sem fins lucrativos, Turques afirmou que retira 30% da bilheteria para pagar seu trabalho de promoter e cerca de R$ 3 mil para manter o centro social.
O vereador afirmou que não conhece a existência de milícias em Rio das Pedras e ressaltou que na maior parte do seu tempo está em São Gonçalo. ?Eu só vou a Rio das Pedras quando vou ao escritório e para fazer a promoção das festas. Também participo do futebol, às segundas-feiras, mas 80% do meu tempo passo em São Gonçalo?, afirmou Turques. Ele afirmou ter um apartamento no valor de R$ 400 mil e uma lancha de 32 pés, que não declarou no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Freixo ressaltou que um depoente em reuniões anteriores citou o futebol das segundas-feiras como uma reunião de milicianos, fato negado por Turques. Outra negação nesta terça-feira foi feita por Marcão, sobre a existência de milícia na comunidade Novo Rio, também em Jacarepaguá. Questionado por Freixo, ele afirmou que na Gardênia Azul existe uma central de ?gatonet?. ?Não sei se existe milícia lá, mas na minha região não tem?, esquivou-se. Marcão assumiu ainda existir uma taxa de R$ 7 para os moradores, que, conforme garantiu, não é obrigatória. Ele chamou o candidato a vereador de Gardênia Azul, Cristiano Girão (PMN), de ?xerife?. ?Ele é dono de tudo e, como não compactuo com suas ações, já me ameaça de morte?, contou.
Quem quiser colaborar com informações ou fazer alguma denúncia à CPI pode ligar para o Disque Milícia da Alerj (0800 28 20 376), um serviço gratuito que atende de segunda a sexta, das 10h às 17h, e que, desde o dia 30 de junho, já recebeu cerca de 1.050 telefonemas.
Everton Silvalima | Departamento de Comunicação Social da Alerj
- Everton Silvalima