Entrou no ar na segunda-feira (30/8), a Rádio Santa Marta, rádio comunitária do morro Santa Marta, em Botafogo, no Rio de Janeiro.
O objetivo da iniciativa, que no momento é comandada pelos moradores Emerson Claudio Nascimento dos Santos (MC Fiell), Luís Fernando (Lula) e Alan Barcelos, é fazer com que a comunidade fique ligada nas suas próprias notícias. Na programação musical, a ideia é tocar o que não se escuta nas rádios comerciais, como músicas de artistas da própria comunidade e manter uma diversidade de estilos.
A Rádio está instalada provisoriamente no espaço onde funciona o Coletivo Visão da Favela Brasil. Os equipamentos foram doados pelo músico Marcelo Yuca.
“Como não somos profissionais, estamos em fase de adaptação, aprendendo com a prática. Nosso objetivo é passar informações e um bom conteúdo”, conta o locutor Alan, que no primeiro dia de transmissão ainda estava nervoso, mas logo se acostumou e tomou gosto pelo trabalho.
Lula, que há muitos anos trabalha para instalar uma rádio comunitária no Santa Marta está muito feliz com o início das transmissões. “Neste começo estamos trabalhando muito. Muito mesmo. Mas é maravilhoso. Dá muita satisfação fazer esse trabalho. Esperamos que a comunidade se habitue a enviar críticas e sugestões e que a rádio seja a voz da comunidade”, declara.
Já no quarto dia de funcionamento da rádio, quando foi feita essa matéria, parece que isso já está acontecendo. No caminho do asfalto até a rádio, bares e casas sintonizadas na programação e muitas ligações de moradores pedindo músicas e mandando recados.
O jornalista, radialista e técnico em eletrônica Arthur William teve papel muito importante na criação da rádio. A rádio pega em todo o bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na FM 103,3, mas pode ser ouvida em todo o mundo pelo site www.radiosantamarta.com.br. Para pedir música e mandar recado é so ligar para o telefone da rádio: 3062-0662.
O estatuto da rádio está sendo construído para que a rádio possa ficar completamente legalizada e também será criado um conselho para avaliar a programação.
A rádio teve a primeira transmissão experimental durante uma aulas do curso Comunicadores Populares, do Núcelo Piratiniga de Comunicação. No dia, forma os próprios estudantes do curso que de forma coletiva, montaram a antena da rádio.
Na transmissão experimental, os estudantes aprenderam e emocionaram-se com a oportunidade de participar do projeto. Além disso, tomaram consciência de como um rádio pode desempenhar uma função social para e pela comunidade.
Compreenderam também o porque de tantas rádios serem perseguidas. Afinal, imagina esse poder de comunicação na mão de todos os trabalhadores, em cada periferia desse Brasil?
A rádio funciona das 8h às 0h. A programação é diversificada. Tem programa para as ciranças, o "Fala Zé" (papo de sambista), informe da associação de moradores, programação gospel, jornal de notícias.
Tem também o "Conexão Periferia", o "Recodar é viver", onde só toca funks antigos, além de muito charme, rock, forro, faixas de horários onde fica todo mundo junto e misturado, noticiário Latino Americano, e claro, "Nas Baladas", com muito Funk. Afinal, Funk é cultura do morro e carioquissíma!
Veja o vídeo do coordenador do Brasil, da Associação das Rádios Comunitárias, João Malerba, comentando sobre a perseguição das rádios comunitárias no Brasil. O vídeo foi gravado durante a primeira transmissão experimental da rádio, que ocorreu na aula do curso de Comunicadores Populares, do NPC.
www.youtube.com/watch?v=uLLU3caCEO4&feature=player_embedded
* Texto - jornalista Marina Schneider - NPC / Vídeo e Fotos Tatiana Lima
entraído de Vozes da Comunidade