A sustentabilidade de um grande empreendimento requer o desenvolvimento equilibrado das comunidades que recebem o impacto desse investimento. Esse foi o tema da palestra Capital Social e Desenvolvimento Sustentável , apresentada nesta quarta-feira (25/04) pelo gerente de Relacionamento da Petrobras, Gilberto Puig Maldonado, no segundo dia do Congresso Ibero-americano de Desenvolvimento Sustentável – Sustentável 2007, que termina nesta quinta-feira, em São Paulo.
Puig explicou o modelo de relacionamento com as comunidades que está
sendo aplicado aos 15 municípios da área de abrangência do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), sediado em Itaboraí e que tem
previsão de iniciar as operações em cinco anos. De acordo com ele, o
objetivo é preparar essas comunidades para tirarem proveito do
investimento, aumentando seu capital social.
A Petrobras está utilizando como ferramenta para atingir esse objetivo
o Programa De Olho no Ambiente, que usa a Agenda 21 como instrumento
para o relacionamento entre os diferentes públicos, como governos,
fornecedores, ONGs, entidades de classe, associações e comunidades.
"Um dos diferenciais dessa experiência é termos adotado a Agenda 21
como instrumento, porque ela permite, através dos fóruns
multissetoriais, monitorar a execução das ações da Agenda. Com esse
recurso estamos transformando em uma ação permanente o diálogo
socioambiental que seria feito normalmente para o licenciamento do
empreendimento", afirmou Puig.
Destaque para ações sustentáveis
Diversas ações desenvolvidas pela Petrobras em busca da
sustentabilidade para seus negócios ganharam destaque na cerimônia de
abertura do Sustentável 2007, na terça-feira. O presidente da Petrobras
e presidente de honra do evento, José Sergio Gabrielli de Azevedo, foi
representado por seu consultor José Carlos Vidal, que enfatizou o
investimento realizado em 2006 na área de sustentabilidade.
"A Petrobras reduziu as emissões para a atmosfera em 171 mil toneladas
de carbono equivalente, a partir de um sistema de gestão eficiente.
Além disso, estamos aproveitando fontes de energia renováveis, como a
biomassa e as energias eólica e solar e investimentos na construção de
três usinas para produzir biodiesel, propiciando ainda o
desenvolvimento social de áreas rurais, a partir do incentivo à
agricultura familiar. Outra iniciativa importante foi a aprovação do
Centro de Excelência Ambiental da Amazônia, que deverá ser inaugurado
em junho", disse Vidal.
Vidal destacou a importância da atuação da entidade que organiza o
evento, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), na sensibilização das empresas aos princípios e
práticas da sustentabilidade.
O presidente do CEBDS, Fernando Almeida, afirmou que o planeta vive a
falência dos serviços ambientais, como água limpa e ar limpo, pela
incapacidade dos modelos de negócios de mudar. De acordo com ele, é
preciso uma ruptura do modo de operar, pensar e consumir.
"Precisamos de lideranças, nos governos, nas ONGs e nas empresas, que
tenham capacidade para organizar essas mudanças, de forma radical,
pacífica e urgente", disse Almeida.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, chamou a atenção para o
desafio que é tornar a sustentabilidade uma prática cotidiana,
garantindo os direitos básicos da população.
"Temos uma importante parceria com a Petrobras em ações como a inspeção
de ônibus urbanos para a redução do consumo de combustíveis e da
emissão de gases causadores do efeito estufa", acrescentou.
Rios voadores
Na abertura do Sustentável 2007 também foi apresentada a próxima fase
do projeto Brasil das Águas, denominada Expedição Rios Voadores, em
alusão às correntes de ar que levam a umidade de Norte a Sul do Brasil
e são responsáveis por grande parte das chuvas do Sudeste e Sul do
país.
"Nesta fase do projeto queremos comprovar que o desmatamento da
floresta poderá reduzir o transporte de vapor d`água da Amazônia para o
Sul e o Sudeste do Brasil. A idéia é identificar e quantificar esse
fenômeno", explicou Gérard Moss.
O professor Enéas Salati, responsável científico pela expedição,
explicou que a Amazônia enfrenta dois expressivos problemas climáticos,
dos quais ainda pouco se conhece. Um deles é o desmatamento, que
impacta diretamente na flora e fauna. O outro, a mudança climática
global, causada pela emissão de gases de efeito estufa, queima de
carvão e queimadas, entre outros fatores.
"Nesses dois anos de trabalho, pretendemos avaliar o impacto de 30 anos
de desmatamento na Amazônia, que já reduziram sua área em cerca de 600
mil km quadrados, equivalentes ao território da França", afirma Salati.