Já falo que jornal em papel é antiecológico há algum tempo e agora o doutor em computação pela Universidade de Kent (veja texto abaixo) Silvio Meira fez semelhante declaração para o respeitável site Comunique-se. E a repercussão está sendo ótima.
Não dá para insistir com impressos que utilizam quilos e quilos de papel para levar informação a uma ou poucas pessoas diante do avanço da comunicação digital que pode ser acessada por milhares ou milhões de pessoas, hoje, e enquanto estiver disponibilizada na rede. E o melhor ainda: grátis, já que ninguém quer pagar por informação diante de inestimável quantidade disponível e grande quantidade com qualidade.
Um jornal de grande capital no domingo pode pesar 2 quilos de papel, com muita propaganda desinteressante e tinta. Considerável problema de meio ambiente se levarmos em conta as matérias primas utilizadas – papel e tinta. O que não ocorre na mídia pela internet.
O paradigma mudou e há muito tempo. Empresas insistem, mas o tempo vai moldando o antigo modelo de negócio movido a papel. E não adianta também a mídia impressa querer manter os lucros do passado que foi em cima de monopólios e da restrição imposta pela distância. No impresso só quem podia ter acesso ao papel tinha a informação e o impresso só chegava até um determinado limite na cidade, na zona rural, no Estado ou no país. E no outro dia virava lixo e muito lixo de jornal até mesmo jogado pelas ruas. O que ainda acontece.
Outros países só recebiam a informação impressa de grandes veículos de comunicação dias depois quando a notícia estava velhinha, velhinha. Os pequenos jornais dificilmente chegavam a outras nações. E recuperar informações era uma dificuldade até para quem colecionava as principais matérias recortadas e coladas em mais uma folha de papel A4. Para ter acesso a elas os veículos cobravam caro pelas cópias diferentemente do que faz hoje, por exemplo, a Revista Veja que disponibiliza 40 anos de informação para quem quiser acessar seu acervo digital na internet.
Agora, a informação flui pelo Twitter enquanto piscamos uma vez os olhos ou em poucos minutos em sites de grandes veículos de comunicação ou um atualizado blog. Uma mensagem no Twitter de Barack Obama pode chegar a mais de 2,5 milhões de seguidores em menos de 1 segundo. E se todos não lerem alguém vai ver a informação que causa impacto e ela será repercutida na imprensa e conhecida pela massa pouco tempo depois.
Podemos até ver muitas imagens pelo You Tube bem antes de qualquer veículo de comunicação publicá-la. Como ocorreu com a divulgação de imagens de celular do asteroide que explodiu na Indonésia no dia 8 de outubro e já foi imediatamente para a internet. Só 20 dias depois a Nasa confirmou que era um asteroide. Na TV só saiu horas depois, no jornal impresso no outro dia pela manhã.
Veículos de comunicação impressa precisam encontrar mais formas de obter lucro e não mais serem ecologicamente insustentáveis. Mas também não é cobrando dos leitores que vão se manter como empresas bem-sucedidas. As propagandas rebocaram a mídia impressa durante décadas e devem continuar tendo importante participação.
Com a facilidade das comunicações digitais o leitor não se mostra nem um pouco interessado em pagar essa conta. A não ser que alguém apresente alguma magnífica nova fórmula de cobrar informação de internauta que tem todas informações “entrada franca” ao seu alcance com apenas alguns cliques ou um rápido download.
E os novos tempos são muito importantes para a democratização da informação. Viva a internet, os atuais e os novos meios de transferência de informação que devem ainda ser criados. Viva a era digital.
Matéria abaixo publicada pelo Site Comunique-se
Especialista diz que jornal impresso é modelo de negócio insustentável
IZABELA VASCONCELOS - Do Comunique-se
Em debate no 3º MediaOn, na quinta-feira, 29, Silvio Meira, professor de engenharia de software da Universidade Federal de Pernambuco e doutor em computação pela Universidade de Kent, na Inglaterra, defendeu que o jornal impresso como existe hoje é um modelo de negócio insustentável, seja pelo avanço das informações em tempo real ou por questões ecológicas.
“Não digo que o jornal vai acabar, mas o modelo de negócio irá acabar. Os jornais não vão existir na mesma proporção que existe hoje. É ecologicamente insustentável. Não dá mais para ficar disponibilizando conteúdo apenas no papel. As empresas têm de criar o seu DNA de adaptabilidade”, afirmou.
Meira deu um exemplo para ilustrar sua visão. “Não faz sentido uma pessoa enviar um Asahi Shimbun (maior jornal do Japão) para eu ler aqui. A pessoa que fizesse isso deveria levar uma multa”, criticou, em discussão mediada pelo editor-executivo do serviço mundial da BBC de Londres, Américo Martins.
O especialista debateu com André Mermelstein, diretor editorial da Converge Comunicações, responsável pela revista Tela Viva, que falou sobre TV 2.0 e da convergência de mídias. Segundo ele, “a convergência entre televisão e computador, sem fazer nenhum chute do futuro, é uma tendência inexorável”.
Mermelstein também disse que a TV Digital ainda não atende às reais necessidades das pessoas. “A TV digital ainda não é tão democrática como falam. Traz alguma interatividade, mas ainda está com um pé no modelo tradicional”. Para o jornalista, a web é o local onde a TV se transformará de verdade, com recursos muito mais interativos.
Wagner Oliveira é educador ambiental e jornalista - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.