Segundo as autoridades locais, nem mesmo a prefeitura do município e nem o governo do Estado da Bahia haviam autorizado a entrada do material radioativo no estado, somente a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) tinha conhecimento do transporte.
Para o deputado Dr. Aluizio, as regras para o transporte de cargas perigosas no território nacional são bastante claras e precisam ser respeitadas. Ele alerta que, desta vez, a mobilização da população de Caetité fez com que o país tomasse conhecimento da entrada irregular de 13 carretas carregadas com o material radioativo. Dr. Aluizio pede fiscalização e respeito aos cidadãos.
"Os moradores de Caetité desconheciam o transporte daquele material.
Queremos isso tudo esclarecido porque a CNEN e as autoridades envolvidas não respeitaram a população local. Enviaram as carretas sem informar aos ‘donos da casa' o que pretendiam despejar em seus terrenos", questionou Dr. Aluizio.
Ainda não há data para a realização da audiência pública, mas o Greenpeace avalia que o debate é uma importante vitória. Para o coordenador da campanha de energia da ONG, Ricardo Baitelo, debates como esse servem para levar informação à sociedade que não pode continuar sendo colocada em risco sem tomar conhecimento.
"Não é apenas o caso de Caetité, precisamos discutir a regulamentação do transporte de cargas desta natureza. Não dá para aceitar que a vida das pessoas seja posta em risco sem que elas saibam", disse Baitelo.
Dr. Aluízio já havia questionado os procedimentos de segurança em visita às instalações de Angra 1 e Angra 2 no mês passado. O parlamentar quer agora esclarecimentos do Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante e da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; sobre o episódio. Para debater o impasse em audiência, Dr. Aluízio convidou o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB); além do prefeito de Caetité e do Ministério Público Regional.
Em nota, a Indústria Nuclear Brasileira (INB) informou que as carretas transportavam 90 toneladas urânio, de propriedade da Marinha, com objetivo de criar um novo reservatório e retomar a capacidade de produção. O objetivo é encaminhar a produção até a Europa, onde o material será enriquecido para abastecer os reatores das usinas Angra
1 e Angra 2, no Rio de Janeiro.
Victor Velasco