Brasília - No Brasil, o desemprego entre jovens (de 15 a 29 anos), segundo dados de 2005, atinge 9% da população, índice menor que o da América Latina e do Caribe, hoje, onde essa parcela chega a 17% da juventude com idades entre 15 e 24 anos. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/2005 (Pnad), dos 50,5 milhões de brasileiros considerados jovens, 4,5 milhões, em 2005, estavam fora do mercado de trabalho.
O relatório
Juventude e Trabalho Decente na América Latina e no Caribe/2005, lançado nesta
terça-feira (04), em Santiago (Chile), pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT), mostra que, enquanto 48 milhões de jovens latino-americanos
trabalham, 10 milhões estão desempregados - outros 48 milhões são inativos (ou
seja, não trabalham nem procuram emprego).
Os dados do Brasil foram
apresentados hoje pelo secretário Nacional de Juventude, Beto Cury, em conversa
com jornalistas no Palácio do Planalto. De acordo com ele, no próximo dia 17, o
governo brasileiro vai se reunir com a OIT para discutir os dados do
relatório.
Segundo Cury, os 4,5 milhões de brasileiros que estão fora do
mercado de trabalho também não frequentam a escola e só têm o ensino
fundamental. E, do total de 50,5 milhões de jovens, apenas 18 milhões recebem
ensino, ou seja, 64% já não estudam. Na América Latina e no Caribe, dos 10
milhões de jovens desempregados, apenas 40% não deixaram o banco escolar. No
conjunto, mais da metade da juventude latina não estudam: são 57 milhões, ou 54%
do geral - número melhor que o brasileiro.
"O Brasil tem uma dívida com
os seus jovens. Ao longo de sua história, o país não olhou para a juventude do
ponto de vista da política pública. A partir de 2005, o governo federal tem
implementado programas, procurando assegurar oportunidades para os jovens. Esse
é o caminho correto para gerar a inclusão da juventude", frisou
Cury.
Segundo ele, "fortes" medidas estão sendo tomadas para a elevação
da escolaridade e da qualificação profissional. "Num mercado extremamente
competitivo, se os jovens não estiverem preparados, fica mais difícil conseguir
emprego. E, com a economia em crescimento, há uma forte demanda do mercado",
alertou.
O secretário Nacional de Juventude pontua que, no primeiro
mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o país gerou 4,7 milhões de
postos de trabalho com carteira assinada, sendo que, desse total, 4 milhões
foram para jovens entre 18 e 29 anos. Agora, na sua avaliação, esse número
poderia ser melhor se uma boa parcela da juventude não tivesse baixa
escolaridade, e nenhuma ou pequena qualificação profissional.
"Não é um
público atrativo. O mercado de trabalho hoje é muito exigente. É fundamental que
as três esferas - federal, estadual e municipal - façam a sua parte, ou seja,
pensem políticas públicas para os jovens para que as empresas possam ser
parceiras, recrutando boa parte da juventude", enfatiza Cury.
Nesta
quarta-feira (05), às 11 horas, o presidente Lula lança o ProJovem, um novo
programa unificado para a juventude para ampliar o atendimento aos que estão
fora da escola e excluídos dos cursos de formação profissional. "Com a
implementação do novo programa, vamos aumentar o atual atendimento que é de
cerca de 500 mil jovens. Trabalhamos para uma ampliação gradual, que pode chegar
a 4,2 milhões de vagas, em 2010. Portanto, a possibilidade de esse jovem ter
mais oportunidade será assegurada", conclui Cury.
Apesar de ter o mesmo nome
de um programa já existente, o novo ProJovem consiste, na verdade, na unificação
de várias políticas públicas.
Sobre a distinção entre a faixa etária
empregada pelo Brasil (15 a 29 anos) e pela ONU (15 a 24 anos) em suas
pesquisas, Cury explicou que cada país ou órgão internacional costuma adotar
índices diferentes. Ele citou os exemplos da Espanha, que usa o mesmo critério
brasileiro de idade para sua juventude, enquanto no Japão é de 15 a 35 anos.
(Envolverde/Agência Brasil)