Ao contrário das propagandas da Unimed, de instinto acolhedor reforçada pela frase: “O melhor plano de saúde é viver e o segundo melhor é a Unimed”, e do seu patrocínio propagandista a dois clubes cariocas de futebol (América e Fluminense), a empresa expõe sua fragilidade mercadológica quando recorre judicialmente contra o seu cliente, o músico Marcelo Yuka, a fim de cancelar o serviço Home Care, que lhe dá atendimento médico a domicílio. Argumentação da empresa: o músico é uma figura pública ativa e se desloca para ir a determinados eventos sociais.
Yuka ficou paraplégico e o com o braço esquerdo comprometido após ter levado tiros, na Tijuca, em 2000. Desde o episódio, o músico sofre com uma dor constante e exacerbada, que é controlada por medicamentos e monitorada por consultas médicas. Atualmente, Yuka se trata também com médicos fora do convênio e usufrui dos serviços da Unimed, essencialmente para o serviço Home Care, que prevê o auxilio de um enfermeiro cuidar de suas necessidades fisiológicas através de sonda e ministrar remédios com procedimentos específicos. Segundo seu relato, a perícia judicial que cancelou o seu benefício se baseou em matérias de jornais pelo fato de se locomover, sair de casa. Yuka, porém, alega que não possui aposentadoria, por isso precisa fazer algo para ganhar a vida, além da sua dedicação voluntária aos projetos sociais. “Basicamente eu vivo de direito autoral, algo que se paga cada vez menos e o que não é suficiente. Por conta disso eu não posso viver sem o apoio da enfermagem. Eu só faço minhas atividades com o apoio dos enfermeiros”, alegou o músico.
Segundo a advogada de Marcelo Yuka, Zilanda Claudino, ela entrará com um recurso contra decisão judicial pelo fato de ele pagar o plano mais caro da Unimed, que lhe dá direito ao que necessita. “O que está sendo pleiteado é um direito, não é favor da Unimed”, alegou. Esta já é a segunda vez que a advogada recorre a uma decisão judicial contra a suspensão do Home Care. Dois médicos do músico que não são conveniados à Unimed afirmam também que há a necessidade de manter o Home Care pelo fato da utilização de sonda, e também por conta do auxilio fisioterápico constante. Segundo um dos médicos, se o Home Care for retirado, Yuka sofrerá complicações e internações desnecessárias. A Unimed, procurada pelo Fazendo Media para dar esclarecimentos sobre o caso, afirmou que o músico não necessita de atendimento médico em domicilio – que só foi levado a cabo por decisão judicial, em 2000, após realização de perícia médica conduzida por profissional indicado pelo Tribunal de Justiça.
Legislação – Segundo a declaração da advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec – ao jornal Extra, Daniela Trettel, tratar os pacientes em domicilio é menos custoso do que em mantê-los uma unidade hospitalar. Desde o ano passado tramita no Senado o Projeto de Lei 455, que prevê uma mudança na Lei 9656/1998 com o objetivo de incluir assistência domiciliar nos planos de saúde.
Fonte:http://www.fazendomedia.com/?p=3753