Atleta de Jacareí representará o Brasil na Copa América de Bocha Adaptada

Com paralisia cerebral grave e movimentos apenas do pescoço para cima, Antônio Leme dedica-se há três anos ao esporte. Recentemente, ele conquistou o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro da modalidade. A competição internacional acontece entre os dias 24 e 29 de outubro em Montreal, no Canadá.
A cidade de Jacareí, localizada no Vale do Paraíba, a cerca de 70 km da capital paulista, terá um representante na seleção brasileira que competirá na Copa América de Bocha Adaptada. O atleta Antônio Leme, conhecido como Tó, é integrante da equipe de bocha adaptada para pessoa com deficiência de Jacareí e foi convidado pela Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande) para integrar a delegação do Brasil. A disputa ocorre em Montreal, no Canadá, entre os dias 24 e 29 de outubro.

Aos 44 anos, Tó joga há três anos pela modalidade BC3, categoria destinada a pessoas com paralisia cerebral severa. Ele se movimenta apenas do pescoço para cima e não fala, mas, mesmo assim, dedica-se aos estudos do esporte e trabalha como vendedor de doces nas ruas do centro da cidade, com ajuda de sua cadeira de rodas elétrica.

O convite para fazer parte da seleção brasileira de bocha adaptada, que contará com 11 esportistas, surgiu após o atleta conquistar a medalha de prata no Campeonato Regional de Bocha Adaptada, disputado em agosto na cidade de Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

Antes de embarcar para o Canadá, Tó disputou o Campeonato Brasileiro da modalidade em Curitiba (PR), entre os dias 16 e 20 de setembro, e conquistou o terceiro lugar.

O atleta é um dos jogadores mais antigos da equipe de bocha adaptada de Jacareí, formada por mais seis pessoas, com idades entre 35 e 45 anos. Desde que foi criado, há três anos, o grupo treina na sede da Associação Criança Especial de Pais Companheiros (Cepac), sob a supervisão de professores de educação física.

Bocha Adaptada

As primeiras competições do esporte no campo da deficiência aconteceram na Dinamarca, em 1982. O jogo consiste em lançar bolas adaptadas, fabricadas com areia e revestimento de pelica, que se adequam à empunhadura dos portadores de paralisia cerebral. Elas são construídas nas cores azul e vermelha e, durante o jogo, o atleta deverá ter como objetivo lançar seus bochas o mais próximo possível do alvo, que é a bola branca.

Na maioria dos casos, os atletas que o praticam têm os membros inferiores ou superiores comprometidos. Porém, eles precisam ter as funções cognitivas perfeitas para conseguir esquematizar as jogadas.

Para compensar a limitação dos movimentos, são utilizados equipamentos especiais que possibilitam os arremessos das bolas. Os atletas usam um capacete com uma haste de metal, que permite ao jogador dar impulso à bola, e uma calha, confeccionada de madeira, por onde a bola é direcionada ao alvo.

Durante os treinos e competições, os jogadores são auxiliados por professores ou técnicos. Porém, eles permanecem de costas para o alvo e de frente para o esportista, para evitar qualquer tipo de favorecimento nas jogadas.
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