Por onde sangra a Petrobras

A Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), em matéria publicada, recentemente, em seu jornal, faz quase que um “inventário” da situação financeira da maior companhia petrolífera brasileira, e alerta que as dificuldades financeiras da empresa estão crescendo porque “o governo insiste em deixar sobre os ombros da companhia a tarefa de subsidiar a gasolina para atender as empresas concorrentes”.
A entidade contabiliza que, entre 2005 e 2012, segundo dados obtidos com base nos resultados trimestrais publicados no site da companhia, as refinarias da companhia tiveram uma receita de mais de R$ 1 trilhão com venda de combustíveis e derivados, mas não tiveram lucro. “O setor de abastecimento da companhia fechou o período com um prejuízo de mais de R$ 32 bilhões.”
A Aepet afirma que essas informações mostram que o lucro acumulado da estatal durante estes sete anos, que foi de mais de R$ 200 bilhões, teve que vir de outras áreas, principalmente da gerência de Exploração e Produção, responsável pela descoberta de petróleo na camada pré-sal. No ano de 2012, por exemplo, as refinarias da Petrobrás não contribuíram com nada para o lucro de R$ 21 bilhões e, devido à política de importação de derivados de petróleo imposta pelo governo, contabilizaram um prejuízo de quase R$ 10 bilhões.
E prossegue no diagnóstico: “Os reflexos dessa política de importação de petróleo estão aparecendo no valor de mercado da Petrobrás. Se as estimativas de uma empresa de consultoria estiverem corretas, a estatal brasileira perdeu mais R$ 40 bilhões em 2013. Numa comparação com os números já lançados nos balanços oficiais da companhia, é possível constatar uma queda de R$ 36 bilhões no valor de mercado em 2012.”
O presidente da associação, Silvio Sinedino, credita as dificuldades financeiras crescentes da Petrobrás ao governo, que insiste em deixar sobre os ombros da companhia a tarefa de subsidiar a gasolina para atender as empresas concorrentes. “Como se sabe, a partir da Lei 9478, a importação de derivados, dentre outras atividades, deixou de ser tarefa exclusivamente da Petrobrás. Então, por que a Petrobrás também é obrigada pelo governo petista a subsidiar os combustíveis repassados às demais distribuidoras como Shell, Esso, Repsol, Ultra, entre outras?”, questiona.
Já o vice-presidente da entidade, Fernando Siqueira, explica que as refinarias da Petrobras são responsáveis por menos da metade do preço final da gasolina, mas, mesmo assim, a companhia é obrigada a bancar todo o subsídio do preço do combustível. “Atualmente as refinarias da Petrobrás ficam com 35% da composição de preços do combustível. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos as refinarias têm uma fatia de 60% do valor. No nosso país, a carga tributária desempenha papel fundamental no preço da gasolina que chega às bombas nos postos”, critica.

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