Reacionário, não consegue esconder, disfarçar, sua posição política, de alinhamento com a oposição, entrando em contradição permanente, quando enfoca decisões do governo. O exemplo dessa manchete, desta terça-feira (29), é patente.
Quando a presidenta Dilma Rousseff estava jogando duro com o empresariado, tentando marcar suas margens de retorno sobre capital investido nas obras do PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, o Globo, Rede Globo, comentaristas globais etc caíram de pau em cima dela, dizendo que era contra a iniciativa privada, disposta a produzir um capitalismo intervencionista etc e tal, que não daria certo.
Os investidores precisariam de liberdade para colocar seu dinheiro aonde estivessem interessados, buscando a lucratividade necessária, sendo a intervenção do governo, nesse caso, perniciosa.
O que aconteceu?
A presidenta fez mea culpa, chamou os empresários, renegociou termos de compromisso, entendeu as razões do capital investidor, para alavancar investimentos públicos e privados, a coisa deslanchou, está deslanchando.
É verdade que por trás da reclamação vocalizada pelos comentaristas aos berros tinha muito de exagero.
Dilma Rousseff conhece de há muito a manha empresarial, trata com eles nos setores chaves da economia, como os setores mineral, elétrico etc, desde que era ministra de Lula.
No governo, seguiu a sua linha de durona, porque, acima de tudo, está em jogo interesse e recurso público.
Agora, em relação aos aeroportos regionais, que ela pretende dinamizar, para dar impulso à aviação comercial, reserva pouco mais de R$ 1 bilhão para estimular investidores novos e antigos na área, a fim de tocar o programa nacional de aviação comercial.
Trata-se de integrar o país o mais rapidamente possível em sua transcontinentalidade, em meio ao aumento da renda média nacional, que levou a maioria da população a dispor de poder de compra para viajar de avião, tanto para fazer negócios, como para turismo etc.
É o dinamismo econômico dado pelo nacionalismo voltado para incrementar o mercado interno por intermédio da melhor distribuição da renda nacional, mediante valorização dos salários, corrigidos pela inflação, mais programas sociais distributivistas.
Tudo isso exige novo planejamento, nova visão do desenvolvimento, pois, afinal, 40 milhões de novos consumidores entraram no mercado.
Agora, veja, minha gente, a visão prática da coisa.
É lógico que se a presidenta está gastando cerca de R$ 1 bilhão para incrementar mais de 800 pequenos e médios aeroportos regionais pelo Brasil afora, o que isso vai significar?
Evidentemente, aceleração das atividades produtivas, pois estimulará espírito empreendedor do empresário, predispondo-o a correr o País de avião em busca de negócios.
Se os investimentos se realizam por conta do programa nacional de aviação civil, o resultado será mais renda, mais emprego, mais consumo, mais arrecadação, mais investimento.
O Globo, míope, só vê um lado da coisa, ou seja, do gasto, sem enxergar o do desenvolvimento contido na providência governamental.
O governo não está jogando dinheiro fora com quem já pode investir e em quem tem condições de começar novos investimentos na área da aviação civil.
O que recolherá em troca?
Arrecadação de impostos, para realizar mais investimentos.
Essa é a roda girante do sistema capitalista.
Ah, diz a burrice de O Globo: o governo deveria incentivar quem não tem condições, porque os que têm possibilidade de realizar investimentos somente ganharão mais com isso, prejudicando os outros que não têm capital de giro.
Mas, a ditadura militar não foi generosa com as Organizações Globo, botando grana no bolso dela, quando as condições eram de dificuldades para o grupo Marinho?
Nada mais anticapitalista que essa posição manifestada pela matéria de hoje o jornal carioca.
Ora, por que o empresário vai abrir picadas para chegar a locais longínquos, onde não existe rota aérea, sem que para tanto disponha de incentivos?
Pode fazer isso, mas porque fará de graça, se corre risco que não sabe no que vai dar lá na frente?
Só na cabeça do Globo haverá empresários que atuarão nesse sentido.
Os governos de todo o mundo abrem picadas para os empresários empreendedores, porque estão de olho no todo e não apenas na parte.
No todo, no desenvolvimento, na parte, só o interesse do empresário.
O que é o todo? O desenvolvimento, a integração, a arrecadação, o investimento público etc.
Assis Chateaubriant, nos anos de 1950, junto com o bilionário e playboy paulista, Baby Pignatari, abriram picadas na aviação comercial, estimulando uma geração inteira de novos pilotos.
Nos anos de 2014, os grandes empresários do setor de aviação , como acontece em todo o mundo, têm que investir muito, porque a margem de retorno não é lá aquela brastemp e a tendência é a concentração do negócio.
O Globo está alardeando possíveis escândalos, atuando como virgem assustada diante de um grande negócio.
Dilma Rousseff está fazendo a parte dela, ou seja, do governo, abrindo as picadas para os empreendedores irem adiante, os pequenos, os médios e os grandes, sabendo que, certamente, lá na frente, os grandes engolem os médios e os pequenos, como é da ordem capitalista oligopolista.
Não é assim que acontece na área da grande mídia?
Olha o Rio de Janeiro.
Há somente um grande jornal, O Globo, porque o resto acabou.
A presença dominante, em regime de oligopólio, do poder midiático global, na grande metrópole, representa processo de emburrecimento público, ou seja, é contra o interesse público, que fica sem opção.
Desde que o Jornal do Brasil quebrou, o Rio de Janeiro sofre essa defasagem de inteligência por falta de concorrência.
Fica O Globo falando sozinho, impondo seu ponto de vista equivocado, que vai contra suas próprias tendências.
Dizer, como faz na matéria dessa terça feira, que a aviação civil, com investimentos estimulados pelo governo, vai promover concentração, é não reconhecer que O Globo caminhou, como meio de comunicação na mesma direção.
Foi ruim para O Globo?
Não foi, né?
O Globo, em regime de oligopólio midiático, está emburrecendo a população.
- Cesar Fonseca