Gabrielli participou do debate “Como o pré-sal pode contribuir para a sustentabilidade” e mostrou o quanto o Brasil está à frente do resto do mundo em relação à renovabilidade de sua matriz energética. “Enquanto o mundo ainda usa 87% de energias fósseis, a matriz brasileira já usa 46% de energias vindas de fontes renováveis”, disse o presidente da Petrobras. Ele explicou que, nos próximos 20 anos, a empresa deverá dobrar a oferta de petróleo no Brasil, o que significará grandes investimentos em infraestrutura e equipamentos para prospecção, transporte e refino de petróleo, o que vai gerar um importante movimento na economia do País, uma vez que é opção da empresa que 65% de todos as compras para suprir estas necessidades sejam feitas no Brasil.
Uma das preocupações dos jornalistas e da plateia foi o aumento das emissões de gases-estufa, tanto pelo uso como pela exploração dos 4,5 bilhões de barris que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) diz ser o potencial das novas reservas. Gabrielli explicou que a Petrobras está trabalhando para neutralizar as emissões de parte deste processo com a injeção de CO2 nos poços para aumentar a pressão e facilitar a exploração de óleo e gás. No entanto, alertou que as questões relacionadas ao uso desta energia devem ser respondidas pela sociedade, que tem um modo de vida com uso intensivo de petróleo e que ainda não conseguiu desenvolver alternativas capazes de substituir plenamente esta matéria-prima. “A Petrobras produz petróleo, não é responsável pela demanda”, explicou.
Outra questão importante é o uso das riquezas geradas pela exploração das reservas do pré-sal. Para ele, estes recursos devem ser utilizados em investimentos em educação, saúde, ciência e tecnologia e não devem ser utilizados para o pagamento de despesas correntes do governo. “É um recurso finito, deve ser utilizado para elevar o patamar de desenvolvimento do Brasil”, disse. Perguntado sobre a qualidade dos combustíveis oferecidos ao mercado nacional, Gabrielli explicou que a empresa está investindo US$ 13,2 bilhões até 2013 para atender às especificações de qualidade de seus produtos. Mas lembrou que a qualidade do combustível é apenas uma parte do problema da poluição urbana e da emissão de particulados. “Em torno de 44% da frota de carga circulante no Brasil tem mais de 20 anos e um motor antigo polui cerca de dez vezes mais do que um novo”, explicou.
O debate com Gabrielli estabeleceu as bases de um novo diálogo sobre o uso de petróleo e a sustentabilidade no Brasil. Ele conta que a empresa é uma das maiores apoiadoras de projetos sociais, ambientais e culturais no País. No entanto, é uma empresa que produz petróleo e que, apesar de todos os investimentos que realiza na pesquisa e produção de energias alternativas, não vê como a sociedade possa prescindir nem desta energia, nem das riquezas que os novos campos vão proporcionar. “A questão da sustentabilidade não passa apenas pela produção, mas tem uma vertente fundamental nos usos que a sociedade faz desta energia”, explica.
(Envolverde/Instituto Ethos)