O documento indica que o
principal executivo da companhia médica United Health Group, William McGuire,
cobrou por seus serviços de opções de compra por nove milhões de ações. A firma,
dessa forma, elevou um pedido de dedução de impostos de US$ 317,7 milhões, mesmo
quando as declarações financeiras sugerem que o acordo nada lhe custou, segundo
o informe, feito com base em fontes oficiais e jornalísticas. Outras lacunas
jurídicas das quais o contribuinte não pode usufruir permitem aos executivos
evitar o pagamento ao transferir seus ganhos para paraísos fiscais e para fundos
de aposentadoria, indica o estudo.
Os autores do informe reclamaram dos
políticos norte-americanos o fechamento dessas lacunas e modificação das leis
trabalhistas para facilitar as negociações coletiva de salários. Os virtuais
candidatos presidenciais John McCAin, do governante Partido Republicano, e Barak
Obama, do opositor Partido Democrata, incorporaram em seus discursos de campanha
ataques contra os excessos das corporações em prejuízo do fisco e do público.
Mas, nenhum dos dois senadores disse concordar com mudanças legislativas como as
propostas por "Executive Excess".
"Os ataques bipartidários contra a fuga
de dinheiro são animadores, mas, se os dois candidatos falam seriamente deveriam
se comprometer em vedar todo vazio legal que permite que nossos pagamentos de
impostos fluam para o bolso dos altos executivos", disse Anderson. O informe foi
apresentado na segunda-feira, coincidindo com a abertura da Convenção Nacional
Democrata que consagrará a candidatura de Obama e uma semana antes da
republicana.
Grandes empresas pagaram aos seus gerentes gerais, em
média, US$ 10,5 milhões anuais em salários, opções de compra de ações e bônus,
uma quantia 344 vezes superior ao que ganha por ano um trabalhador. Ao que
parece, esta disparidade aumentará porque a criação de novos empregos se
concentra em indústrias onde a brecha é mais profunda. Os Estados Unidos são, de
longe, o país do Norte industrializado onde essa brecha é mais ampla. O salário
dos empregados era, em 1990, 85 vezes inferior ao dos gerentes geral, 209 vezes
menor em 1996 e 419 vezes em 1999. Em 2001, esta disparidade chegou a 525 vezes,
seu pico. Em outros países ricos, a diferença raramente supera os dois
dígitos.
Os salários e dividendos dos gerentes gerais mantêm pouca
relação com o rendimento das empresas para as quais trabalham. Embora de 1999 a
2003 essa renda tenha aumentado 313%, o índice de ações da Standard & Poors
aumentou 242% e os ganhos corporativos apenas 128% no mesmo período. Enquanto os
salários médios dos empregados aumentaram 49%, e a inflação 41%. É freqüente que
os aumentos de salários dos gerentes gerais sejam maiores nas empresas que
realizaram mais demissões ou maiores reduções nos salários e pensões dos
empregados em geral.
Estas medidas são tomadas, em muitas ocasiões, para
melhorar as declarações financeiras e o preço das ações, segundo edições
anteriores do "Executivo Excess". Este informe tem 15 anos de trajetória. Estas
tendências, e uma série de escândalos financeiros conhecidos desde 2000, levaram
investidores, órgãos de regulamentação e dirigentes políticos a concentrar sua
atenção nos salários dos executivos. Os candidatos à Presidência e ao Congresso
se dedicaram a capitalizar o descontentamento público questionando os salários
dos altos executivos corporativos. Tanto McCain quanto Obama propuseram adotar
medidas que dêem mais poder aos acionistas para determinar o salário dos
gerentes gerais. (IPS/Envolverde)
(Envolverde/IPS)