A edição 2007 do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social vai premiar com R$ 400 mil tecnologias sociais que resolvam questões relativas à água, alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, renda e saúde. As inscrições para o Prêmio, que podem ser realizadas até 15 de junho, estão abertas às empresas públicas, governos municipais e estaduais, instituições de educação, institutos e organizações não governamentais (ONGs).
A quarta edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social é realizada em parceria com a Petrobras, com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e a KPMG Auditores Independentes.
A premiação foi criada para identificar e difundir tecnologias sociais. O conceito compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade, que representem soluções efetivas de transformação social. Somente serão certificadas e concorrerão às premiações, tecnologias sociais já implementadas, com resultados comprovados e sem fins comerciais.
Etapas – A edição de 2007 do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social concederá oito premiações, das quais cinco para a categoria “Região” – um para cada região geográfica do país –, um para a categoria “Aproveitamento/tratamento de rejeitos/resíduos/efluentes de processos produtivos”, um para a categoria “Direitos da Criança e Adolescente” e um para a categoria “Gestão de Recursos Hídricos”.
O Prêmio é dividido em três etapas. Todas as inscrições participam da primeira, a certificação. As certificadas, além de concorrer à etapa seguinte, de seleção, integram o Banco de Tecnologias Sociais e recebem o Certificado de Tecnologia Social conferido pela Fundação Banco do Brasil, Unesco e Petrobras.
Na etapa de seleção, após análises de mérito, efetividade e resultado, as três tecnologias com maior pontuação, por categoria, vão ao julgamento final e recebem o troféu “Finalista do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social – edição 2007”.
As tecnologias finalistas selecionadas na etapa anterior serão analisadas segundo novos critérios: inovação, exemplaridade , transformação social e potencial de reaplicabilidade. A que obtiver a maior pontuação média, em cada categoria, será declarada vencedora. As oito instituições responsáveis pelas tecnologias sociais vencedoras vão receber R$ 50 mil, cada, para utilizar em atividades de expansão, aperfeiçoamento ou reaplicação da tecnologia social vencedora.
Banco de idéias – As tecnologias sociais, após certificadas, passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação Banco do Brasil, uma base de dados on-line disponível na internet no endereço www.fundacaobancodobrasil.org.br . O BTS, principal instrumento utilizado pela Fundação BB para disseminar e fomentar a reaplicação de tecnologias sociais, organiza as informações das tecnologias e das instituições que as desenvolveram.
Exemplos de tecnologias sociais são o manejo comunitário de camarão de água doce e as cisternas de placas.
Na região norte do país, o Programa de Manejo Comunitário de Camarão de Água Doce substitui a pesca predatória por técnicas que permitem o exercício dessa atividade de forma sustentável. Pescadores ligados à Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas criaram uma armadilha em forma cilíndrica, de fibras vegetais e confeccionada pela própria comunidade, com espaço para a saída dos camarões pequenos, que, na pesca predatória, são mortos e não aproveitados. Com parceria da Fundação BB e da Petrobras, a tecnologia está sendo reaplicada em sete comunidades, em dois municípios, Gurupá e Breves, na Ilha do Marajó, Pará, envolvendo 155 famílias.
Para aliviar o problema da água do semi-árido brasileiro, o Programa 1 Milhão de Cisternas foi criado pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), em 1999. Com capacidade para 16 mil litros, cada uma das cisternas abastece uma família de cinco pessoas por até oito meses, melhorando a qualidade de vida nas comunidades. Representa a independência dos carros-pipa, o fim das caminhadas em busca de água, a diminuição de doenças e a geração de emprego e renda. A tecnologia de Cisterna de Placas Pré-Moldadas foi finalista do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social na edição de 2001.
Transformação social – Outra tecnologia social, a barraginha, recupera solos degradados pelas enxurradas, revitalizando mananciais, rios e córregos. Consiste na construção de barraginhas contentoras de enxurradas. Mais de 6 mil unidades dessas unidades estão sendo reaplicadas pela Fundação BB, em diversos municípios de Minas Gerais e no Piauí, em parcerias com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Milho e Sorgo/MG) e instituições locais.
A experiência de saneamento básico rural substitui as fossas negras das propriedades do campo – responsáveis pela disseminação de doenças causadas por coliformes fecais – por fossas sépticas biodigestoras, que tratam o dejeto humano. O projeto é composto por três caixas d´água de mil litros cada, conectadas por conexões de PVC e ligadas ao encanamento do vaso sanitário. A Fundação BB está reaplicando a tecnologia na região do entorno do Distrito Federal junto a 1.038 famílias, em assentamentos da reforma agrária, em parceria com a Embrapa de São Carlos (SP).
Outros exemplos de tecnologias sociais integrantes do BTS são a redução do impacto ambiental e geração de renda através do uso de dessalinização, que reaproveita o rejeito de dessalinizadores no semi-árido brasileiro na criação de tilápias e na cultura da erva-sal, e o Banco Palmas, projeto que está sendo reaplicado pela Petrobras em dois municípios do Ceará, combatendo a pobreza e o desemprego, a partir de uma rede de economia solidária na comunidade, inclusive com a criação de uma moeda social e um cartão de crédito. O Café com Floresta, que cria suficiência alimentar e biodiversidade ecológica em assentamentos da reforma agrária no Pontal do Paranapanema, e os tatames especiais para pessoas portadoras de deficiências Múltiplas, destinados a reduzir as dificuldades em lidar com pacientes que usam cadeira de rodas, são outros exemplos de tecnologias sociais certificadas pelo Prêmio.