A Revolta da Chibata

O De Lá Pra Cá comemora o centenário de um dos mais importantes conflitos do Brasil Republicano: a Revolta da Chibata. O motim, que ocorreu entre 22 e 27 de novembro de 1910, foi uma reação aos tratamentos impostos pela Marinha a seus marujos. Na época, a grande parte do corpo de marinheiros era composta por negros e mulatos. E eles eram submetidos a castigos físicos semelhantes ao tempo da escravidão.

Inspirados pela Revolta da Armada Imperial Russa, no Encouraçado Potemkin, um grupo de marinheiros se organizou, sob a liderança de João Cândido Felisberto, o “Almirante Negro”.

O estopim da rebelião foi a punição imposta ao marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes: 250 chibatadas, dez vezes mais do que o máximo permitido no regulamento. O fato ocorreu uma semana após da posse do presidente Hermes da Fonseca, que declarou que aceitaria as revindicações dos amotinados. No entanto, dias após a entrega das armas e das embarcações, a Marinha expulsou parte dos marinheiros. A anistia para João Cândido só veio em 2008.

Participam desta edição, o historiador Marco Morel, o cineasta Marcos Manhães que, em 2006 dirigiu o curta Memórias da Chibata; e o compositor João Bosco que, ao lado de Aldir Blanc, imortalizou a história de João Cândido Felisberto no samba-enredo Mestre-sala dos Mares. Também estarão no programa, o Almirante Bittencourt, oficial reformado pela Marinha Brasileira, e o jornalista Fernando Granato, autor do livro Negro da Chibata.

Revolta da Chibata - Depoimento de João Cândido ao jornalista Edmar Morel, primeiro livro a abordar este tema.

Trecho:

"Pensamos no dia 15 de novembro. Acontece que caiu forte temporal sobre a parada militar e o desfile naval. A marujada ficou cansada e muitos rapazes tiveram permissão para ir à terra. Ficou combinado, então, que a revolta seria entre 24 e 25. Mas o castigo de 250 chibatadas no Marcelino Rodrigues precipitou tudo. O Comitê Geral resolveu, por unanimidade, deflagrar o movimento no dia 22. O sinal seria a chamada da corneta das 22 horas. O "Minas Gerais", por ser muito grande, tinha todos os toques de comando repetidos na proa e popa. Naquela noite o clarim não pediria silêncio e sim combate. Cada um assumiu o seu posto e os oficiais de há muito já estavam presos em seus camarotes. Não houve afobação. Cada canhão ficou guarnecido por cinco marujos, com ordem de atirar para matar contra todo aquele que tentasse impedir o levante. Às 22h 50m, quando cessou a luta no convés, mandei disparar um tiro de canhão, sinal combinado para chamar à fala os navios comprometidos. Quem primeiro respondeu foi o "São Paulo", seguido do "Bahia". O "Deodoro", a princípio, ficou mudo. Ordenei que todos os holofotes iluminassem o Arsenal da Marinha, as praias e as fortalezas. Expedi um rádio para o Catete, informando que a Esquadra estava levantada para acabar com os castigos corporais".

A REVOLTA DA CHIBATA, do grande jornalista e pesquisador Edmar Morel (1912 — 1989), publicado em 1959. O Marco Morel aí envolvido [no programa da TV Brasil] deve ser filho ou neto do Edmar. Esse livro é execrado pelos MILICANALHAS da Marinha e foi colocado no "index" dos golpistas de 64. (Castor Filho, amigo do Edmar Morel nos áureos tempos do restaurante Lamas)

O De Lá pra Cá está em novo horário: domingo, às 18h. Reprise às segundas, 23h.

http://www.tvbrasil.org.br/delapraca/

http://www.youtube.com/watch?v=vqSiCuRhVCg

Elis Regina
Composição: João Bosco/Aldir Blanc

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então

Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias

Glória à farofa
à cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais

Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo


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