Bruna, Helena e Luísa.
Filhas da bela Isabela e do dengoso Marcos.
Três irmãs com pouca diferença de idade entre elas.
Companheiras, desde muito cedo aprenderam a tudo compartilhar.
O primeiro foi o aconchegante berço.
A rigidez da mãe sempre se contrapunha ao derretimento do apaixonado pai.
A previsão era clara para os novos entrantes na família.
Seria muito difícil.
A primogênita sempre foi muito dedicada aos estudos.
Pouco sisuda, sua beleza não costumava aflorar.
Isto, certamente, ajudava a afastar pretendentes.
Deixando seu pai feliz. Sic...
A filha do meio, o sorriso da família.
Meiga e cheia de vivacidade, sempre foi a mais cortejada.
Isto a fazia cheia de si.
Já a caçula, a despojada.
Desencanada sempre pareceu ser a mais desligada.
Raso engano, sua atenção era mordaz.
Família feliz, mas aquele dia foi especial.
Uma alegria única quando toda a família notou a chegada de um belo ramalhete de flores endereçado para a filha mais velha, Bruna.
Algo inédito.
Assim que ela chegou, o brilho em seus olhos deixavam claro que o amor, enfim se alojara em seu coração.
Sua timidez foi respeitada, assim como os suspiros.
Pouco se falou sobre o pretendente.
Assim que a festa pelo momento se desfez, a filha do meio, Helena, se dirigiu a mãe e perguntou: “Será que agora poderei receber as flores que ficam se acumulando lá na portaria sem que eu possa traze-las aqui para cima?”
Com olhos úmidos, a mãe se limitou a falar: “Era tão importante para sua irmã receber flores antes de você. Toda noite, desde criança, não é raro ela vir a minha cama para falar o quanto gostaria de ter a sua beleza. Ela tinha para si, a certeza, que jamais receberia coisa alguma de alguém. Vivamos este momento intensamente dela e que agora todos sejamos, ainda mais, de nós todos. Minha filha amada, me perdoe por ter te limitado.”
Com aperto no coração e meio com ar de certo arrependimento, Helena se dirigiu ao quarto da apaixonada irmã mais velha e com voz entusiasmada a perguntou: “Como você está sentindo ao receber flores de alguém? Estou tão feliz por vocês que mal vejo a hora de viver este momento. Quem sabe um dia.”
Abraçadas as duas começaram a trocar, animadamente, seus segredos de coração.
Testemunha dos fato e com ar meio sonso, a caçula logo chegou ao quarto e com um humor muito próprio foi logo falando: “Ai meu Deus, só posso ter sido adotada, o dia que alguém me mandar flores, coitado dele por me fazer passar tanta vergonha.”
Ah família, só você para nos dar de presente oportunidades tão unicas de vida.