Em 2009, o Ministério Público tomou conhecimento de três documentos que foram fundamentais para o início das investigações em São Paulo
São Paulo - Apesar de tucanos terem tentado intimidar os responsáveis pelas investigações e desacreditar o que tem sido divulgado sobre o esquema de corrupção que teria funcionado durante os governos Covas, Alckmin e Serra, os documentos que deram início às investigações estão de posse do Ministério Público desde 2009.
Apesar de os documentos e o grosso da investigação só terem vindo à tona agora, o certo é que elas já existem desde 2009, quando o Ministério Público tomou conhecimento de três documentos que foram fundamentais para o início das investigações, segundo informações veiculadas na Folha de S.Paulo desta quinta-feira (28). Um desses documentos chegou a ser divulgado em 2009 mesmo, pela revista Carta Capital.
Isso derruba a tese de tucanos enfurecidos de que as informações têm sido forjadas e usadas como forma de criar uma cortina de fumaça de modo a tirar o foco das repercussões sobre a Ação Penal 470, do mensalão. A tática do PSDB para rebater as acusações que envolvem, além de três governadores, uma série de tucanos do alto escalão e seus aliados, foi a de desacreditar os denunciantes e as provas produzidas pelas próprias empresas envolvidas, além de questionar os procedimentos adotados pelo Ministério da Justiça e pelo deputado Simão Pedro, que recebeu denúncias em 2010 e 2011, e as enviou o Ministério da Justiça e ao Ministério Público.
Em nota divulgada quarta-feira (27), o PT, partido de Simão Pedro, defendeu o deputado das acusações tucanas, afirmando que ele “atuou de maneira irretocável ao encaminhar o pedido de investigação ao Ministro da Justiça”.
Como já foi divulgado aqui na Carta Maior, a Siemens, entre outras empresas envolvidas no cartel das licitações de trens de São Paulo, firmou em maio um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), comprometendo-se a colaborar com as investigações sobre o cartel. Desde então, o que as investigações apontam, em grande parte em função das provas apresentadas pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, é o envolvimento de diversos membros de sucessivos governos tucanos, entre os quais o homem-forte do governo Alckmin, chefe da Casa Civil, o deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB).
Alguns dos envolvidos diretamente mencionados nos documentos apresentados até aqui são o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o secretário estadual de Energia José Aníbal, que é deputado pelo PSDB de São Paulo, Jurandir Fernandes, secretário de Transportes Metropolitanos, Rodrigo Garcia, secretário de Desenvolvimento Econômico, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), aliado dos tucanos de longa data, entre outros.
Segundo o que já foi apresentado pelo ex-executivo da Siemens, “há uma série de documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM. (...) Trata-se de um esquema de corrupção de grandes proporções, porque envolve as maiores empresas multinacionais do ramo ferroviário como Alstom, Bombardier, Siemens e Caterpillar e os governos do Estado de São Paulo e do Distrito Federal”.