Luiz Inácio e sua tendência majoritária conduziram o recém-concluído 5º congresso do PT de forma a impedir que nas resoluções constassem propostas que “democratizassem” o Partido e que criticassem os ajustes promovidos por Dilma/Levy.
UM CONGRESSO PARA INGLÊS VER
Tomamos o testemunho de um dirigente petista, Tiago Soares, que é secretário estadual de direitos humanos do PT-SP e da direção nacional da EPS (uma das tendências internas do PT). Em artigo postado no site do partido, Tiago desvela a decadência do oportunismo: “Primeiro, é nítido que o sentimento geral dos/as 756 delegados/as que se credenciaram foi de que a tardia etapa não deu conta das expectativas de mudanças que as forças, sejam da maioria ou da minoria, ventilavam a suas bases. O modelo do Congresso demonstrou-se inócuo e privilegiou quem queria preservar posições burocráticas e verticalizadas”.
As observações deste militante só confirmam a avaliação que o editorial da edição 152 de A Nova Democracia fez ao afirmar: “O V congresso do PT escancara definitivamente o quadro de definhamento do oportunismo eleitoreiro. Esvaziado, burocrático (como sempre) e marcado pelo chamado à ‘disciplina’ a uma parte da militância que ensaiou manifestar sua insatisfação com o que pratica a sigla na gerência do velho Estado semifeudal e semicolonial brasileiro”.
Tiago desvenda ainda a tão decantada democracia interna petista ao denunciar as manipulações da tendência majoritária encabeçada por Luiz Inácio: “A CNB, fragilizada e acuada com a redução de espaço institucional, com pressão dos sindicalistas, da base social, com o não comparecimento de grande parte dos seus quadros tradicionais, somente conseguiram manter sua maioria numérica, considerando as medidas existentes na organização partidária: a única modificação foi retirar a contribuição financeira do filiado/a para votar! E há de se lembrar que em alguns estados, como em São Paulo, durante as etapas livres havia um levante por parte de dirigentes intermediários (minoritários) que defendiam explicitamente acabar com as políticas de cota. Na política econômica, preferiu fingir que estava tudo bem, resgatando o vivenciado em 2003 no ajuste de Palocci. Só é bom lembrar que a retomada de crescimento no governo Lula só ganhou fôlego justamente com a saída de Palocci, quando Guido Mantega assumiu”.
Nosso editorial assim se referiu à parcela cada vez menor de militantes iludidos: “Setores da militância petista, ainda iludidos com uma suposta ‘democracia interna’, ainda imaginavam mudar os rumos do governo. Não podiam estar mais enganados”. E Tiago confirma nossa assertiva ao demonstrar a reação da tendência lulista diante das propostas de cutucar o imperialismo com a auditoria da dívida pública e outras medidas: “A segunda emenda fazia crítica ao modelo de ajuste fiscal em vigor e apresentava uma série de medidas como taxação dos ricos, heranças e etc. Foi a que rendeu mais discussão nos grupos de trabalho e no plenário, sendo a votação mais apertada do Congresso. O grupo majoritário, por birra e para preservar sua maioria numérica, mesmo tendo muitos militantes favoráveis, não topou a Auditoria Cidadã da Dívida, uma medida nada revolucionária. A CNB propôs remeter essa questão para o Diretório Nacional, quando parte do plenário reagiu e foi para o voto. No contraste, a emenda ganhou na primeira e segunda votações, mas na terceira embaralhou e para surpresa de todos/as na contagem dos crachás, faltaram apenas 49 votos para emenda se sagrar vitoriosa. O placar foi de 350 x 302, o que deixa explícito que a intransigência política dos grande blocos é o que travou o Congresso de ter alguns caminhos a trilhar”.
O CARA DE PAU
Depois que as pesquisas do monopólio da imprensa mostraram os péssimos índices de Luiz Inácio e de Dilma, ele teve o desplante de falar que o PT precisa de uma revolução, que a militância só pensa em cargos e votos e que o segundo gerenciamento de Dilma só dá notícias ruins. Astuto e espertalhão, lançou uma crítica rocambolesca na intenção única de reduzir o impacto e importância das críticas e ataques ao PT e a ele que vierem de fora e pela esquerda.
Mas, fazendo-nos de advogado do diabo, consideremos a hipótese impossível de haver alguma sinceridade em sua “asseveração” de revolucionar o partido e mudar sua cultura. Neste caso, Luiz Inácio teria de ter iniciado por uma profunda autocrítica de sua postura oportunista, corrupta e entreguista, de verdadeiro capacho do latifúndio, da grande burguesia e do imperialismo. Mas, conhecendo a figura por trás da empáfia faceira em sua trajetória ostentada nos últimos 35 anos, é impossível notar o menor sinal de sinceridade desta atitude. Pois que Luiz Inácio é o pai da total degeneração petista.
Luiz Inácio fala como se fora um mero espectador, um observador a distância, como se ele e seus chegados não tivessem a principal parte de responsabilidade por haverem montado um partido oportunista eleitoreiro, usando um disfarce esquerdóide. Estão inevitavelmente desmoralizados por sua rendição incondicional à política de subjugação nacional imposta pelo FMI e pelo Banco Mundial, bem como ao latifúndio e à grande burguesia local (especialmente às empreiteiras). São responsáveis, também, pela continuidade e incremento de práticas corruptas a partir da Casa Civil da Presidência, com José Dirceu pilotando o esquema do “mensalão”, generalizando o “modelo petista republicano” de gerenciar o velho Estado. E, ainda, responsáveis por haverem escondido a crise que se avizinhava, já em 2009, ademais de ter promovido uma verdadeira farra fiscal para eleger Dilma Rousseff.
Como já advertíamos desde 2008, a crise que vivemos tem dois aspectos, um externo e um interno. O externo refere-se ao aprofundamento da crise do imperialismo, que, na busca de superá-la, aumenta de forma exponencial o saqueio e a espoliação sobre as colônias e semicolônias. O aspecto interno consiste nas medidas adotadas pelo gerenciamento de turno no sentido de aplicar as medidas impostas pelo FMI, Banco Mundial e pelo Tesouro do USA, mantendo a subjugação nacional. As concessões feitas ao imperialismo ao promover a renúncia fiscal aos produtos das montadoras e da linha branca; o favorecimento ao sistema financeiro incrementando a financeirizacão da vida pública e privada; a transferência de renda da nação para o agronegócio e para empreiteiras através de juros subsidiados e aos bancos com as taxas de juros mais elevadas do mundo. No apurado, estas ações dão a medida certa do lado em que Luiz Inácio e o seu PT se colocaram. Neste aspecto podemos afirmar que Luiz Inácio é o pai da atual crise brasileira.
O BRASIL É QUE PRECISA DE UMA GRANDE REVOLUÇÃO
Já é tarde para Luiz Inácio, com sua astúcia, apelar para a juventude. A Juventude Combatente — a que pode e vai mudar o Brasil unindo-se ao proletariado, ao campesinato e demais classes exploradas — já escorraçou o PT das ruas em 2013, quebrando sua espinha dorsal, o que eles, em sua arrogância imperial, se recusaram a ver. A Revolução Democrática, Agrária e Anti-imperialista em preparação se fará apesar de todas as tentativas dos oportunistas e dos revisionistas de PT/pecedobê e demais eleitoreiros de imobilizarem a roda da história.
Luiz Inácio, operário padrão do FMI, seu cara de pau, apesar de você amanhã vai ser outro dia!